Secretaria de Habitação e Columbia University lançam livro com projetos para urbanização de favelas de São Paulo

Livro reúne as propostas arquitetônicas de urbanização para 12 grandes assentamentos precários de São Paulo. Com produção bem cuidada, a nova parceria da Sehab com a Columbia University traz ideias inovadoras para problemas como mobilidade, convivência, saneamento e preservação dos mananciais

Por Graco Braz Peixoto


Reconsiderar a habitação mínima no espaço urbano denso, à luz das novas tecnologias da arquitetura, de soluções inovadoras para a habitação e infraestrutura social dos grandes assentamentos precários. Esse é o objetivo de “São Paulo – Projetos de Urbanização de Favelas”, livro que a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e a Columbia University lançaram no dia 20/09, no Museu da Língua Portuguesa.

A publicação reúne projetos arquitetônicos desenvolvidos para grandes aglomerações precárias de São Paulo, realizados por estudantes do Laboratório Modelo para a Vida Urbana Sustentável (S.L.U.M. Lab), um grupo de estudos do curso de Arquitetura, Planejamento e Preservação da Columbia University, de Nova York (Estados Unidos).

A publicação é mais uma boa consequência do encontro ocorrido em 2006, durante a 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, entre os técnicos da Sehab e os arquitetos Alfredo Brillembourg e Hubert Klumpner, sócios do Urban Think Tank, escritório de arquitetura com sede em Caracas, e responsáveis pela interface com a Columbia. Na esteira da cooperação e troca de experiências já vieram vários livros e eventos, entre os quais destacam-se o S.L.U.M. Lab – Paraisópolis (2007 e 2008) - onde foram realizadas oficinas de design e urbanização -, a participação na 4ª Bienal Internacional de Arquitetura de Rotterdam (Holanda) e a presença no Fórum Urbano Mundial das Nações Unidas.

O “São Paulo – Projetos de Urbanização de Favelas” é desde já uma contribuição importante para universidades de Arquitetura, instituições públicas, organizações civis e profissionais envolvidos com a busca de alternativas para a habitação de interesse social. Com textos em português e inglês, organizado em 12 capítulos, que documentam as 12 áreas que foram objeto de estudos dos arquitetos do Slum Lab, o livro traz estratégias de urbanismo e arquitetura, e põe em discussão novas ideias.

“O que são as favelas?”, texto da arquiteta Elisabete França (superintendente de Habitação Popular), que abre o livro, resume o problema e os objetivos do trabalho: “O importante na parceria entre a Sehab e os alunos do Slum Lab é a elaboração de estratégias que nascem da essência espacial de cada favela, considerando suas especificidades, e que deve ser entendida como uma referência à casa ideal, projetada segundo parâmetros que levem em conta as condições necessárias para melhor qualidade de vida das pessoas, onde os habitantes possam dividir experiências e cultivar sua própria identidade”.

Rico em imagens, com informações geográficas, sociais e de infraestrutura urbana, cada capítulo é iniciado com um mapa da área, foto aérea esquadrinhada pelo estudo, histórico da ocupação e suas características e, especialmente, os croquis dos projetos, ilustrados com o depoimento de cada coordenador da Sehab responsável pela área, que comenta as iniciativas locais e as propostas arquitetônicas do projeto. Soluções criativas e ousadas para criação de áreas de lazer, mobilidade, para prover o saneamento básico e convivência sem prejuízo do meio ambiente chamam a atenção do leitor. As 12 áreas abordadas pelo Slum Lab no livro são Paraisópolis, Pirajussara, Boulevard da Paz, Cocaia/Nova Grajaú e Vargem Grande, na zona sul; Heliópolis, na zona sudeste; Moinho e Glicério, na região central; São Francisco, na zona leste; Córrego da Mina, Eucaliptos e São Domingos, na zona norte.

O lançamento do livro foi precedido pelo debate “Dialogando sobre a diversidade urbana e social”, que teve participação dos arquitetos Renato Meirelles, Ruben Otero e Alfredo Brillembourg, e mediação de Maria Teresa Diniz, arquiteta e coordenadora do Projeto Paraisópolis.