Sumô no Brasil pode ser praticado por homens e mulheres

Treinos mistos da modalidade são oferecidos no Ginásio na região central de São Paulo

Na imagem, atletas de sumô treinam no Ginásio Municipal Mie Nishi.

O sumô é um esporte de origem japonesa no qual dois lutadores se enfrentam em um ringue de forma circular, feito de terra. O objetivo da luta é derrubar o adversário ou empurrá-lo para fora do círculo.

A modalidade chegou ao Brasil através de imigrantes japoneses no início do século XX, e o primeiro campeonato disputado aconteceu no interior de São Paulo, em 1914. No ano de 1962 foi criada a Federação Paulista de Sumô, mas só em 1998 a Federação Brasileira entrou em vigor.

Diferente do país de origem, onde o esporte somente pratica a categoria profissional que só permite homens, no Brasil e no resto do Mundo, existe a categoria amadora, que pode ser praticada também por mulheres. Os atletas de sumô usam o Mawashi, que é um tecido que cobre as partes íntimas onde são exclusivamente aplicados os golpes. Os homens usam somente isso durante a luta, enquanto as mulheres usam por cima da roupa.

O complexo do Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi, localizado no bairro do Bom Retiro, na região central da capital paulista, é administrado pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) e oferece treinos gratuitos para todas as idades, jogos e competições de sumô.

O esporte em questão sofre de um grande estereótipo, de que o sumô é apenas para homens, e homens acima do peso. No Ginásio Municipal do Mie Nishi, a presença feminina é forte. Mulheres treinam todas as semanas, e algumas participam de campeonatos nacionais e internacionais.

Fernanda Rojas, 43, pratica sumô há mais de 10 anos. Começou por influência de amigos do judô, modalidade na qual já praticava antes. Já participou de inúmeros campeonatos em sua carreira, foi campeã brasileira e sul-americana, e ainda sonha com um pódio em mundial. Ela conta os desafios que a mulher enfrenta dentro do esporte. “As pessoas só conhecem o que é passado na televisão, diante do que o Japão apresenta para o mundo… No esporte amador aqui no Brasil, não divide o masculino do feminino, mas nós sabemos que existem centros internacionais que se a gente quisesse treinar, não poderíamos. Por ser uma academia exclusiva para homens, não dá para treinar misto.”

Outra multimedalhista da modalidade é Luciana Montgomery, 36. Assim como Fernanda, ela também começou a praticar o sumô depois de treinar o judô. Já em sua adolescência, começou a participar de campeonatos, e hoje já tem uma carreira cheia de conquistas: 16 vezes campeã brasileira, sete vezes campeã sul-americana, cinco pódios em mundiais, e dois em World Games.

Ambas as atletas estão se preparando para conseguirem se classificar e competir no The World Games esse ano, que acontecerá em Birmingham, nos Estados Unidos. Esse evento acontece a cada quatro anos, e inclui todos os esportes que não são considerados olímpicos. Devido a isso, tem grande importância entre as atletas de sumô.

Luciana também fala a respeito dos rótulos impostos à modalidade. “As pessoas ainda têm muito preconceito com o esporte porque primeiro imaginam um homem gordo, pelado, que usa fraldas. Então a gente tem que quebrar todos os paradigmas, falar que existe o sumô amador que é outra categoria, e que as mulheres participam.”

Além disso, a atleta sonha com o reconhecimento e crescimento do sumô no país, e a redução dos estereótipos sofridos. “Eu tenho um projeto chamado Lutas como forma de educação, e ensino sumô para crianças em escolas municipais. Assim a gente vai quebrando essas ideias, ensinando a cultura do sumô que é diferente… eu tenho a expectativa de fazer o sumô crescer no Brasil, de ter mais respeito com o esporte, que as crianças aprendam, porque é um esporte muito legal e faz bem para a vida”, afirma.

O sumô é um esporte que trás vários benefícios para quem o pratica. Luciana, como veterana no esporte, cita melhoramentos que o sumô trás para os atletas, não só corporal, como mental. “O sumô melhora tudo, a saúde física, a parte cognitiva, a parte emocional, onde as pessoas aprendem a se colocar. Eu vejo as crianças que são tímidas, quando eu as ensino, que elas aprendem a se colocar.”

Marisol Nakabayashi, 32, começou a treinar o esporte em novembro de 2021, após conhecer o Ginásio de sumô no Mie Nishi. A novata diz que já praticou diversos esportes durante a sua vida, mas que o sumô é diferente de todos os outros. “O sumô se destaca por exigir um pouco mais de coragem que os demais esportes, ele pede para que você tenha a iniciativa, e isso é levado para a vida. Você encontra a coragem de lutar, encarar o seu oponente e os desafios.”

Cristiane Shimoda, 36, também começou a treinar no Mie Nishi no ano passado. Ela conta que só conhecia o sumô pela televisão, e ao descobrir os treinos no Bom Retiro, decidiu participar. A atleta diz que o esporte em questão, a trouxe muita disposição. “Eu sinto que meu corpo está diferente. Eu vejo que é um esporte para todas as idades, e quero continuar treinando”.

Na imagem, atletas mulheres de sumô treinam no Ginásio Municipal Mie Nishi.

 

Para os interessados em conhecer a modalidade, os treinos acontecem todos os domingos, a partir das 9h e são abertos ao público, tanto para assistir, como para participar.


SERVIÇO:
Estádio Municipal de Beisebol Mie Nishi
Endereço: Av. Presidente Castelo Branco, 5446 – Bom Retiro – São Paulo – CEP 01142-200
Telefone: 3221-5105
Funcionamento: Segunda a sexta feira: 7h às 22h / Finais de semana e feriados: 8h às 18h

 

Texto e Imagens: Giovanna Gravina - ggravina@prefeitura.sp.gov.br