Superintendente de Projetos Viários participa de entrevista sobre estudos dos lagos de São Paulo

A execução destas obras depende de provimento de recursos

 A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras, SIURB, recebeu solicitação da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente em 2012, pedido que fossem estudados sete lagos da cidade de São Paulo, que apresentavam problemas nas barragens e em estruturas hidráulicas. Alguns desses lagos são naturais, outros são artificiais, ou açudes, implantados onde havia originalmente um pequeno córrego, que receberam uma barragem de terra e a instalação de tubulações para o esgotamento gradativo da água.

A análise contratada pela SIURB abrangeu o estudo da estabilidade da barragem, onde se a existência de sinais de instabilidade como a percolação de água, possíveis infiltrações, fissuras e solapamentos que possam colocar em risco a barragem. O resultado dessa análise permite contatar o grau de risco da barragem é que o risco é ainda moderado, havendo portanto, prazos para o planejamento destas obras a um médio prazo. Outro item que pode-se destacar do estudo da SIURB é o estudo hidráulico, ou seja, se ocorrem transbordamentos, como é o caso do lago do Ibirapuera, cujas águas chegam a atingir a Avenida República do Líbano.

O lago do Parque do Carmo também tem transbordamento, assim como ocorre em outros lagos.

Para evitar transbordamentos são projetados novos vertedouros, novas tubulações ou mesmo elevação das barragens existentes.
Os vertedouros são estruturas hidráulicas que controlam as vazões de descarga dos lagos. Para cheias excepcionais são implantados estravasores que permitem que a água possa verter sem causar danos nas vias próximas ao lago, como por exemplo, o lago da Aclimação.

No caso do lago do Parque Burle Marx o córrego original era muito pequeno, e não apresentava vazões de grande proporção, sendo assim, a barragem que foi construída ainda adequada, não sendo necessário o alteamento da barragem. Assim o projeto para o lago do Parque Burle Marx é mais simples prevendo apenas a troca das tubulações antigas que seguem para o Rio Pinheiros e a substituição dos vertedouros existentes.

Nesta região os problemas de saneamento são menores, no entanto, ainda existe a denominada poluição difusa, que são poluentes provenientes da rua. “A bacia hidrográfica do lago do Burle Marx não tem nenhum problema deste tipo e isto preserva a condição de qualidade da água no lago, certamente”, destaca o Superintendente de SIURB, Pedro Algodoal. No entanto, assim como em toda a cidade, o Parque Burle Marx passa por problemas com a poluição difusa. “Uma parte da bacia desse lago é urbanizada, então tem ruas que despejam água para dentro desse lago. Então isto pode trazer uma coisa que a gente chama de poluição difusa. Por exemplo, se algum morador lava a calçada com detergente, esse produto entra no lago.” Outro exemplo da poluição difusa ocorre após longos períodos de estiagem, e quando as primeiras chuvas caem tudo que ficou acumulado nas ruas, nos telhados das casas é levado para as galerias, ou seja, fuligem, óleo, sedimentos, dejetos e isto polui, sendo chamado de poluição difusa.

A SIURB foi chamada na Câmara Municipal para explicar as soluções previstas a partir desta análise, pois no caso do lago do Parque Jacques Cousteau a previsão de aumento da barragem existente foi interpretada como a transformação do lago em um piscinão, no entanto, o apontamento feito por SIURB é voltado para melhorar o sistema existente e evitar os transbordamentos que ocorrem a cada período de chuvas nas ruas no entorno do parque.

Um exemplo de que estas melhorias não interferem no meio ambiente é o lago do Parque de Toronto, onde já existe um sistema de retenção de água funcionando. Estas estruturas hidráulicas permitem uma variação de nível do lago, ou seja, tem um espelho de água constante, que na cheia pode subir, algo em torno de 1 metro, e após o período de intensas chuvas é gradativamente drenado para os córregos que o abastecem, evitando os transbordamentos e garantindo o eco sistema do lago. Dois lagos em São Paulo tem este sistema em funcionamento: lago da Aclimação e o Parque de Toronto.

O lago da Aclimação, logo após o rompimento do vertedouro que causou em setembro de 2009 o esvaziamento do lago, passou por obras semelhantes as apontadas neste estudo. A rua Muniz de Souza inundava, antes das novas obras realizadas no lago da Aclimação, e hoje não inunda mais. O que podemos atribuir ao sistema de variação de nível da água. No caso do Lago da Aclimação não houve modificação nos alimentadores da formação do lago. Os sedimentos que vinham por meio destes formadores do lago da Aclimação que são os córregos: Pedro Azul e Jurubatuba, foram mantidos, sendo esta a condição natural do lago. Foi feita uma galeria de contorno que nos períodos de cheias leva o excedente de água para o lago da Aclimação, e evita as enchentes nas ruas no bairro.

De acordo com o Superintendente de Projetos Viários, engenheiro Pedro Algodoal seria necessário o saneamento dos afluentes para reduzir o impacto dos poluentes nos lagos: “No caso da Aclimação ela tem uma galeria de contorno. A água mais suja, que pode ter algum lançamento de esgoto, contorna o lago, quando vem uma onda de cheia, tem uma caixa que faz esta partição de vazão e dai estravaza para o lago. O lago recebe esta onda de cheia, e com esta estrutura nova que foi construída, o lago recebe esta onda de cheia e não transfere para as ruas, como transferia antes, principalmente a rua Muniz de Souza. O lago da Aclimação tem um efeito amortecedor de cheias, não que seja um piscinão, ele continua sendo um lago”.

A SIURB analisou as condições de sete lagos na cidade de São Paulo, sendo: Lago do Parque Burle Marx, Lago do Ibirapuera, Lago do Parque Jacques Cousteau, Lago da Aclimação, Lago do Parque Cidade de Toronto.

Texto: Maria Regina Nogueira Jornalista Mtb 19271

Imagens: Superintendência de Projetos Viários