texto: Adriana Reis

 

 

Entre esta segunda e quinta-feira (14 e 17/12) acontece a Cúpula dos Prefeitos sobre o Clima, paralelamente à 15ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima, da qual a delegação de São Paulo irá participar e apresentar projetos.

A Prefeitura de São Paulo leva para a 15ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima - UNFCCC (COP-15), que se realiza até o dia 18 em Copenhague, projetos desenvolvidos na capital paulista que têm contribuído para minimizar o aquecimento global. A delegação de São Paulo participa da Cúpula dos Prefeitos sobre o Clima, que ocorre paralelamente à conferência, entre os dias 14 e 17.

O principal objetivo da cúpula é mostrar ao mundo que os governos locais já estão agindo para combater as mudanças climáticas. A idéia é que, durante a COP-15, seja reconhecida a importância do papel das administrações municipais na adoção de projetos de redução da emissão de gases e sejam melhoradas as condições para que as cidades possam fazer sua parte na luta contra o aquecimento global.

Nesta terça-feira, dia 15, o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, que representa o prefeito de São Paulo, e o secretário-adjunto de Relações Internacionais estarão presentes à discussão sobre "Como prefeitos podem acelerar o desenvolvimento verde das cidades". No painel sobre Sistemas Avançados de Gestão de Resíduos, o secretário apresentará a experiência bem-sucedida dos aterros sanitários São João e Bandeirantes, onde as usinas instaladas possibilitam a geração de energia a partir do lixo.

Considerado o maior aterro de resíduo domiciliar da América Latina, com 1,4 milhão de metros quadrados, o aterro Bandeirantes foi o primeiro a ter uma usina termelétrica com capacidade de geração de aproximadamente 170 mil MWh de energia elétrica por ano. No aterro São João, que ocupa uma área de 80 hectares, foi instalada também uma termelétrica, com capacidade de geração de cerca de 180 mil MWh por ano, o que equivale ao consumo de uma cidade com 400 mil habitantes. Os 350 MWh por ano produzidos pelos dois aterros são suficientes para abastecer uma localidade com cerca de 700 mil pessoas. O conjunto responde por aproximadamente 60% dos créditos de carbono negociados no mundo a partir da geração de energia do lixo. A capital paulista produz cerca de 15 mil toneladas de lixo por dia.

O secretário-adjunto fará uma apresentação sobre a experiência de São Paulo na obtenção de créditos de carbono no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A Prefeitura de São Paulo arrecadou mais de R$ 70 milhões com a venda de RCEs (Reduções Certificadas de Emissão) de carbono, em dois leilões realizados pela BM&Fbovespa. O primeiro arrecadou R$ 34 milhões, em 2007, e o segundo, R$ 37,2 milhões, em 2008.

O Brasil está em quarto lugar entre os países mais procurados para a instalação de projetos no âmbito do MDL. O mercado de Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), conhecidas como crédito de carbono, surgiu com o Protocolo de Kyoto, acordo internacional assinado por 59 países em 2005, no qual as nações industrializadas se comprometem a seguir metas de redução de emissão de GEE responsáveis pelo aumento da temperatura da superfície da Terra. Iniciativas semelhantes serão mostradas por representantes das cidades de Toronto (Canadá), Jacarta (Indonésia), Basiléia (Suíça) e Dar Es Salaam (Tanzânia).

A cidade de São Paulo terá também um espaço especial em Copenhague. Trata-se da mostra "Future Cities Exhibition", que exibirá de 14 a 17 de dezembro vídeos sobre projetos sustentáveis em dez lugares do mundo. A capital paulista mostrará um vídeo de três minutos sobre o projeto desenvolvido nos aterros São João e Bandeirantes, que é referência mundial de política bem-sucedida de redução de emissões de gases de efeito estufa. As demais nove capitais também apresentarão experiências.

Programa CFCB

Durante a COP-15, a Prefeitura de São Paulo assinará o acordo oficializando a participação no Programa de Capacitação em Financiamento de Carbono (Carbon Finance Capacity Building Programme - CFCB). Patrocinada pelo Banco Mundial, com o apoio do governo da Suíça, do Grupo de Grandes Cidades Líderes do Clima - C40 e da Ecos, essa iniciativa tem como objetivo capacitar as cidades para que possam conceber e implementar, de forma autônoma, projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto. O programa ajudará a identificar projetos de MDL e oferecerá apoio, consultoria e treinamento para gestores. A assinatura do documento será na terça-feira, dia 15, em Copenhague.