Em Paraisópolis, segunda Jornada emociona com música e depoimentos

Por Bete Hoppe

Nuvens cinzas ameaçaram o sábado 3 de março, mas a Jornada da Habitação em Paraisópolis – promovida pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), com curadoria do renomado arquiteto italiano Stefano Boeri – esquentou conforme a temperatura subiu. A transformação da maior favela da cidade em bairro foi contada em prosa, verso e canto, e emocionou. Na abertura, o coral jovem local entoou o hino da comunidade, que fica no Morumbi (Zona Sul).

Na palestra que se seguiu, em uma das tendas, a coordenadora do Programa de Urbanização de Paraisópolis, Maria Teresa Diniz, traçou um histórico da urbanização local, desde a origem, nos anos 1920, quando a região era uma enorme gleba, passando pelas pequenas fazendas, as primeiras casinhas e o boom da ocupação, nos idos de 1970, até o atual estudo do Plano Urbanístico.

No palco principal, o hip hop do grupo Dr. Look Dog’s e a declamação da escritora Jussara Carvalho Souza enalteceram as mazelas e o orgulho com as conquistas dessa população de cerca de 63 mil habitantes. Ivanildo de Oliveira, de 40 anos, liderança do núcleo Jardim Colombo por mais de 20, emocionou ao contar que a filha, bolsista de arquitetura, planeja estagiar no Programa de Urbanização de Favelas da Sehab.

Muitos representantes da cidade formal, estudantes e pesquisadores circulavam pelo evento, integrados à comunidade local. O professor do Mackenzie Rubem Otero enfatizou o aprendizado dos acadêmicos no contato com a comunidade. “Mais importante do que estamos fazendo aqui é o que estamos levando daqui para os bancos universitários”, afirmou.

Além das lideranças locais, representadas por Ivanildo e Gilson Rodrigues, o evento contou com a presença do prefeito Gilberto Kassab e de autoridades, como o secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, a superintendente de Habitação Popular, Elisabete França, o subprefeito de Campo Limpo, Trajano Conrado Carneiro Neto, e o vereador José Rolim. A Jornada teve, ainda, caminhada, workshop com estudantes de arquitetura do Mackenzie, exposição, barracas de artesanato e comidas produzidos pelos moradores; oficinas de pipas, de bonecos e de grafite; apresentações de skate, caratê, sapateado e balé, além de jogos de basquete, rúgbi e futebol.

A molecada, muitos já com a cara pintada pelos monitores, se divertiu na piscina de bolas, no escorregador inflável e no playground, tudo embalado pelo som de forró, hip hop e axé, com performances ao vivo. Show com os DJs Paul Devro e o canadense Mat Decent, famosos entre americanos e europeus descolados, e WE, sucesso na comunidade, arremataram as atrações no dia 3.