A noite dessa terça-feira, 16, foi uma das mais frias do ano na cidade de São Paulo. Os termômetros marcavam 11° C na região de Santo Amaro, zona sul, quando as primeiras pessoas em situação de rua chegavam para passar a noite em um centro esportivo da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME). O clube é um dos quatro disponibilizados pela pasta para reforçar a Operação Temperaturas Baixas, junto com o Lapa, o Santana e o Tietê. Ao todo, são 200 vagas.
A força-tarefa é feita em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). Além da cama com lençol, travesseiro e cobertor, os contemplados pela ação têm direito a sabonete e toalha para banho, além de um kit lanche com sanduíche, barras de cereais, fruta e suco. A equipe de plantão também serve refrigerante aos hóspedes abrigados na sala de capoeira do clube municipal.
Fernando, morador de rua desde janeiro deste ano, é um dos alunos da turma do professor Tigrão no clube. Habituado a frequentar a sala para jogar a modalidade, ele se sentiu em casa. "Eu pratico há oito anos aqui", relata. A maior culpada pela sua atual situação é a bebida, segundo o mesmo.
Drogas, ilícitas ou não, são problemas comuns para pessoas que vivem em situação de rua e, por vezes, parte do motivo por estarem nessa condição. Mas não é a única razão. Dentre as várias histórias encontradas no abrigo montado, a de José, 25, desperta atenção. Essa noite no centro esportivo de Santo Amaro seria a sua sexta sem ter lugar para dormir. O jovem teve que sair da casa que morava de aluguel após sua mãe morrer aos 42 anos devido a complicações de um AVC. Sem se deixar abalar, José mostra que tem todos os documentos em ordem e diz seguir "na correria para alugar uma casa no Grajaú", local onde morava com sua mãe.
Durante as próximas noites, sempre a partir das 20h, o clube abrirá suas portas para essas pessoas ocuparem as 50 vagas disponíveis no clube, garantindo uma melhor (e mais quente) noite de sono. O Pelezão, na Lapa, tem mais 70 vagas, além do Centro Esportivo Tietê e do Santana, com 50 vagas cada.
Apoio da população
A população também pode ajudar as pessoas em situação de rua solicitando uma abordagem social por meio da CPAS, que funciona 24 horas por dia, e pode ser acionada pela Central 156.
A solicitação de abordagem pode ser anônima, mas é importante ter as seguintes informações para facilitar a identificação:
- O endereço da via em que a pessoa em situação de rua está (o número pode ser aproximado);
- Citar pontos de referência;
- Características físicas e detalhes de como a pessoa a ser abordada está vestida.
Texto e fotos: Guilherme Guidetti - gguidetti@prefeitura.sp.gov.br
![Pessoas em situação de rua fazem cadastramento para passar a noite no centro esportivo Joerg Bruder.](https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/dsc_4336_1563328341.jpg)