Programas de inclusão digital contribuem para mudar a cidade

 Foto: Assessoria de Imprensa/SES

Como as redes wireless (sem fio) estão mudando a vida das cidades? Qual o futuro da conectividade aberta? Para responder essas perguntas, participaram de um debate na Campus Party, nesta sexta-feira, 29, João Cassino, coordenador de Conectividade e Inclusão Digital (CCCD), Sérgio Amadeu da Silveira, pesquisador de Redes Digitais e coordenador da Pesquisa sobre a Conectividade em São Paulo, e Carlos Kaminski, coordenador do Núcleo de Universos Virtuais, Entretenimento e Mobilidade da Universidade Federal do ABC (UFABC).

O encontro foi aberto por Cassino, que falou sobre os quatro programas de inclusão digital mantidos pela Secretaria de Serviços e coordenados pela CCCD – Telecentros, que atende mensalmente 170 mil pessoas; WiFi Livre SP, que está presente em 120 locais públicos da cidade; Rede de Laboratórios Digitais (Fabs Labs), laboratórios superavançados que permitem a criação de um grande número de objetos como mobiliário, drones, robôs e próteses; e Redes e Ruas, que estimula o cidadão e os coletivos a produzirem a cultura digital na cidade.

Em sua apresentação, Sérgio Amadeu mostrou dados da pesquisa “Conectividade e Inclusão Digital para São Paulo” realizada entre os anos 2014 e 2015 –no ano passado foram ouvidas 972 pessoas- pela UFABC em dez praças que possuem o serviço WiFi Livre SP. O objetivo foi retratar a opinião dos cidadãos pesquisados em relação à política de conectividade e inclusão digital do programa.

De acordo com o estudo, a faixa de renda mais representativa dos que utilizam o serviço se situa entre 1 e até 2 salários míninos (26,6%), seguida de mais de 2 até 3 salários mínimos (24,1%), enquanto 21% dos entrevistados têm renda familiar de até 1 salário mínimo. A maior incidência está entre os jovens de 15 a 19 anos (88%) e a menor com a população acima de 60 anos (23,1%).

Dos entrevistadas, 84,4% afirmaram usar o WiFi Livre SP para a troca de mensagens instantâneas. O uso de redes sociais, como o Facebook, também são bem acessados (83,9%). Em decadência está o e-mail: em 2014, era usado por 85,2%; em 2015, caiu para 67,3%, o que na visão de Amadeu revela a agilidade de aplicativos como o Whatsapp, por exemplo.

O acesso a cultura por meio da Internet também é significativo: 48,4% assistem a filmes; 69,7% ouvem músicas; e 43,4% consultam a programação cultural. O compartilhamento de fotos também é alto, 71%; 67,7% baixam conteúdos; 33,1% fazem compras; 30,9% utilizam serviços bancários; 16,6% fazem pedidos de entrega; e 30,2% utilizam a Internet para jogar (games).

Amadeu explicou também que uma parcela significativa dos entrevistados (45,4%) afirmou já ter “entrado” em algum portal governamental, sendo que destes 78,8% acessaram o portal da prefeitura municipal, 47% o do governo estadual, e 37% o do governo federal. “Isso mostra o quanto os governos municipais têm que serem voltados para os cidadãos, oferecendo cada vez mais serviços”, afirmou, ao dizer que muitos passaram a frequentar as praças depois da implantação do WiFi Livre SP, o que ele define como “reocupação dos espaços públicos”.

Na visão de Kamienski, propor conectividade digital aos cidadãos é um desafio enorme, que exige monitoramento constante para que a qualidade não seja perdida. “Porém, quando avaliamos os resultados das 120 praças do programa WiFi Livre SP, em termos de usuários conectados, disponibilidade de serviços e desempenho, observamos que os resultados são bons, acima dos esperados”, enfatizou.

Para o futuro, ressaltou Kamienski, o programa tem de ser expandido, já que mostrou ser democratizado. Mas alertou que não basta oferecer apenas a conectividade. “É preciso investir em serviços avançados, que oferecem informações úteis como previsão de chuvas, vacinação etc. É dessa forma que as redes wireless podem mudar a vida das cidades”, finalizou.