Nos 70 anos e 51 dias em que se realizam partidas de futebol em suas dependências, a de hoje, entre Santos e Peñarol é a mais importante do Estádio do Pacaembu. Há nove anos, em 2002, São Caetano e Olimpia, do Paraguai, também jogaram a final da Libertadores em seu campo – esta foi, até então, a partida de maior expressão. A de hoje é mais expressiva por envolver um time de tradição internacional, que já foi sinônimo de Pelé e hoje é sinônimo de Neymar.

Vargas vaiado A festa de inauguração do estádio, a 27 de abril de 1940, foi um fiasco. Durante o desfile, em carro aberto, ao lado do prefeito Prestes Maia e do governador-interventor Adhemar de Barros, o ditador Getúlio Vargas recebeu uma sonora vaia dos 60 mil paulistas presentes. Embora estivessem felizes com a inauguração, não esqueceram de 1932, quando lutaram pela Constituição e contra Vargas. A torcida, na época, sabia distinguir política de futebol. Vargas deve ter pensado: esses paulistas são uns ingratos.

O “crime” do Tobogã No dia da vaia a Getúlio não houve jogo. Somente no dia seguinte – a convite da prefeitura de São Paulo - o Palestra Itália (hoje Palmeiras) disputou a primeira partida do estádio do Pacaembu, contra o Coritiba Foot Ball Club. A segunda partida, no mesmo 28 de abril, opôs o Sport Club Corinthians Paulista e o Clube Atlético Mineiro.

Durante a gestão de Paulo Maluf na prefeitura de São Paulo, a concha acústica foi demolida e no seu lugar construído o "Tobogã", uma arquibancada com capacidade para dez mil pessoas, que, por um lado, aumentou a capacidade para 70 mil pessoas e, por outro, criou um monstrengo arquitetônico que não combina com o desenho original do estádio. Foi um verdadeiro crime contra o bom gosto. Atualmente, a capacidade é de 37.952 pessoas, de acordo com o Cadastro Nacional de Estádios de Futebol (CNEF) editado pela CBF em 15/09/2009.

“A” goleada Não que o estádio tenha encolhido. É que até os anos 60, 70 - como se pode ver por fotos da época – cabiam 70 mil pessoas espremidas, sentadas no chão, ocupando qualquer espaço, até nas marquises. Não vigoravam as normas de segurança hoje obrigatórias.

A maior goleada do estádio também é dos primórdios, como a indicar que com o passar do tempo os gols foram minguando: em 1945, quando o São Paulo Futebol Clube venceu o Jabaquara por 12 x 1.

Os dois grandes rivais têm recordes e história no estádio: o Corinthians é o time que mais atuou e o Palmeiras, o que foi mais vezes campeão. O Palmeiras foi, também, o primeiro dos grandes a ganhar no Pacaembu a Taça Cidade de São Paulo, em 1940. No mesmo ano, venceu o Campeonato Paulista, em partida decisiva contra o São Paulo.

Hoje o Santos também pode fazer história: sagrar-se o primeiro campeão brasileiro da Libertadores do estádio do Pacaembu.