Banco Mundial analisa projetos de reciclagem em Heliópolis e Paraisópolis

Texto: Patrícia Geiger - Foto: Wagner Origenes

Mark Watts, diretor da Arup, em sua apresentação no workshop Capacitação em Projetos de Crédito de Carbono

No primeiro Workshop de Capacitação em Projetos de Carbono da cidade, promovido pela Prefeitura de São Paulo nos dias 4 e 5 de maio, grupos de trabalho elaboraram dois projetos-piloto para as comunidades de Heliópolis e Paraisópolis, que já estão em estudo para serem financiados pelo Banco Mundial. Agora, serão traçados os critérios e as linhas gerais para as questões da reciclagem de lixo e da produção de crédito de carbono.

A iniciativa nasceu há um ano, durante a Carbon Expo em Barcelona (Espanha), quando São Paulo foi selecionada para integrar o Programa CFCB - Carbon Finance Capacity Building. A proposta da Sehab de implementar centros de compostagem em favelas da capital para gerar composto orgânico ou energia elétrica foi identificada como o projeto com maior potencial de MDL (capaz de gerar maior quantidade de créditos de carbono). O Grupo de Liderança Climática das Grandes Cidades, conhecido como C-40, desde 2005, reúne as 40 maiores cidades do mundo com o objetivo de unir forças para combater o aquecimento global.

O workshop contou com a participação, entre outros, das secretarias municipais de Habitação, Meio e Verde Ambiente, Transportes e Finanças, e de entidades internacionais especializadas, como a engenharia ARUP, Carbon Finance Assist, Banco Mundial e ECOS, além de representantes de movimentos populares de Heliópolis e Paraisópolis.

Na abertura, o secretário municipal de Habitação, Elton Zacarias, falou da importância de o município estar preparado para as futuras mudanças climáticas e do desafio que representa numa cidade com altos índices de pobreza como São Paulo. “Desde 2005, a Prefeitura vem implantando programas habitacionais exemplares, que, entre outros objetivos, visam diminuir os índices de vulnerabilidade ambiental e social na cidade. O mais importante, o Programa de Urbanização de Favelas, beneficia cerca de 110 mil famílias, que passam a ter acesso à infraestrutura básica. E mais de 10 mil famílias já foram removidas de áreas de risco, de desabamento ou em beira de córregos, e nas margens das represas”, citou.

Ele ressaltou ainda que as ações integradas com o Verde e Meio Ambiente e a Secretaria Estadual de Energia e Saneamento resultam na recuperação de áreas ambientalmente estratégicas, o que contribui para diminuir as doenças vinculadas à falta de saneamento básico.

No segundo dia, o foco do estudo foram as duas maiores áreas informais da cidade: Paraisópolis e Heliópolis. A superintendente de Habitação Popular, Elisabete França, apresentou um panorama geral das ações de urbanização de favelas, loteamentos irregulares e cortiços, e ressaltou, sobretudo, os esforços para minimizar o problema do lixo. “Em Paraisópolis, temos aulas de educação ambiental e implantaremos um centro de reciclagem, para estimular a população a cuidar mais da área. Mas o que dificulta a coleta de lixo é a topografia, com muitas curvas, subidas e descidas”, explicou.

Já em Heliópolis, além de ações integradas com o Verde e Meio Ambiente, a Secretaria de Energia e a Sabesp, existe um projeto em parceria com a ONG Cedeca Casa 10 (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente do Ipiranga) para a construção de uma usina de reciclagem. “Essa nova forma de gerenciar a cidade e as ações implantadas permitirão a São Paulo qualificar-se como um dos exemplos a serem seguidos no grupo C-40. Uma cidade que atua com responsabilidade frente aos desafios da sociedade contemporânea”, finalizou o secretário Elton.

Para conhecer o projeto Eco Heliópolis, clique aqui.