Habi-Sudeste usa o teatro para aperfeiçoar urbanizações

Por Graco Braz Peixoto


Jô e Luana com a criançada. Atividades lúdicas ajudando a conscientizar.

Para melhorar o convívio dos moradores e assegurar a manutenção dos conjuntos habitacionais e equipamentos públicos de áreas beneficiadas pelo Programa de Urbanização, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) implantou um método de apoio educacional à população, com foco dirigido às crianças. Em Habi-Sudeste, uma das Habis regionais ligadas a Superintendência de Habitação Popular, esse trabalho é realizado por uma dupla formada por Jô Di Souza, de 41 anos, ator e assistente social, e por Luana de Cássia Oliveira, de 24, gestora ambiental.

Usando o teatro como recurso eficaz para comunicação e sensibilização das comunidades, Jô e Luana atuam com uma espécie de aula-espetáculo, onde abordam temas como equilíbrio ecológico, cuidados básicos de higiene, tratamento do lixo, segurança na obra, importância da escola etc. Desde o início de julho, quando integraram a equipe social, eles vêm levando a risca o cumprimento da pauta. Um calendário de atividades é elaborado, com orientação da coordenação, feita por Sueli Girardi, autora da idéia e responsável pela contratação da dupla.

“É preciso trabalhar o antes e o pós-ocupação. A verdadeira mudança de vida de uma família beneficiada por uma urbanização não se faz apenas com o apartamento novo, é preciso que ela passe por um processo de apropriação. Só assim será possível melhorar de vida e dividir o espaço com outras famílias na mesma situação. Isso exige uma aproximação com os moradores, e demanda confiança, respeito e parceria”, explica Sueli.

A primeira fase do trabalho tem início com o reconhecimento da área, o que significa conhecer as famílias, explicar suas funções, diagnosticar problemas específicos de cada comunidade. Feito isso, em algumas comunidades, como a de Heliópolis, por exemplo, a dupla forma comissões mirins para que a dispersão não prejudique o desempenho de suas ações. A essas crianças, além de conversas onde teatralizam questões familiares, eles oferecem também o acesso a filmes educativos e o trabalho em oficinas onde brincam enquanto aprendem.

Ator experiente, Jô Di Souza criou uma personagem caipira, já conhecida pelos moradores e que tem feito enorme sucesso com as crianças. Como é o nome do caipira? “Na verdade ele ainda não tem nome, estou pensando inclusive em escolher um junto com as crianças”, diz.

A dupla já fez espetáculos no Bolsão II de Heliópolis, em Jardim Celeste, Cidade Azul, Jardim Santo Eduardo e Haia do Carrão. No total, os educadores já fizeram seu trabalho para cerca de 800 crianças, sem contar a participação dos pais. Há também ações dirigidas às famílias, como por exemplo, reuniões para tratar do orçamento doméstico. Nesses casos, percebe-se o aprendizado pela melhor relação que passam a ter com as contas próprias e com as despesas dos conjuntos habitacionais. 

Hoje, uma rápida visita ao local evidencia que não só o aspecto físico do patrimônio, como também o convívio das famílias têm apresentado melhoria significativa. Indagada sobre o retorno que esse trabalho produz, Luana é enfática: “São algumas horas que valem por muitas. As crianças respondem de forma imediata, isso é maravilhoso”.