Parque Natural Municipal Jaceguava tem outono com presença marcante de borboletas

Este fenômeno da natureza deve-se à transição do período de chuvas para a seca, além da função das áreas protegidas

 
Borboleta, Episcada carcinia. Fonte: Amanda Roschel/SVMA

 

Neste outono, a gestão do Parque Natural Municipal (PNM) Jaceguava, área protegida no sul da cidade, observou um significativo aumento do número de borboletas no local. A transição do final do período chuvoso para o início da seca é a melhor época do ano para vê-las, já que gostam de calor e umidade, mas não de muita chuva e nem de vento forte. No município de São Paulo, já foram identificadas pela Secretaria do Verde e do meio Ambiente (SVMA) mais de 300 espécies da ordem Lepidoptera – grupo de insetos que contempla borboletas e mariposas.

 

Com sua beleza e delicadeza singulares, esses insetos desempenham um papel vital no equilíbrio dos ecossistemas. Como agentes polinizadores, eles têm um impacto significativo na reprodução de várias plantas e contribuem para a diversidade e saúde dos ambientes naturais.

 

Ao buscarem néctar, transportam o pólen de uma flor para outra, o que facilita a fertilização e promove a produção de sementes e frutos. Esse processo mantém a variedade genética das plantas e sustenta as cadeias alimentares, por meio do fornecimento de alimento para uma ampla gama de animais – desde pássaros até outros insetos.

 

De acordo com Amanda Roschel, bióloga e gestora do PNM Jaceguava, “além das borboletas que buscam por néctar, há aquelas que se alimentam de sais minerais nas áreas de lama, próximas ao lago do parque, fator que chama a atenção e que se torna um atrativo a mais e importante para se trabalhar durante os acompanhamentos de grupos. Conforme os visitantes vão entendendo que as elas não se alimentam só de néctar, eles começam a valorizar ainda mais esses animais”.
 


Borboleta, Myscelia orsis. Fonte: Amanda Roschel/SVMA

 

Além disso, as borboletas desempenham um papel valioso como indicadores ambientais. Suas populações e distribuições podem refletir a saúde geral de ecossistemas. Mudanças nessas populações podem indicar alterações no meio, poluição ou outras ameaças para a natureza. Portanto, seu monitoramento pode ajudar na avaliação do bem-estar de espécies e na implementação medidas de conservação.

 

Segundo o biólogo, Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), coordenador do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Insetos Polinizadores, Onildo Marini Filho, “a observação de borboletas traz valor educativo por estas serem dóceis e fáceis de se observar, sendo também relativamente fáceis de se identificar ao nível de espécie com a ajuda de guias visuais ou de aplicativos para celular. Ainda segundo ele, “a docilidade das borboletas também colabora para uma maior conexão das pessoas com a natureza, além de ser um bom motivo para levar pessoas aos parques naturais e outras áreas verdes e protegidas”.

 

Por conta de sua beleza, têm um impacto econômico significativo, especialmente no turismo e na educação ambiental. Muitas pessoas são atraídas pela graça desses animais, o que impulsiona o ecoturismo em áreas onde são presentes. Vale ressaltar que também são valiosas ferramentas educacionais, pois seu modo de vida ensina muito sobre ecologia, biodiversidade e conservação ambiental – o que inspira um maior respeito e cuidado com o meio ambiente.

 

De acordo com Tiago Ostorero, da Divisão da Fauna Silvestre (DFS), “proteger as borboletas e seu habitat não é apenas uma questão de conservação da natureza local, mas também uma medida essencial para preservar a saúde e a resiliência dos ecossistemas em todo o mundo”.
 


Borboleta, Dircenna dero. Fonte: Amanda Roschel/SVMA

 

Com o intuito de promover a troca de informações sobre borboletas e outros insetos polinizadores, a administração das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Capivari-Monos e Bororé-Colônia criou, em 2020, um grupo de trabalho vinculado a seus conselhos gestores, a fim de planejar e organizar atividades de observação e monitoramento desses animais com transparência à população.

 

Luccas Longo, biólogo da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DGUC) e gestor da APA Capivari-Monos, destaca: “precisamos todos popularizar e promover as áreas protegidas através da mobilização da sociedade. Uma das maneiras que podemos fazer isso é estimular a conexão com a natureza, por exemplo, por meio de sua observação”. Segundo ele, será promovida, ainda este ano, uma atividade para estimular a observação desses insetos nos PNMs e em outras unidades de conservação.

 


Borboleta, Ancyluris meliboeus. Fonte: Amanda Roschel/SVMA

 

Esta reportagem contempla o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15 (Vida Terrestre).

 

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