Amostra do Curso de Arborização Urbana

Marcio Yamamoto leciona sobre Arborização Urbana para a turma de Jardinagem na segunda semana de maio.

O engenheiro florestal Marcio Amaral Yamamoto é coordenador do Curso Municipal de Arborização Urbana da UMAPAZ e é professor de três temas no Curso Municipal de Jardinagem. São eles: Gramas e Capins, Arborização Urbana e Poda. No dia 07/05, a aula ministrada foi uma amostra do seu curso de Arborização Urbana, como ele mesmo colocou.

Primeiro, deixou claro que o conceito de Biodiversidade se refere a formas de vida, para depois detalhar a vegetação original de São Paulo. Com dados do Manual Técnico da Vegetação Brasileira do IBGE, apresentou biomas típicos da cidade, como a Floresta Ombrófila Densa, “amiga das chuvas”, e o Campo (típico do Cerrado), onde hoje predomina a gigante malha urbana.

A aula seguiu com o conceito de afloramento do solo (como Stone Lines, “tapetes” de pedras que surgem nos solos a depender da sua exposição), a exibição do mapa da cidade feito por Alfred Usteri em 1911 e o pequeno histórico do planejamento de arborização urbana de São Paulo. Em 1789 foi iniciada a construção do Jardim da Luz, 1º jardim público da cidade, a mando de D. João VI (ainda em Portugal). Atualmente, há muita desigualdade em termos de arborização na cidade (relação habitante por árvore), tal qual na subprefeitura de Pinheiros há 6 (precisamente 5,8) habitantes/árvore, e em Tiradentes 60 (62,7) hab./árvore.

No curso completo de Arborização Urbana, Marcio faz uma discussão mais aprofundada sobre essa questão, abordando a questão social e econômica destes fatos também, mas nessa aula ele segue para a explicação dos benefícios da floresta urbana e um exemplo de um experimento realizado na cidade de Lancaster (Inglaterra), que mediu o impacto das árvores na calçada de uma avenida habitacional de tráfego contínuo. Outros estudos ainda revelam benefícios na melhora da qualidade do ar, assim como a poluição sonora, e os níveis de estresse e pressão arterial reduzem muito, entre outras tantas amenidades para riscos médicos diversos.

Além disso, como o planejamento de arborização urbana também é um investimento na prevenção de enchentes, de gastos com reparo na fiação elétrica, no valor da propriedade, no sequestro de carbono, entre outros benefícios (ou economias). São Francisco e Oregon, nos Estados Unidos, são exemplos de um ótimo planejamento urbano e de uma gestão tecnológica bastante boa, respectivamente. Para cada dólar investido em floresta urbana foram calculados 3 dólares em benefícios. Um aplicativo usado para medir a valoração da floresta urbana é o i-Tree, parceria público-privada do governo norte-americano com organizações e empresas não-governamentais.

No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, junto com a USP, utilizou deste software para calcular o valor econômico da floresta urbana do parque Ibirapuera para a cidade de São Paulo, ainda em 2016. Esse tipo de estudo, além de tudo, mobiliza e reforça o ecoativismo contemporâneo, o qual percorre o caminho da cidadania e valoriza a coletividade em contrapartida à individualidade.

A aula encerrou com ênfase na legislação sobre arborização urbana, pela lembrança de decretos reguladores dessa frente de atuação e pela explicação de alguns pontos do Manual Técnico de Arborização Urbana da cidade. Ele tem grande utilidade, por exemplo, para a modernização do sistema de distribuição de energia elétrica.

No curso, Marcio encerra as atividades com uma visita técnica no parque Cemucam, que tem um viveiro especializado em mudas de plantas nativas para o reflorestamento da cidade (Viveiro Harry Blossfeld). A pequena, mas riquíssima, amostra foi mais uma inspiração para alguns alunos continuarem a preparar o berço - e não a cova - de mais muitas gerações de árvores em São Paulo.