Eva Alves: um grande exemplo de cidadania

Eva Alves, mais conhecida como “Tia Eva”, é moradora da região do Glicério (Sé, Centro da cidade) há mais de 30 anos. Natural de Catanduva, no interior paulista, ela chegou a São Paulo em 1978, aos 12 anos, para trabalhar como empregada doméstica. Passou por grandes dificuldades e até morou na rua, mas estabeleceu-se no Glicério, onde reside até hoje.

Mas o que torna Eva Alves tão especial? Em pouco tempo de conversa, se nota que é impossível não admirar a mulher que não mede esforços para ajudar o próximo. “É aquela velha história do ‘fazer o bem sem olhar para quem’. Eu sofri muito quando estive na rua e não desejo isso para ninguém. Por isso, acredito que essas crianças precisam desse projeto para que elas possam crescer num ambiente melhor, longe das drogas e da violência”. Mãe de três filhos, Eva Alves passa o dia inteiro na Comunidade Novo Glicério onde administra sozinha as oficinas do programa Clube Escola, ministradas no local graças ao convênio firmado com a Secretaria de Esportes da Cidade de São Paulo.

“Quando eu era mais nova eu era apaixonada por futebol, apesar de não entender muito como ele funcionava... é uma verdadeira arte. Hoje em dia, eu acredito que o esporte pode mudar a vida de muitas crianças. Então, quando eu cheguei aqui no novo Glicério nos anos 80, eu já estava com 25 anos, e, ao perceber a quantidade de crianças que ficavam pelas ruas sem fazer nada, percebi que estava na hora de fazer algo para mudar isso.”. Sobre a iniciativa do projeto, Eva Alves contou que suas experiências do passado lhe fizeram pensar muito sobre o quanto as crianças sofrem quando estão na rua.“Eu sempre observei os meninos aqui do bairro. Eles saiam da escola e ficavam na rua, sem fazer nada – e se tivessem continuado assim, estariam agora fazendo maldades por aí. Então, quando percebi que essas crianças precisam de ajuda, eu fui conversar com eles. No começo, foi meio difícil porque eles não me aceitavam. Mas, com um pouco mais de conversa, percebi que o que eles queriam mesmo era praticar esporte... o futebol os transformava, e aí surgiu a idéia do projeto. Eu costumo dizer que quando eles entram no campo, eles são totalmente modificados.”

Assim, tomada pelo sentimento de que o futebol iria mudar a vida de muitas crianças, Tia Eva se empenhou para que o seu programa desse certo – e não demorou muito para que ela começasse a ter os seus primeiros admiradores. Administrando sozinha o dia-a-dia das crianças, as inscrições e a papelada necessária para que um projeto fosse criado, Eva se empenhava ao máximo para que os alunos tivessem um futuro melhor. “Percebi que eles eram bons no futebol e que isso realmente os mudava. Quando eles estavam jogando, eles não pensavam em mais nada, somente no que o futebol proporciona para eles naquele momento. Então, comecei a inscrevê-los em campeonatos e correr atrás de um lugar para que eles pudessem treinar. Antigamente eu alugava um campo provisório lá na Aclimação, onde eles treinavam algumas vezes - e foi aí que surgiu a participação na Taça São Paulo, e na primeira oportunidade, eles foram campeões.”.

Após a vitória no Campeonato - o que deu ainda mais gás e força de vontade para o time e para Eva - a necessidade de conseguir um espaço próprio para que eles pudessem treinar ficou ainda mais forte. “Eu estava andando pela comunidade um dia quando vi um esse lugar e pensei que ele seria perfeito para que pudéssemos ter um cantinho só nosso. Foi então que eu decidi correr atrás e, depois de alguns meses, o Clube Escola Novo Glicério foi inaugurado.”

O Clube Escola Comunidade Novo Glicério está localizado na Rua Frederico Alvarenga, 391, na Sé e atende a mais de 150 crianças de 10 á 16 anos. A unidade foi integrada ao programa da Secretaria de Esportes há seis anos e é um dos principais exemplos de parceria da pasta com o terceiro setor.
“As crianças que estudam de tarde, passam a manhã aqui. As que estudam de manhã ficam à tarde. Os times são divididos por idade e, enquanto uma categoria treina, o restante das crianças fica brincando fora do campo”. Engana-se quem pensa que no clube eles só praticam esportes. Eva fez questão de ressaltar que as crianças que moram e estudam na região só participam do programa se estiverem com boas notas na escola.

Texto: Iule Karalkovas - iulekaralkovas@prefeitura.sp.gov.br
Fotos: Francisco Pinheiro – fbpinheiro@prefeitura.sp.gov.br

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