Inteligência emocional: um meio de crescimento no trabalho

Palestra discorreu sobre o trabalho no Serviço Público com seus sucessos, frustrações, motivações e desgastes

Com o auditório de 200 lugares quase totalmente tomado, foi ministrada na Escola de Formação do Servidor Público Municipal Álvaro Guerra, uma palestra sobre Inteligência Emocional, dirigida a funcionários de vários níveis indicados pelas unidades de recursos humanos de toda a Prefeitura. Segundo a diretora da Escola, Rosane Kepkke, o evento é parte do programa de ações para melhoria das atividades diversificadas desenvolvidas no serviço público municipal, com ênfase para o atendimento aos munícipes.

O professor Roberto Kanaane, pedagogo e psicólogo, mestre e doutor pela Universidade de São Paulo, proferiu a palestra, já, de início, de forma a envolver os participantes, com exercícios e demonstrações de companheirismo. Ele foi apresentado pela diretora do Programa de Qualidade da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, a professora Maria das Graças Ferreira, que também prestou informações relevantes sobre o Curso de Pós-graduação em Gestão Pública, também desenvolvido nas 31 Subprefeituras da Capital, em convênio com o Instituto Nacional de Pós-graduação (INPG), e que já totalizou 2.500 participantes, a maioria servidores da Prefeitura de São Paulo.

De forma descontraída e sempre adotando fórmulas para fixar a atenção dos presentes, o professor Kanaane discorreu sobre as características de trabalho no serviço público, a estrutura organizacional, as relações interpessoais, frustrações, desconfortos, desgaste emocional e motivações que caracterizam as atividades dos funcionários, sobretudo aqueles cuja atividade é diretamente voltada ao atendimento ao munícipe.

Segundo o professor, é importante sempre lembrar que o bom desempenho dessa atividade se sustenta sobre cinco pilares: autocontrole, autoconhecimento, empatia (sempre que possível, colocar-se no lugar do outro), sociabilidade e autoestima. Em contraposição ao burocratismo refratário a mudanças, a sugestão é para fórmulas de humanização no trabalho.

Para isso, foi frequentemente citada durante a palestra a fórmula conhecida como dos “Cinco S”, originária do Japão e já bastante difundida entre as empresas aqui no Brasil, e mais recentemente nas Subprefeituras. São posturas que, como ferramentas de qualidade, resultam no melhor dimensionamento do espaço de trabalho. E que se materializam com práticas de descarte, limpeza, organização/padronização, saúde e disciplina.

Outra fórmula apontada para a potencialização da inteligência emocional na palestra foi a de dar ouvidos à própria intuição, tanto à baseada na emoção quanto a na razão. Isso resulta no chamado senso holístico (do todo, em contraposição ao cartesianismo) para se obter uma visão global das atividades, com foco em ações locais.

Embora tenha tido claras demonstrações de reconhecimento pelo excelente nível da palestra, com muitas noções úteis para o desempenho profissional e pessoal, o professor Kanaane não deixou de concordar quando deu a palavra a quem tivesse interesse em algum esclarecimento adicional. E ouviu de alguns servidores questionamentos sobre a dificuldade de se manter a automotivação e a autoestima, após constatarem que persistem as discrepâncias entre níveis e carreiras no serviço público municipal em termos de isonomia salarial.