Gislene e a luta pelo bem-estar e saúde da 3ª Idade no C. E. Ibirapuera

Nossa entrevistada do dia para a série “Essa é a Nossa Gente” é Gislene Rocha Amirato, professora do Centro Esportivo Mané Garrincha

Texto: Paulo Sergio Serra Teixeira
pauloserra@prefeitura.sp.gov.br

Vanessa Dini
vdini@prefeitura.sp.gov.br

Foto: Vanessa Dini
vdini@prefeitura.sp.gov.br


Gislene Rocha Amirato é paulistana, tem 46 anos, e está desde 1986 na Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação. Ela dá aulas no Centro Esportivo Mané Garrincha (Clube Escola Ibirapuera).

Nossa perfilada do dia começou sua carreira como atleta de patinação artística, aos 10 anos de idade. Ela obteve grande sucesso, e conseguiu vários títulos. Foi campeã Brasileira, tri-campeã Paulista, campeã Sul-Americana, além de já ter participado do campeonato Pan-Americano, e ter ganhado prêmios como atleta revelação e melhor atleta do ano. “A patinação artística no Brasil tem pouquíssima divulgação e apoio, as pessoas acabam nem conhecendo os atletas que se destacam. Mas existem vários clubes em São Paulo para a prática da modalidade.”

Gislene é coreógrafa formada, e levou essa experiência para sua graduação em Educação Física, na OSEC, atual UNISA. Aqui na SEME, ela chegou como estagiária, cargo que ocupou de 2 a 3 anos, e depois foi contratada. Começou seu trabalho na Prefeitura com aulas de patinação, onde treinou equipes que faziam shows e diversas apresentações. Passou por alguns outros esportes, como natação e hidroginástica, e agora, atua com a dança e condicionamento físico. Sua especialização é em trabalhos voltados para a 3ª Idade e seus alunos do Mané Garrincha já foram campeões cinco vezes consecutivas na modalidade coreográfica dos Jogos Regionais do Idoso.

Gislene tem um projeto na Secretaria, em parceria com a UNIFESP, de ambulatório multidisciplinar e geriatria. A equipe, além dela, conta com psicólogo, médico e nutricionista, que fazem avaliações e diagnósticos nos alunos, e estas terão continuidade nas aulas coreográficas praticadas no Clube Escola. “Todos os alunos passam pelas avaliações e se necessário são encaminhados para tratamentos. O grupo que participa de competições é supermonitorado.”

Na UNIFESP, Gislene foi convidada pelos Drs. Mauro Vaisberger e Marco Túlio, a escrever um capítulo do livro “Esporte na Saúde e na Doença”, e, nesse texto, ela fala sobre a prescrição de exercícios físicos para idosos. Ela também dá algumas palestras na Universidade.

Além disso, nossa entrevistada do dia está montando um artigo científico, em seu mestrado, com uma nova metodologia de trabalho, que trata da percepção corporal e da expressão, com flexibilidade e força. Nas aulas, ela utiliza várias técnicas de yoga, pilates, dança contemporânea, entre outras.

“Eu adoro meu trabalho, minha vida e grande paixão sempre foi lidar com grande público, e nas aulas eu tenho cerca de 40 a 50 alunos. É gratificante, uma troca muito grande. Eles são muito divertidos, nós viajamos juntos para as competições, nos tornamos realmente amigos. Sem nunca perder a hierarquia, a relação professor-aluno meio que se dilui, nós compartilhamos experiências, ensinamentos. Há uma relação de confiança, o que me deixa até mais a vontade, e nós fazemos tudo em grupo, desde as coreografias, até à produção das roupas e maquiagem para as apresentações.”

Ainda sobre seu trabalho com a 3ª Idade, ela conta: “O segredo é dar liberdade para que os alunos opinem, é ver o outro lado, perceber que cada um tem uma condição física, um perfil. Alguns são mais ágeis, outros mais fortes. Não é como as crianças, que você pede para fazer um rolamento, por exemplo, e elas fazem, é bem diferente. Quem trabalha com a 3ª Idade tem que ser flexível e respeitar as limitações. E fazendo isso, os idosos sofrem transformações. Eles percebem que tem condições para praticar diversas coreografias, para fazer exercícios que não se achavam capazes.”
Para o futuro, Gislene pretende continuar com seu trabalho na Secretaria, terminar seu mestrado e talvez, na mesma linha, fazer o doutorado. Além disso, ela quer seguir também com sua carreira acadêmica, na UNIFESP.

Sobre o que gosta de fazer nas poucas horas livres, Gislene fala: “Tenho que conciliar meu lado esposa, o lado materno - com minhas filhas adolescentes, os afazeres domésticos, os esportes que adoro praticar, como a corrida, natação, ciclismo. E adoro cozinhar, arranjei até um jeito de fazer o que tanto gosto e ainda ganhar dinheiro, abrindo um buffet de crepes a domicílio. Eu faço a massa e os recheios, e contrato garçons e alguns outros funcionários. É super legal.”

O trabalho que Gislene faz com os idosos é muito bonito, ela lhes dá outras perspectivas, e aprende um pouco de tudo em retribuição. O carinho dos alunos para com ela e vice versa é notável. Sorte da Secretaria poder contar com suas aulas, e tê-la como integrante da Família SEME.