Fundações de prédio no Bom Retiro são refeitas com trabalho voluntário

Por Marcos Palhares

Graças a uma iniciativa voluntária da professora Maria Ruth Amaral de Sampaio, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o prédio de número 934 da Rua Solon, no Bom Retiro (Centro), está ganhando cara nova. O edifício, que abriga um cortiço com 42 famílias, ganhou em dezembro de 2011 novas colunas em suas fundações, depois de quatro meses de trabalho.

A obra foi tocada com apoio das famílias que vivem no local e teve a coordenação gratuita dos engenheiros Karine Cavalcante e Cauê Carromeu, ambos da empresa PHD. “Depois de entrar na garagem pela primeira vez, tive pesadelos. As colunas estavam esfarelando, e as barras de aço, totalmente enferrujadas. Fizemos uma obra contra o tempo”, afirma Karine.

O prédio, que tem mais de 40 anos e foi abandonado ainda em fase de construção, ficou desabitado por quase duas décadas, até ser ocupado na década de 1980. As condições de moradia eram precárias, sem energia ou rede de água e esgoto, e os habitantes conviviam com incêndios e ordens de despejo.

Em 2002, o local chamou a atenção da professora Maria Ruth Amaral de Sampaio. “Nós tínhamos uma disciplina chamada Habitação Popular Paulistana, que levava os alunos a conhecer os problemas reais da população. Eu passei em frente ao prédio e decidi entrar. Conversei com os moradores e, durante um ano, trouxe 22 alunos para pensar melhorias para o local”, lembra a professora.

Entre as melhorias trazidas por ela e seu grupo de estudantes para o prédio, rebatizado pelos moradores como Edifício União, está a restauração e a legalização da rede de energia elétrica, a definição e o término da fachada e a recuperação das fundações. O próximo passo é construir uma caixa d’água na cobertura do União.

O projeto da professora Maria Ruth Amaral de Sampaio foi reconhecido em 2008, quando venceu o prêmio Deutsche Bank Urban Age Award São Paulo, entre 133 concorrentes, e recebeu um prêmio de US$ 100 mil – dinheiro que será destinado integralmente às obras no edifício. “A causa dos moradores é a minha causa. Enquanto esse prédio não ficar pronto e bonito, eu não saio daqui”, garante a professora.