Urbanização de favelas é solução para as cidades do futuro

Por Bete Hoppe


Bernardo Secchi discute urbanização com a plateia no Museu da Casa Brasileira  

Projetos para as favelas desenvolvidos na cidade de São Paulo atraíram mais de 400 pessoas ao Museu da Casa Brasileira na noite de 12 de abril. Arquitetos, urbanistas, engenheiros, estudantes e jornalistas acompanharam atentamente a discussão entre o historiador e urbanista italiano Bernardo Secchi, um dos maiores especialistas mundiais em cidades, e Sérgio Magalhães, arquiteto criador do programa carioca Favela Bairro, sobre o futuro da cidade informal.

Entre os pontos relevantes, Sérgio Magalhães ressaltou a importância da urbanização de favelas, a partir do conhecimento e do respeito às necessidades de cada uma, para construir uma cidade menos desigual e preconceituosa. “A interação social se opõe aos guetos, aos condomínios fechados. E os projetos urbanísticos para favelas ajudam na reflexão de que ali pode ser um lugar bom de viver, que essas comunidades se constituem formas urbanas enriquecedoras”, disse.

Opinião compartilhada por Bernardo Secchi, que defendeu a ideia de melhorar, e não substituir, o que já existe. “Acabar com as favelas é uma ilusão. É preciso pensar em construir cidades sem marginalizar as favelas”, disse. Ele ressaltou ainda que a arquitetura do edifício público deve ser “magnífica” - pensada e executada com esmero em cada detalhe -, e elogiou o Programa de Urbanização de Favelas da Sehab. Sobretudo os projetos que conheceu na exposição "A Cidade Informal no Século XXI", como para o Cantinho do Céu, desenvolvido pelo Programa Mananciais, e na comunidade Bamburral, além de Paraisópolis – a qual visitou pela primeira naquele dia. “São projetos inovadores na ocupação do espaço público”, afirmou.

“Em todos os projetos da Sehab trabalhamos cada detalhe para melhorar a qualidade de vida da população”, diz, orgulhosa, a coordenadora do Projeto Paraisópolis, Maria Teresa Diniz. "A urbanização de favelas é um exercício de humildade para o arquiteto e um trabalho fundamental para a democracia”, frisou Sérgio Magalhães.

Urbanistas do futuro

No final da mesa-redonda, houve o lançamento do livro “Habitação e Cidade”, elaborado pelos alunos de pós-graduação do curso de arquitetura da Escola da Cidade. A publicação (Ed. Hedra; 260 págs.; R$ 32) traz projetos, detalhados por plantas, croquis e maquetes.

Os quatro módulos propõem construção com novos usos para prédios, galpões e estacionamento com foco na habitação social e na revitalização da área do Glicério; uma nova proposta urbana para área vazia na Mooca; sistemas construtivos que possam trazer novas tecnologias pata habitação de interesse social, em terreno em Cotia; e requalificação urbana para a comunidade de Paraisópolis.

“A parceria entre a escola da Cidade e a Prefeitura é uma iniciativa importante para capacitar novos profissionais de urbanismo”, diz Elisabete França, arquiteta e superintendente de Habitação Popular (Habi), da Secretaria Municipal da Habitação, que alinhavou essa parceria.