No Irã, a Luta greco-romana é muito mais que um esporte. É cultural. Está no sangue! Desde pequeno, as crianças lutam dentro de casa. Começam por uma brincadeira e, geralmente, levam para a vida toda.

Hossein Alemi, 35 anos, começou igual a todos. Quando criança, passava a tarde toda se divertindo com os amigos. Colocar as costas dos colegas no chão tornou-se parte de sua rotina. Com o tempo, passou a se dedicar aos treinos. Sua adolescência foi marcada por diversos campeonatos. Tudo estava perfeito. Até que uma hérnia de disco interrompeu sua carreira promissora. Mas Hossein não desistiu do esporte.

Em 2004 decidiu virar treinador. Sua primeira experiência foi em sua cidade natal - Qon, a 156 km de Terãa. Nos treinamentos, ele conheceu seu fiel escudeiro - Roze Nasiri, 25 anos. O convívio dia após dia, conselhos e risos, passaram a fazer parte da rotina dos dois, até se tornarem fortes amigos.
Em 2011, Hossein recebeu uma boa oportunidade para trabalhar no Brasil. O treinador deixaria sua vida de técnico para se dedicar à exportação de carne. Seu destino foi a cidade de São Paulo. Após um ano no Brasil aprendeu a falar português mas ainda carrega o sotaque da língua nativa: o persa.

Procurou uma mesquita, no bairro do Brás, para rezar o culto de sua religião: O islã. Local que frequenta todas as sextas-feiras, pontualmente às 12h.
Também foi em busca de lugares para praticar a Luta Olímpica, sua maior paixão. E encontrou no Centro Olímpico uma forma de ficar mais próximo de seu país. Ao conhecer Lucimar Medeiros, professora da Luta Olímpica no COTP, Hossein passou a fazer parte dos treinos, dando dicas técnicas e mostrando sua experiência. “Como no Irã é um esporte tradicional, é muito bom pegar dicas de uma pessoa tão experiente como Hossein. Ele nos ajuda muito” ressalta, Lucimar.

No começo deste ano, trouxe seu melhor amigo para morar no Brasil. Reza Nasiri, que se adaptou facilmente e até arrumou uma namorada. Ele afirma que já se sente em casa: “Gosto muito de morar aqui”.
Com os sapatos personalizados para entrar na arena, bermuda que leva a frase “Clube do Irã”, Hossein e seu melhor amigo treinam todas as terças e quintas. Os dois rolam, lutam, e se encaram. A “brincadeira” da época de menino continua sendo praticada. A tradição Iraniana continua sendo mantida aqui, na arena do COTP.

 

Texto: Willian Barbosa - wpsbarbosa@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: 

Guilherme Guidetti - gguidetti@prefeitura.sp.gov.br

Leandro Olovics - laoalves@prefeitura.sp.gov.br 

Arquivo Pessoal/Hossein Alemi

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