Força-tarefa com Banco Mundial estuda impacto das mudanças climáticas entre os mais pobres

Por Graco Braz Peixoto

Representantes da Secretaria Municipal de Habitação, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, do Banco Mundial, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e da Diagonal Urbana Consultoria realizaram na sexta-feira (1/10), na Superintendência de Habitação Popular, o primeiro encontro multidisciplinar para formação de um grupo de estudos, uma força-tarefa para elaborar diretrizes que possam orientar a criação de políticas públicas e ações estratégicas que reduzam o impacto das mudanças climáticas nas regiões mais pobres das grandes metrópoles.

A iniciativa é do instituto para gestão da pobreza ligado ao Banco Mundial, que oferece financiamentos e assistência técnica a países em desenvolvimento ao redor do mundo. Para fomentar a produção de conhecimento que possa criar mecanismos de amparo e mitigação da pobreza, em um quadro onde as mudanças climáticas desenham um cenário preocupante, o Banco Mundial elegeu numa primeira fase as cidades de São Paulo, México, Jacarta - capital e maior cidade da Indonésia, com 18,2 milhões de habitantes - e Dar El Salam - cidade litorânea com três milhões de habitantes, na Tanzânia, leste do continente africano-, para que cada uma faça um estudo de caso, posteriormente consolidado em métodos com os quais os governos possam enfrentar situações de risco e outras calamidades.

Em São Paulo, a tarefa é conduzida pela Sehab e Secretaria do Verde, órgãos que têm desenvolvido ações nessa área, como por exemplo as urbanizações nas áreas de proteção dos mananciais e o trabalho de tratamento de lixo e resíduos em Heliópolis e Paraisópolis. Eliene Coelho, arquiteta e coordenadora do Habisp, apresentou para cerca de 40 técnicos o sistema de priorização das intervenções em favelas, com dados de infraestrutura, risco de escorregamento e solapamento, vulnerabilidade social, aos quais são atribuídos pesos para cálculo do índice de priorização. A ideia foi apresentar experiências que possam ser escolhidas para estudo de caso.

Wolf Steinbaum, da Secretaria do Verde, secretário executivo do Comitê de Mudança do Clima e Economia, com larga experiência na área ambiental, discorreu sobre a importância social e ambiental da iniciativa, bem como o caráter multidisciplinar do estudo, e ressaltou que a cidade de São Paulo já possui experiência e conhecimento consideráveis para recepcionar os pesquisadores. “Basta ver, por exemplo, que já em 2003 a Secretaria do Verde contratou o primeiro inventário de gases de efeito-estufa realizado em uma cidade brasileira. Em 2005, a cidade já estava envolvida em ações de mitigação dos efeitos das mudanças, e, em junho de 2009, foi a primeira cidade brasileira a criar a Lei de Mudanças Climáticas, à frente do Governo Federal”.

Com o mesmo tom de Wolf Steinbaum, Eduardo Jorge, secretário do Verde e Meio Ambiente, falou do caráter democrático estabelecido pelo governo municipal com a criação dos comitês de transporte, energia, uso do solo, saúde, resíduos e construção civil sustentável. Eduardo Jorge citou, como exemplo de vanguarda no tratamento dessas questões, a Operação Urbana Águas Espraiadas, que fará a adequação urbana dos assentamentos, sem removê-los, em um único projeto que dá solução para a mobilidade por meio de túneis e cria parques lineares e áreas de lazer, promovendo o convívio entre ricos e pobres sem apelar para a expulsão destes. “Porque, como a gente sabe, com essas mudanças, mais uma vez a conta mais pesada será paga pelos pobres!” Federika Ranghieri, economista do Banco Mundial e especialista em mudanças climáticas, explicou os mecanismos do Banco Mundial para manutenção do C4 - nome do primeiro projeto, e disse que posteriormente será estendido para C40, contemplando outras 40 cidades do globo.