Sábado de astronomia e lazer

Minicurso de Sistemas Planetários e observação solar instrutiva e gratuita acontecem aos sábados no Parque Municipal do Carmo, na zona leste de São Paulo.

2024 conta com uma programação incrível para os apreciadores de astronomia. Neste mês de maio, aos sábados, Daiane Breves Seriacopi, professora do Planetário Municipal do Carmo – Prof. Acácio Riberi, ministra pela manhã um minicurso de 4 encontros sobre Sistemas Planetários, com aulas sobre o Sol (a nossa estrela), o Sistema Solar (abordando planetas, luas, planetas anões, asteroides e cometas) e Exoplanetas (aqueles que estão fora do nosso Sistema Solar). À tarde, no gramado em frente ao parque infantil principal, conhecido como playground do Parque Municipal do Carmo, uma equipe do Planetário está sempre por lá para mediar a observação do Sol com telescópio.

A aula sobre o Sol tinha alunos e ouvintes de idades variadas, dos 8 aos 60 anos, com algum gosto por astronomia. As perguntas norteadoras da aula foram “qual a composição do sol?”, para a qual Daiane esperou alguns palpites logo antes de mostrar os elementos e, mais importante ainda, “como, há anos atrás, chegou-se na resposta?”.

A técnica, relativamente simples, é chamada de Espectroscopia e utiliza a luz para estudar as propriedades da matéria. Basta um prisma ou uma rede de difração para decompor a luz e comparar os espectros (como códigos de barras) de cada elemento.

Espectro (ou código de barras) da luz solar.

Para demonstrar a técnica, a professora disponibilizou três pequenos espectrógrafos caseiros (que podem até ser montados em casa, com pedaços de CDs) e explicou para a turma que eles funcionam como uma rede de difração, decompondo a luz. Primeiro os espectrógrafos foram utilizados fora da sala de aula, revelando o código de barras da luz do dia (solar). Em seguida, Daiane acendeu lâmpadas de mercúrio e hidrogênio, uma depois da outra, para observar os espectros de cada um desses elementos.

Lâmpadas de hidrogênio (rosa) e mercúrio (azul).

Cada elemento químico tem o seu próprio espectro (ou código de barras). Ao comparar o espectro do hidrogênio com o da luz solar, por exemplo, nota-se que os padrões coincidem e, portanto, que o hidrogênio está presente na composição do próprio sol. As faixas escuras no espectro se dão, então, por causa da absorção da luz solar pelos átomos de hidrogênio (bem como dos outros elementos químicos) que estão presentes a partir da superfície do sol. A cargo da curiosidade, a composição é de Hidrogênio (92,1%), Hélio (7,8%), Oxigênio (0,061%), Carbono (0,039%) e Nitrogênio (0,0084%) - informação retirada do livro Nossa Estrela, o Sol da autora Adriana Válio.

Finalmente, alguns outros ensinamentos dessa aula também puderem ser aprimorados durante as explicações da equipe responsável pela observação solar com telescópio no gramado aberto do parque. O telescópio funciona em pleno dia graças a um filtro na frente da lente que bloqueia cerca de 99,999% da luz solar, deixando passar apenas o 0,001% restante. Além de umas manchinhas pretas no sol, que são os seus locais de atividade magnética, enxerga-se o círculo no telescópio de uma cor amarelada por conta do filtro, mesmo a luz da estrela sendo branca.

A equipe, coordenada por Nícolas Dick Vidal de Oliveira, convidou adultos e crianças pelo gramado a participarem das mediações, que acontecem das 14h30 às 16h e envolvem um outro equipamento de projeção solar, o Sunspotter, que utiliza três espelhinhos, duas lentes e uma folha de papel para refletir e projetar o sol. O mais interessante deste equipamento é observar a movimentação da projeção pelo papel, explicada principalmente pelo movimento de rotação da Terra mas também pela translação terrestre em torno da estrela.

Projeção do sol no Sunspotter em posições diferentes (esquerda e direita) e telescópio com filtro (centro).

A sensação de maravilhamento foi notória para os participantes das atividades. O estudo do Sol, através das técnicas da espectroscopia e pelas observações solares no Parque, despertou uma curiosidade generalizada e foi cheio de indagações, palpites, suposições e respostas. Houve um senso de admiração muito forte por todos, crianças ou não. Um professor de geografia inclusive relatou que ficou ainda mais inspirado a olhar o céu, seu mais novo hobby, e se conectar aos mistérios do cosmos.

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