Enfermeira Carina conta como a vacinação em São Paulo marcou sua trajetória no SUS

Durante pandemia da Covid-19, a enfermeira já sabia muito sobre o que era e como funcionava o esquema de drive-thru em vacinação e conhecia dor de perder alguém para doença

Mais do que qualquer jogo histórico de futebol, talvez a principal imagem atrelada ao Estádio do Pacaembu neste século seja a de uma longa fila de carros para o início da vacinação contra a Covid-19 em idosos acima de 80 anos em fevereiro de 2021, na ação organizada pela Prefeitura de São Paulo e Secretaria Municipal da Saúde (SMS) com uma série de parceiros.

Carina Araki de Freitas, enfermeira de 50 anos de idade, considera essa uma das principais memórias de sua trajetória profissional no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje assessora técnica de gabinete no Programa Municipal de Controle de Arboviroses, da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), atuou como diretora de Vigilância em Saúde da Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Oeste por seis anos. Foi nesse posto que acompanhou o Vacina Sampa.

“Quando percebemos que os idosos não estavam indo se vacinar, começamos a conversar com nossos parceiros. A partir daí, nossas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) passaram a fazer mutirões com tendas do lado de fora”. (Foto: arquivo SMS)

 

A profissional, que costuma listar pessoas que a ensinaram tudo sobre o trabalho e o propósito em trabalhar no SUS, já foi desenvolvedora de tecnologia da informação, mas trocou de profissão depois que o filho adoeceu, aos seis meses de vida.

Entre os protagonistas da Saúde que fizeram a vacinação acontecer, a enfermeira já sabia muito sobre o que era e como funcionava o esquema de drive-thru em vacinação e conhecia bem a dor de perder alguém para a doença.

Em 2018, Carina e a equipe que liderava precisaram vencer a baixa adesão de pessoas acima de 60 anos à campanha de imunização contra a gripe. “Quando percebemos que os idosos não estavam indo se vacinar, começamos a conversar com nossos parceiros e a primeira ação aconteceu no Clube Hebraica, em Pinheiros. A partir daí, nossas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) passaram a fazer mutirões com tendas do lado de fora”, lembra a enfermeira.
 

‘Não deu tempo’
Quando chegou o grande dia de lançamento do Vacina Sampa no estádio Pacaembu, Carina não pôde vacinar o idoso mais importante de sua vida. O pai morreu meses antes, vítima da síndrome respiratória causada pelo coronavírus, enquanto ela ajudava a pavimentar o caminho mais seguro possível para a vacinação de idosos naquele momento.

 “Não deu tempo dele se vacinar. Nós não pudemos fazer o enterro do meu pai e eu não pude abraçar a minha mãe, porque fiquei com ele durante a semana no hospital. Eu sempre aprendi com uma de minhas mestras no SUS que a gente salva o coletivo, assim como trabalha coletivamente e, no caso do projeto do drive-thru, nosso trabalho deu a oportunidade para que outras pessoas não tivessem a mesma perda. Foi a homenagem mais justa que pude fazer ao meu pai”, diz.

Antes de chegar à função atual, Carina passou por outras experiências na área da saúde. Em um hospital estadual na zona sul, ela era referência no acolhimento de pacientes nos últimos momentos de vida. “Eu era a enfermeira que tirava a luva para segurar as mãos de pacientes à beira da morte, muitos deles homens que estavam em situação de rua. Fui Antônia, Maria, Patrícia, porque os pacientes, já muito mal, me perguntavam se eu era a pessoa da família que eles estavam esperando e que nunca estaria ali no momento de despedida. Eu dizia que sim, perdoava aqueles que pediam perdão para quem eles imaginavam que eu fosse, e sempre dizia que ia ficar tudo bem”, conta.

Nesse papel, Carina tinha uma parceira, a auxiliar de limpeza Damiana Maria da Silva, uma das pessoas que reconhece quando acessa a sua lista mental de parceiros no trabalho na Saúde.

“Eu sempre trabalho em conjunto pelo SUS, pela saúde da população, e essa parceria vai para além do quadro da SMS. Temos parceiros da prefeitura de maneira geral, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de clubes e das nossas outras regionais. Assim, a gente cuida das pessoas todos os dias”, finaliza.

Carina e os pets que tornam os seus dias mais felizes (Foto: arquivo pessoal)

A enfermeira é apaixonada por pets e tem seis deles. Nas operações da Vigilância em Saúde com resgate de animais, ela, que já adotou três cachorros e dois gatos vítimas de maus-tratos, mobiliza os conhecidos para a adoção responsável. Muitos deles já foram amorosamente convencidos.

 

 

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