Série de webinares do Maio Amarelo atrai público de mais de 1.200 pessoas

Série de eventos virtuais debateu temas relevantes ligados à mobilidade urbana e contou com a participação de autoridades e especialistas de São Paulo, Bogotá, Buenos Aires e organismos internacionais

Mais de 1.200 pessoas acompanharam a série de webinares “Ruas mais seguras e acessíveis: Os novos rumos da mobilidade”, realizada pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global como parte das atividades do Maio Amarelo de 2021.

Os quatro eventos virtuais somaram 780 espectadores durante as transmissões ao vivo. E as gravações dos webinares, disponibilizadas no YouTube da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes e nas plataformas de streaming, tiveram 425 execuções até as 16h desta quarta-feira (26/5).

Os seminários foram realizados todas as quartas-feiras de maio, pela plataforma Zoom. O primeiro encontro, no dia 5/5, teve a presença do prefeito Ricardo Nunes, do secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Levi Oliveira, do subsecretário de Política de Movilidad de Bogotá, Juan Esteban Martínez Ruiz, e da subsecretária de Planificación de la Movilidad de Buenos Aires, Lucila Capelli.

Nas semanas seguintes, autoridades e especialistas da Prefeitura de São Paulo e de organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde, o Banco Mundial e o WRI, estiveram nos webinares para debater temas como segurança viária, mobilidade ativa, inclusão e o impacto da Covid-19.

A acessibilidade foi assegurada com a presença de intérpretes de Libras e, no início de cada fala, todos os participantes fizeram uma autodescrição de suas características físicas e dos ambientes mostrados na tela.

O primeiro webinar, no dia 5/5, sobre os impactos da pandemia de Covid-19 nos deslocamentos e no transporte público, foi aberto pelo prefeito Ricardo Nunes. Ele ressaltou o envolvimento da Prefeitura com o Maio Amarelo e suas ações para aumentar a segurança viária, incentivar o uso do transporte coletivo e promover a mobilidade ativa. Além disso, reforçou as medidas adotadas para aumentar a segurança de pedestres e ciclistas, como a reforma de 1,9 milhão de metros quadrados de calçadas nos últimos quatro anos e a expansão da malha cicloviária.

Ao expor como São Paulo está trabalhando para reduzir as mortes no trânsito e encarar os novos desafios de mobilidade impostos pela pandemia, o secretário de Mobilidade e Transportes, Levi Oliveira, reforçou que a cidade consolidou a agenda da mobilidade ativa, incentivando o uso da bicicleta em trajetos curtos e longos ou fazendo conexões com outros modais.

Juan Esteban Martínez Ruiz, subsecretário de Política de Movilidad de Bogotá, informou que os desafios para o transporte público na capital colombiana durante a pandemia incluem o incentivo ao uso de bicicletas e a construção da primeira linha de metrô da cidade, além da aquisição de ônibus elétricos a partir de 2022.

Na mesma linha, a subsecretária de Planificación de la Movilidad de Buenos Aires, Lucila Capelli, mostrou os desafios da capital argentina para incentivar a mobilidade ativa e afirmou que boa parte das estruturas instaladas provisoriamente para pedestres e ciclistas tendem a se tornar permanentes, destacando a grande adesão, principalmente de mulheres, ao uso de bicicletas.

O segundo encontro, no dia 12/5, abordou a mobilidade ativa como instrumento de compartilhamento do espaço urbano e prevenção de doenças.

No evento, o gerente-executivo do Plano Cicloviário da SMT, Edenir Simões, anunciou novos editais de concorrência para a implantação de mais 48 km de conexões de estruturas cicloviárias na cidade de São Paulo. Ele também destacou a importância do Plano Cicloviário da cidade – que hoje tem a maior rede cicloviária do país, com 681 quilômetros – e ressaltou que estão previstos mais 300 quilômetros de novas ciclovias e ciclofaixas até 2024.
A diretora executiva do programa de Mobilidade Urbana do WRI, Claudia Adriazola, destacou a utilização de bicicletas como forma de deslocamento sustentável, não poluente e acessível em grandes cidades como São Paulo.

A secretária executiva de Habitação da Prefeitura de São Paulo, Elisabete França, destacou as ações realizadas pelo município para tornar São Paulo cada vez mais amigável a pedestres e ciclistas, como o Manual de Desenho Urbano e Obras Viárias, que trouxe diretrizes e critérios próprios para os mais diversos tipos de intervenção no espaço público da cidade, e a regulamentação do Estatuto do Pedestre.

O coordenador de programas da NACTO-GDCI, Eduardo Pompeo, ressaltou a importância de considerar o planejamento do desenho urbano sob o ponto de vista de pedestres e ciclistas, por serem os usuários mais vulneráveis do sistema viário.

O terceiro webinar, no dia 19/5, teve como foco as chamadas Áreas 30 ou de Trânsito Calmo e foi realizado durante a Semana Mundial de Segurança Viária da Organização das Nações Unidas (ONU), que defende limites de 30 km/h como norma em vias onde há grande circulação de pessoas e de carros.

O assessor da Unidade Técnica de Determinantes da Saúde, Doenças Não Transmissíveis e Saúde Mental da Opas/OMS, Victor Pavarino, abriu o painel lembrando que 1,3 milhão de pessoas morrem por ano no mundo em ocorrências de trânsito e que a velocidade é um dos principais fatores de risco para as fatalidades. Ele afirmou que a implantação de zonas com limites de 30km/h são um exemplo prático de medida para a redução de mortes e que seus benefícios vão além da segurança viária, como o estímulo à atividade física e a melhoria da qualidade do ar.

Juan Miguel Velasquez, especialista em transportes do Banco Mundial, afirmou que a redução de 2% na velocidade média mundial pode salvar 100 mil vidas por ano. Ele citou a promoção do transporte público integrado, o redesenho de calçadas para incentivar a mobilidade ativa, a criação de vias segregadas para bicicletas e o uso de rotatórias bem desenhadas em cruzamentos entre as medidas que já demonstraram alta eficácia para a redução de mortes.

O consultor sênior do WRI, Sérgio Avelleda, lembrou que as políticas públicas de gerenciamento de velocidades precisam tratar também a resistência de parte da população à redução dos limites nas grandes cidades, porque muitas pessoas acreditam que excesso de velocidade não seja um risco. Ele defendeu que os fabricantes adequem a velocidade máxima dos veículos ao que é permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro, lembrando que, quando foi secretário municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo (em 2017 e 2018), a velocidade dos ônibus foi limitada a 50 km/h.

A chefe da assessoria técnica da SMT, Maria Teresa Diniz destacou o que a Prefeitura tem feito para aumentar a segurança viária e os avanços obtidos nos últimos anos. A cidade lançou seu primeiro Plano de Segurança Viária, o Vida Segura, em abril de 2019, baseado no conceito de Visão Zero, segundo o qual nenhuma morte no trânsito é aceitável. Entre as ações implantadas, estão Áreas Calmas, com limites de 30 km/h, e os programas Pedestre Seguro, Travessia Segura, Rota Escolar Segura, Territórios Educadores e Vias Seguras, iniciativas que serão ampliadas.
Por fim, o último painel, realizado em 26/5, teve como tema "Gênero, segurança e mobilidade".

A coordenadora do Grupo de Trabalho de Ações Contra Violência de Gênero, Raça e Diversidade na Mobilidade Urbana, Luciana Durand, apresentou uma pesquisa inédita realizada pela SPTrans durante a pandemia, que aponta que a maioria (57%) dos passageiros dos ônibus municipais são mulheres jovens, negras, com ensino médio completo, que trabalham em ocupações no setor do comércio e têm renda média familiar de R$ 2.400, pertencentes à classe C. Entre outros dados, o estudo mostrou ainda que 70% dos usuários dos ônibus tiveram que continuar trabalhando presencialmente, mesmo diante das recomendações de se evitar deslocamentos para conter a disseminação da Covid-19.

A secretária da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de São Paulo, Silvia Grecco, destacou as parcerias em acessibilidade com a pasta de Mobilidade e Transportes e disse que, quando se pensa na questão da mobilidade urbana, muitas ações podem ser tomadas: acessibilidade nos ônibus e automóveis, semáforos sonoros e guias rebaixadas são muito importantes, mas a inclusão passa também pela mudança de atitudes, como o respeito às vagas reservadas para pessoas com deficiência.

A pesquisadora em Mobilidade Urbana do Banco Mundial, Haydee Svab, disse que é necessária a conscientização sobre como o trânsito causa mortes. Ela apresentou estudo sobre gênero e transportes apontando que as mulheres são mais vulneráveis no transporte público, pois são a maioria de quem anda a pé, de ônibus e de metrô, enquanto os homens são maioria no transporte individual (automóveis e motocicletas). Após apresentar dados e fazer sugestões de melhorias, Haydee fez uma homenagem à pesquisadora e cicloativista Marina Harkot, morta em 2020 enquanto pedalava na zona oeste de São Paulo.

Laura Samily da Silva, Inovação da Think Olga, apresentou a pesquisa “Meu ponto seguro” e disse que o Maio Amarelo tem uma importância grande para as causas da ONG. Ela afirmou que a pesquisa nasceu de um processo de construção coletiva e colaborativa para a busca de soluções não só de mobilidade urbana, mas de ações de políticas públicas para as mulheres. O estudo apresentou dados sobre a sensação de insegurança e experiências de assédio e violências sofridas por mulheres em seus deslocamentos.
 

Maio Amarelo

O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para redução de sinistros no trânsito que surgiu em maio de 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a “Década de Ação para Segurança no Trânsito”.

Em 2017, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes, realizou pela primeira vez ações do Movimento na cidade. Em razão da pandemia de Covid-19, o Maio Amarelo 2021 conta com uma programação on-line, voltada para educação e discussão de temas relevantes à mobilidade e segurança viária.

O tema do Maio Amarelo 2021 na Prefeitura é “Respeito e Cuidado Salvam Vidas”. Além dos webinars, estão previstas ações como posts em redes sociais e campanhas educativas, entre outras.

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