Possibilidades para o Ensino das Ciências e Culturas Africanas

topo

Possibilidades para o Ensino das Ciências e Culturas Africanas
 

Dias: 3/6 e 10/6, quintas-feiras
Horário: 15h às 17h

Inscrições encerradas

Descrição

No ano de 2003 materializou-se uma vitória e desafio no paradigma educacional brasileiro. Desde que a luta negra proporcionou a nós a aprovação da Lei 10.639/03, posteriormente alterada pela 11.645/08, que torna obrigatório o ensino de História, Ciência e Cultura Africana nas escolas da rede pública e privada durante o Ensino Fundamental e Médio; os professores, acostumados ao ensino eurocêntrico (a perspectiva científica e cultural que coloca a Europa como centro de gênese científica e cultural em relação à outros povos), viram-se em grandes dificuldades em atualizar seu currículo acerca desta demanda tardia.

Dezoito anos passaram-se desde então, e o movimento decolonial (que permite a constatação científica e cultural para além da centralidade europeia) em sala de aula ainda é muito escasso por diversos paradigmas. O tema decolonialimo refere-se ao eurocentrismo e ao racismo estrutural, entendidos como a naturalização e institucionalização de circunstâncias de acesso aos espaços, hierarquias e condições de vida orientadas pela discriminação racial e cultural.

É importante salientar que, ainda que faça parte da iniciativa de Diálogos Étnico-Raciais, falar de História, Cultura e Ciências Africanas, não significa necessariamente pontuar a questão de raça ou racismo. Essas nomenclaturas são datadas e possuem pontos de origem na sociedade construída pelo Ocidente branco. Desta forma, falar de Ciências e Tecnologias Africanas possui a mesma conotação que tratar de Ciência e Tecnologia Européia, Asiática e Nativa Americana. Todos os povos são dignos desta construção que perpassa a atribuição de sociedade e civilização.

É necessário, portanto, o pensamento de que existe a possibilidade de se falar da população branca com o recorte racial e de racismo, tal como falar da população negra sem necessariamente falar de raça.

Assim, esta atividade dialógica buscará oferecer soluções de enfrentamento a esta questão, e enfim torná-la uma prática nas nossas vidas e saberes.

 

Conteúdo Programático

1º dia - Metodologias e perspectivas para o estudo e ensino da África

Este primeiro encontro visa entender a perspectiva pela qual os estudos de Ciência, Cultura e História Africana e negra poderiam perpassar. Este ponto é crucial, pois a metodologia e posicionamento para se estudar o Antigo Império Romano não pode ser necessariamente o mesmo para se entender o Antigo Império Kushita (Nubio). Para entender o legado científico e cultural africano é preciso pensar em métodos que considerem as perspectivas da população africana no mundo, e não métodos normalizados que colocam a Europa como centro do conhecimento, já que esses representam a negligência com a história africana, ou ainda, o fetiche, objetificação e exotismo pelo pela sua cultura, sendo então duas facetas da violência, falta de entendimento e respeito para com todo este povo e sua história.

Bibliografia:
- ANI, Marimba. Yurugu, uma crítica africano-centrada do pensamento e comportamento cultural europeu. 1994.
- SANTANA, Tigana. A cosmologia africana dos bantu kongo por Bunseki Fu Kiau tradução negra, reflexões e diálogos a partir do Brasil. 2019.
- ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade como Crítica do paradigma hegemônico ocidental introdução a uma ideia. 2016.
- NASCIMENTO, Elisa Larkin. Afrocentricidade uma abordagem epistemológica inovadora. 2009.
- BENEDICTO, Ricardo Matheus. Afrocentricidade, Educação e Poder uma crítica afrocêntrica ao eurocentrismo no Pensamento Educacional Brasileiro. 2016

2º dia - Filosofia, Cosmovisão e História do Nordeste Africano


Este segundo encontro parte da experimentação de uma aula acerca do Antigo Egito, pela perspectiva do facilitador. A proposta é dialogar sobre como estudar este território, tão mal entendido pela academia, mídia e senso comum, e que pode muito bem ser um ponto de origem para um estudo científico digno do legado africano. Estudar o Antigo Kemet (Egito) é proporcionar um fundamento para a prática decolonial em sala de aula, trocando-se o clichê “tudo vem da Grécia”, para o “todas as coisas possuem diferentes origens, mas a origem de muitas coisas é africana”.


Bibliografia:
- UNESCO. História Geral da África Volume I Metodologia e pré-história da África. 2010
- DIOP, Cheikh Anta. Origem Africana da Civilização mito ou realidade. 1974.
- CAMARA, Giselle Marques. Maat, o princípio ordenador do cosmo egipcio uma reflexão sobre os princípios encerrados pela deusa no Reino Antigo.
- WILLIAMS, Chancellor. A Destruição da Civilização Preta, grandes questões de uma raça, de 4500 a.C. até 2000 d.C; 1974.
- OBENGA, Théophile. Egito História Antiga da Filosofia Africana. 2004.
- JAMES, George G. M; Legado roubado. 1954.
- OLIVA, Anderson Ribeiro. Desafricanizar o Egito, embranquecer Cleópatra: silêncios epistêmicos nas leituras eurocêntricas sobre o Egito em manuais escolares de História no PNLD 2018.

 

Facilitação

Thiago Iaqeb Ahmose
Quadrinista e estudante de Licenciatura em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia campus São Paulo. Pesquisador do Nordeste Africano - a região chamada de Egito, cujo nome originário africano seria Kemet. Vivente na espiritualidade do Antigo Kemet sob a perspectiva linguística, na leitura e escrita do Medu Neter (conhecido como Hieróglifo). Os estudos de raça não são uma área de expertise, mas uma vivência que trouxe leituras, diálogos e enfim possibilidades pedagógicas, já que para uma pessoa negra no Brasil, falar de raça não é um foco, mas uma questão de sobrevivência.


 

Coordenação

Pedro Cardoso Smith

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

   

Público: Professores do Ensino Básico e qualquer pessoa interessada em geral

Vagas: 20 

Dias: 03/06 e 10/06 (5ªs feiras)

Horário: das 15h às 17h

Local: Plataforma Google Meet

O CURSO SERÁ OFERECIDO NA MODALIDADE À DISTÂNCIA, NA PLATAFORMA GOOGLE MEET, E ASSIM QUE VOCÊ FIZER SUA INSCRIÇÃO E CONFIRMAR SUA PRESENÇA, RECEBERÁ INFORMAÇÕES SOBRE COMO PARTICIPAR DAS AULAS VIRTUAIS.

 

Inscrições encerradas

 

 

Confira nossas redes socias

 

  •