Itaquera não fica longe; a isenção fiscal é mixa e agora não há mais motivo para a abertura da Copa do Mundo não ser em São Paulo

No evento em que foi dado o pontapé inicial da construção do Itaquerão, o governador Geraldo Alckmin, o prefeito Gilberto Kassab, o Secretário Especial da Copa do Mundo, Gilmar Tadeu e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez concordaram num ponto: o jogo de abertura da Copa do Mundo 2014 será mesmo em São Paulo. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, ficou no “pode ser em São Paulo”, mas sinalizou que está mais para nossa cidade ao confessar:
“Eu já vi até agora muitas cerimônias de início de construção dos estádios da Copa, em diversas sedes. Embora esta seja uma abertura simbólica, pois as obras já estão em andamento, eu não vi em lugar nenhum o entusiasmo da comunidade como este do povo da Zona Leste.” Ele também afirmou que todos os estádios de abertura da Copa do Mundo, nos outros países, foram erguidos nas periferias das cidades.

O governador Alckmin lembrou que São Paulo merece receber a abertura, entre outros motivos, porque o futebol no Brasil começou aqui, através do pioneiro Charles Miller. O prefeito Kassab revelou que sediar o jogo de abertura do “maior evento do mundo” trará aos cofres de São Paulo algo em torno de 1,5 bilhões de reais. Ou seja, mais de três vezes o valor da isenção fiscal – de 400 milhões de reais - assinada por Kassab. Ele justificou o número com base no que São Paulo como um todo arrecada com a corrida de Fórmula-1, em torno de 150 milhões de reais.

Quem compareceu ao evento constatou que Itaquera não fica tão longe assim do centro da cidade. O percurso, com início no bairro de Higienópolis não leva, de automóvel, mais de 40 minutos pela Radial Leste. As outras opções de acesso são estações de trem e de metrô situadas a menos de 1 quilômetro do novo estádio.

A festa foi empolgante. Integrantes de escolas de samba – Vai-Vai e Leandro de Itaquera – torcedores da Gaviões da Fiel, o incrível e popular padre Rosalvino, cujos trajes, que lembram mais os de um médico, chamam atenção, e a população de Itaquera vibraram com os discursos. Os operários do canteiro de obras, no entanto, não pararam de trabalhar um minuto sequer. O ritmo da construção e o grande número de máquinas não deixam mentir: o estádio será entregue no prazo.

A Zona Leste, cuja população já equivale à do Uruguai tende a crescer ainda mais daqui para a frente, não só devido ao estádio, como também ao complexo – com escolas técnicas, rodoviária e outros equipamentos – que o governo do Estado já está construindo nas proximidades.
O presidente do Corinthians Andrés Sanchez ficou tão emocionado que perguntou ao prefeito se podia ficar com o original da lei de isenção fiscal, a fim de guardá-la no museu do clube.
É claro que não podia.