Especialistas brasileiros e estrangeiros se reuniram no último dia 25, na Secretaria Municipal de Habitação, para um encontro preparatório da 5ª Bienal Internacional de Arquitetura de Roterdã (5th IABR), segundo maior evento da Arquitetura do mundo. Participaram da reunião, técnicos da Secretaria Municipal de Habitação, do Verde e Meio Ambiente, do Desenvolvimento Urbano, da USP, do escritório de arquitetura MMBB, do Instituto Internacional de Gerência Urbana da Erasmus Universidade de Roterdã (IHS), do Centro para Pesquisa e Desenvolvimento em Arquitetura (Berlage Institute) e da IABR.
Após a recepção de Ricardo Pereira Leite, secretário de Habitação, deu-se início aos debates sobre a pesquisa para urbanização da sub-bacia do rio Cabuçu de Cima, área precária cujo projeto que vem sendo desenvolvido pela Sehab e MMBB, e que terá lugar de destaque na 5ª Bienal, em 2012. Fernando Mello, arquiteto do MMBB e curador brasileiro da Bienal, abriu a discussão com uma explanação geral dos motivos pelos quais a urbanização da região foi escolhida para ser apresentada na 5ª Bienal.
Área pobre, ocupando cerca de 80 km² na porção paulista (a área banha São Paulo e Guarulhos), com 41 favelas e 60 loteamentos irregulares, onde vivem 108.000 pessoas, a região atende aos objetivos da Bienal, instituição criada para propor às metrópoles soluções urbanas que contribuam para uma vida mais confortável e ambientalmente melhor.
Mello comentou o processo de ocupação, os gargalos viários e o impacto que sofrerá com a chegada do Rodoanel. “O crescimento de São Paulo sempre aconteceu como suporte ao seu desenvolvimento industrial, sem nenhuma preocupação com a paisagem”, criticou. O projeto pretende harmonizar mobilidade, crescimento, saneamento e moradia, área onde faz interface com os trabalhos da Sehab.
“O objetivo da Bienal é redefinir o papel e a relação entre planejamento, design e política, e, com isso, propor uma ferramenta mais eficiente para a construção das cidades”, enfatizou George Brugmans, diretor da instituição. Em 2012, ao lado dos projetos de São Paulo, também serão expostos projetos criados para Turquia e Roterdã.
USO DA ÁGUA – Rubem Porto, do Departamento de Engenharia Hidráulica da Poli – USP, falou sobre os desafios do manejo da água urbana e o planejamento de recursos hídricos, sobre a poluição e a necessidade de um plano diretor de drenagem. Especialista no tema, Porto ressaltou a situação crítica do uso da água no Brasil. A arquiteta Tereza Herling falou sobre o Plano Municipal de Habitação, do qual é coordenadora, seus princípios, bases legais, diretrizes da política municipal da Habitação, e da importância do Sistema de Informações Habitacionais – Habisp (www.habisp.inf.br) como ferramenta de planejamento. Coube a Elaine Costa - arquiteta de Habi Norte – comentar os mapas de intervenções públicas previstas para a área de 12 km², correspondente a quatro dos doze perímetros de ação integrada contemplados pelo PMH.
MASTER CLASS – Após as palestras, cerca de 30 técnicos da Sehab participaram do Master Class in Integrated Planning, curso com duração de cinco dias, ministrado pela arquiteta Carley Pennink, sob a tutela da Sehab e da IABR, do Instituto de Estudos da Habitação e Desenvolvimento Urbano (EUR, Roterdã) e do Berlage Institute.
O curso uniu aulas teóricas com visita à área de trabalho para discussão dos problemas, identificação de grupos ou organizações afetadas pelo projeto, análise dos impactos etc. Com a formação de cinco grupos, divididos entre os temas economia, infra-estrutura, meio ambiente, social e integração, os alunos analisaram a região sob vários ângulos na busca por soluções mais adequadas à realidade da área. Ao final, foi apresentado o planejamento integrado para a sub-bacia do Cabuçu de Cima. Ahmad Aboutaleb, prefeito de Roterdã, veio prestigiar o encerramento.