Jornada da Habitação faz intercâmbio entre São Paulo e seis cidades de outros países

Por Débora Yuri e Marcos Palhares

Roma e Moscou, na Europa; Mumbai e Bagdá, na Ásia; Nairóbi, na África; Medelín, na América do Sul. Espalhadas por quatro continentes, essas seis cidades estrangeiras vieram a São Paulo expor seus problemas e soluções habitacionais e dialogar com seis projetos desenvolvidos na capital paulista pela Prefeitura. A troca de experiências entre São Paulo e exterior é o foco da Jornada da Habitação, evento promovido pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), que acontece até julho na cidade.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,4 milhões de brasileiros vivem em favelas ou assentamentos precários. Em São Paulo, grandes ocupações informais, como Paraisópolis e Heliópolis, passam por forte programa de urbanização.

E as favelas não existem apenas por aqui. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 827 milhões de pessoas vivem nessas condições ao redor do mundo – cerca de 12% dos 7 bilhões que representam a população global. A Jornada visa estimular a troca de ideias entre realidades aparentemente distantes.

A abertura foi em 27 de janeiro, no Centro Cultural São Paulo, com a presença do secretário de municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, da superintendente de Habitação Popular, Elisabete França, do arquiteto italiano Stefano Boeri, curador da Jornada, e do presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, regional Rio de Janeiro (IAB-RJ), Sérgio Magalhães. A primeira etapa do evento ocorreu nos dois dias seguintes, no Jardim São Francisco, em São Mateus (Zona Leste), que fez intercâmbio com Roma, a capital da Itália.

“É uma satisfação presenciar um evento com essa qualidade intelectual tão importante para a questão social e habitacional de São Paulo, com projetos para as pessoas que precisam da nossa ajuda", afirmou o secretário Ricardo Pereira Leite. A superintendente Elisabete França falou sobre a origem da Jornada da Habitação: “Queríamos expor os projetos que a cidade vem desenvolvendo no campo da Habitação de Interesse Social. É um trabalho enorme, de grande alcance. E achamos que era importante ampliá-la, daí convidamos Stefano Boeri, que articulou a vinda de profissionais das seis cidades que estão conversando com nossos bairros urbanizados”.

Em sua palestra na abertura da Jornada da Habitação, Stefano Boeri ressaltou a importância de dar às comunidades instrumentos para que elas se transformem. “Estamos presenciando, em São Paulo, um novo modo de intervir, uma nova política de habitação e urbanismo para as grandes metrópoles”, elogiou o arquiteto italiano. A segunda palestra foi de Magalhães, que foi o criador do programa carioca Favela Bairro. “No trabalho de urbanização efetiva de favelas, São Paulo tem dado exemplo para o Brasil. Dois desses exemplos são o projeto Renova SP, que se propõe a recuperar o compromisso democrático em relação à população pobre, e, agora, a dimensão política que estão dando com a Jornada da Habitação", destacou Magalhães.

A cada mês, dois dias de atividades serão realizados em outras cinco áreas paulistanas, cada uma dialogando com uma metrópole do exterior. A próxima a receber os eventos será Paraisópolis, nos dias 3 e 4 de março.


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