A equipe social do Programa Mananciais chama população a atuar e fortalecer líderes


Reunião com moradores da Guarapiranga

O Programa Mananciais envolve projetos de urbanização de favelas, entre outros. Traduzindo isso para o bom Português, podemos afirmar que ele mexe diretamente com pessoas, cidadãos em situação de risco social. Neste contexto, uma atividade que merece destaque especial é o da equipe de assistência social, ligado a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab). Uma função importante, complexa, que demanda muito planejamento.

Dividido em etapas, o trabalho começa com o reconhecimento da área que sofrerá as intervenções. A identificação das lideranças é o primeiro passo a ser dado, visando integrar a comunidade com o projeto a ser implantado. Se as lideranças não são identificadas, procura-se pelos moradores mais antigos, que se tornam fonte rica de informação sobre o histórico da área, suas lutas e reivindicações.

Numa segunda fase, existe a preparação para as reuniões de entrada, que tem por objetivo explicar o que o Programa Mananciais pretende realizar. Dúvidas são esclarecidas e a equipe é apresentada. Mas não somente os assistentes sociais. Engenheiros e arquitetos passam a ter contato direto com a comunidade. Nesta reunião também é informado o local do Plantão Social e informações sobre o início do mapeamento, selagem dos domicílios e cadastro das famílias.

“Esse processo é de fundamental importância. É o reconhecimento socioeconômico da população. Definimos os setores e as casas por setor e aplicamos questionários, as chamadas fichas cadastrais, para residências e comércios. Com os dados colhidos, as próprias reuniões com os moradores rendem mais, pois permite um direcionamento de ações”, diz Rita de Cássia Madureira, coordenadora do trabalho social do Programa Mananciais.

Durante toda a fase de urbanização, existe um acompanhamento para esclarecimentos, reuniões e atualização das obras para toda a população. E aqui se encontra a etapa mais delicada desse processo. Os remanejamentos e remoções, que são inevitáveis em projetos com essas características. Moradores em áreas de risco ou que habitam residências não esgotáveis – onde é impossível a captação do esgoto – precisam ser transferidos para outras localidades, tornando desta forma viável o desenvolvimento dos trabalhos previstos.


Comunidade acompanha visita a obra

“Temos como premissa básica tentar o menor número de remoções possível para diminuir o impacto social sobre as comunidades, respeitando a população. Sempre que é possível, fazemos adaptações. Por exemplo, se uma casa vai ter apenas uma parte de sua área afetada pelas obras, procuramos caminhos alternativos para que a família permaneça ali. Quando isso realmente não é possível, fazemos o atendimento e oferecemos diversas opções para os atendidos. Desde a ajuda de custo para a compra de uma outra moradia, até o reassentamento em novas unidades habitacionais construídas pela Sehab”, afirma Rita.

A atuação do trabalho social não se restringe ao atendimento das famílias. Programas de educação ambiental, de geração de renda, além da criação de centros comunitários também fazem parte do Programa Mananciais. “Desta forma enxergamos as comunidades como um todo. Não basta levar saneamento básico, se não conscientizamos as gerações novas e velhas do quão importante é a preservação ambiental. Se vamos criar parques lineares, áreas verdes e de lazer e implantar equipamentos comunitários, temos que passar a ideia de que tudo se transformará em patrimônio público e que a sua conservação só trará benefícios a todos”, afirma Ricardo Sampaio, coordenador do Programa Mananciais.