Cláudio Aires e o projeto de inclusão social aliado ao boxe

No Clube Escola Santo Amaro, Cláudio tira crianças das ruas e lhes dá novas oportunidades através do esporte

Texto: Vanessa Dini 
vdini@prefeitura.sp.gov.br 

Felippe Saccab
fsaccab@prefeitura.sp.gov.br

Foto: Felippe Saccab

O Clube Escola Santo Amaro, também conhecido como Joerg Bruder, localizado na Avenida Padre José Maria, 555, conta com uma estrutura de 44 mil m2, com piscinas, campos de futebol, pista de atletismo, quadras, ginásio, e academia de boxe.

Na academia, encontramos Cláudio Aires, técnico da seleção brasileira de boxe, e mais do que isso, um voluntário da secretaria formador de cidadãos.

Com 41 anos de idade, Cláudio tem muitas histórias para contar, e hoje vamos tentar desvendar um pouco de sua personalidade e bem feitorias para as comunidades mais carentes.

Cláudio foi atleta durante 12 anos. Ele começou em 1988/1989, e já em 1991 entrou na seleção brasileira de boxe. “Graças à persistência. Não tinha dinheiro para comprar um tênis, ou tomar uma condução. Faltava dinheiro até para a alimentação. Eu ia treinar a pé. Mas foi assim que aprendi que na vida nada é fácil, tem que batalhar.”

E assim, sempre batalhando atrás do sucesso profissional, ele ganhou muitos títulos. “Fui medalha de bronze no Pan-Americano do Canadá, prata no Sul-Americano da Venezuela, em 1994, fui 7 ou 8 vezes campeão Brasileiro e tenho vários títulos Paulistas.”

Cláudio parou de lutar em 2003, e já tinha como objetivo se tornar técnico e promover um trabalho de inclusão social através do esporte. “Nunca tive como ideia principal formar atletas olímpicos, e sim, bons cidadãos.”

Como técnico, trabalhou no bairro do Tatuapé e depois no CDC Jardim Brasília, até ser trazido por Dudu (ex-jogador de futebol) para o C. E. Santo Amaro. O Clube tinha um espaço pequeno para a prática do boxe, que foi crescendo com o aumento no número de alunos, até ir para um novo prédio e se tornar centro de treinamento das seleções olímpicas.

Cláudio é técnico da seleção a cerca de três anos, mas, o projeto de inclusão social é a ‘menina’ de seus olhos. “É minha paixão, o que eu gosto mesmo de fazer. Pegar um moleque na rua e trazê-lo para cá para treinar não tem preço. Nós tiramos a possibilidade de eles entrarem no mundo das drogas, da violência, e transformamos os garotos em bons cidadãos. Eles se tornam campeões da vida. O esporte dá novas perspectivas.”

Sobre um sonho, Cláudio nos conta: “Meu grande sonho é que existam mais vários novos Clubes Escola com academias de boxe, ou qualquer outro esporte, sempre com pessoas competentes no comando, que gostam e queira fazer aquilo, e que, como eu, dão a vida pelo atleta.”

Como técnico Cláudio também tem vários títulos. Ganhou o Mundial Juvenil em 2010, foi campeão olímpico em Cingapura, campeão Mundial no Azerbaijão, em 2011, melhor técnico de boxe, em 2010, campeão com a equipe feminina no Sul-Americano da Colômbia, também em 2010. E o foco agora são as Olimpíadas de Londres.
“O boxe feminino está crescendo muito, principalmente agora que foi incluído nas Olimpíadas”. A primeira competição oficial da modalidade foi no Pan de Guadalajara. “Imagina, ser campeã na primeira edição olímpica? É algo que fica para a história”.

Sobre Londres, ele conta: “Vocês ainda vão ouvir falar muito sobre nós. Vamos batalhar muito por uma medalha olímpica. Eu falo para as meninas – corre atrás que a medalha está lá esperando por vocês”.
Em busca da classificação olímpica, Cláudio viajará para competições no Canadá, Austrália e China.

No Clube Escola, o treinador voluntário conta com cerca de 120 a 130 alunos, com aulas no período da manhã e da tarde, de terça à sexta. “Eu só tenho a agradecer ao Secretário e à SEME pelo espaço que nós temos aqui. E pelo primeiro material, que nos foi cedido.” E grande parte dos equipamentos foi o próprio boxeador que levou, como o ringue e a aparelhagem. Ele está envolvido em todo o processo de ampliação da academia. “De novo, tudo com muita batalha, mas conforme a família foi crescendo, todos ajudaram.”

Como mensagem para todos os atletas, ou crianças que esperam ser esportistas profissionais, Cláudio pondera: “Nunca desistam de seus sonhos. Tudo tem seu tempo, no tempo de Deus. Não adianta dar um passo maior que a perna, uma hora você alcança. Tudo que conquistei foi com muita luta, e é muito gostoso ver todas essas conquistas, sonhos realizados.”