Projeto para a sub-bacia do Cabuçu de Cima será destaque na 5 ª Bienal de Roterdã

Por Graco Braz Peixoto


Trecho da área ao longo do rio Cabuçu que será objeto de intervenções urbanísticas

A urbanização da sub-bacia do rio Cabuçu de Cima, localizada na divisa entre São Paulo e Guarulhos, com cerca de 80 km² em território da capital, será o projeto de participação da cidade de São Paulo na 5th International Biennale Architecture Rotterdam – IABR, a ser realizada em 2012. A notícia foi divulgada por Elisabete França, superintendente de Habitação da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), em reunião preparatória de quinta-feira (08) para o evento que contou com as presenças de George Brugmans, diretor da Bienal, de representantes da Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) e do MMBB, escritório de arquitetura que será o curador da mostra para o Brasil. Com 45 favelas e 66 loteamentos irregulares, onde vivem 116.960 pessoas, a área está dividida pelo Plano Municipal de Habitação em dez perímetros de ação integrada, todos com obras previstas pela Sehab.

“A sub-bacia do Cabuçu tem uma localização estratégica na cidade e na metrópole paulista. Reúne elementos para o debate sobre a intervenção integrada na cidade: sistema de drenagem, coletores de esgoto e áreas de proteção ambiental (afluente importante do Tietê), sistema metropolitano de circulação e distribuição de mercadorias, número elevado de assentamentos precários, áreas disponíveis para a implantação de empreendimentos. Enfim, é uma área que reflete os desafios que os gestores públicos enfrentam na cidade contemporânea, tema central da 5th IABR”, comentou Elisabete França, ao final da exposição.

Em sintonia com as declarações da superintendente, George Brugmans enfatizou que o tema da 5ª Bienal será “Prática e Política”, que o momento não admite outro mote, uma vez que estudos recentes mostram que as metrópoles precisam se preparar para receber grande contingente populacional em um futuro breve. “Se formos observar a história, o surgimento das cidades, veremos que se trata de um fenômeno recente. A Bienal de Roterdã oferece uma plataforma para discutirmos, buscarmos soluções para os problemas crescentes”, conclui.

Em seguida, Samir Bantal, representando a Technology University of Delft, importante centro de estudos de urbanismo nos Países Baixos, apresentaram projetos desenvolvidos para uma grande área formada por territórios da Holanda e Bélgica, bastante populosa e em constante crescimento, batizada com a sigla ARAB, que reúne as iniciais das cidades Amsterdã, Roterdã, Antuérpia e Bruxelas. “Apesar de termos problemas diferentes, reconhecemos que eles também representam grandes desafios. Nos últimos anos, a arquitetura tem criado apenas imagens, queremos repensar o espaço, conectando economia e habitação”, explicou Samir, ao discorrer sobre slides de projetos de sua equipe na TU Delft.

Antes de ser um projeto de urbanização de favelas, a intenção da curadoria da Bienal em São Paulo é propor um grande projeto urbanístico, capaz de resolver problemas como áreas alagadas por ações das chuvas, problemas de mobilidade, ampliar as conexões viárias com Guarulhos etc. Integrando a macro área, estarão as ações de urbanizações voltadas para a questão habitacional, tendo como meta a preservação das comunidades já constituídas.

Ao final, George Brugmans fez um breve relato dos resultados que vêm sendo obtidos com a parceria entre a Bienal Internacional de Arquitetura de Roterdã (IABR), o Instituto de Arquitetura da Holanda e a Sehab, que teve início com a 4ª Bienal, de 2009. E anunciou que além de Roterdã e São Paulo, a cidade de Istambul completará o elenco das metrópoles que farão o evento de 2012.