Projeto Ler pra Crer beneficia mais de 600 mil pessoas com deficiência visual

Inédito na cidade de São Paulo, o projeto tem como objetivo proporcionar aos deficientes visuais o acesso à leitura de forma simples e eficiente

Dos 10,5 milhões de habitantes da cidade de São Paulo, cerca de 6,5% apresentam alguma deficiência visual, incluindo os que têm baixa visão ou cegueira total. Na tarde desta terça-feira (12), no Edifício Matarazzo, foi lançado o Projeto Ler pra Crer que permitirá a mais de 600 mil pessoas ter acesso à leitura de forma simples e eficiente. 

A iniciativa é inédita e foi idealizada pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida - SMPED, em parceria com o Instituto Vivo e com o apoio das Secretarias Municipais da Educação e Cultura e da Laramara - Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.

Por intermédio do Projeto Ler pra Crer, qualquer pessoa pode escolher um livro e solicitá-lo a uma das sete bibliotecas municipais com acervo em Braille para participar da etapa inicial do programa (clique aqui e confira os endereços ). Se não houver um exemplar traduzido, o Instituto Vivo cuidará da impressão ou gravação em áudio-livro.

O contrato com a Vivo é de três anos e o Instituto arcará com os custos da tradução, com prazo de 30 dias para produzir o exemplar.

O diretor-geral do Instituto Vivo, João Luis Barroso lembrou que o projeto nasceu após uma série de contatos com a Secretaria ´Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, que identificou no programa de voluntariado da entidade, voltado para os deficientes visuais, a oportunidade de uma parceria “que vai mudar o cenário educacional  e cultural de São Paulo”. Conforme enfatizou, “o projeto permitirá que essas pessoas tenham acesso à grande parte dos livros do acervo das bibliotecas municipais que hoje não está acessível,  pois ainda não foi traduzida”.

A expectativa da SMPED é de que o Projeto Ler Pra Crer possa facilitar o acesso  a um acervo que já existe, de 22 mil livros e 6 mil títulos, na biblioteca em Braille do Centro Cultural São Paulo, um fato que muitas pessoas com deficiência visual não têm conhecimento. O objetivo é facilitar a produção destes livros e a sua distribuição nas bibliotecas municipais e dos CEUs, para a ampliação do acervo e do número de solicitantes, que terão condições de aumentar os seus conhecimentos e melhorar a sua formação cultural e profissional. Estamos começando com sete bibliotecas municipais e 10 dentro dos CEUs.

Durante a solenidade, o Instituto Vivo entregou os certificados a um grupo de 13 voluntários da entidade que fez um curso que os habilita a revisar o material destinado à confecção dos livros em Braille. A presidente da Laramara, Mara Siaulys, foi homenageada com a entrega de um exemplar do seu livro “Brincar para Todos”, traduzido em Braille e utilizado no treinamento dos voluntários do Instituto. o Instituto presenteou a SMPED com uma máquina de escrever em Braille.

O Sistema Braille

Braille é um sistema de leitura com o tato para cegos inventado pelo francês Louis Braille (Coupvray, Paris - 1809-1852). Aos três anos, Louis Braille feriu-se no olho esquerdo, o que provocou uma infecção no outro olho e causou sua cegueira total.

Quatro anos depois, Braille ingressou no Instituto de Cegos de Paris. Quando completou 13 anos, Braille inventou um sistema de pontos em relevo inspirado pela visita do capitão aposentado Charles Barbier, que trouxera um sistema de escrita para a noite permitindo aos militares a troca de ordens e informações silenciosamente. Este sistema, conhecido como Serre, é baseado em 12 pontos, ao passo que o sistema desenvolvido por Braille é mais simples, com apenas 6 pontos.

Braille melhorou seu sistema, incluindo a notação numérica e musical. Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional cujos caracteres se indicam por pontos em relevo - o deficiente visual distingue por meio do tato. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais.

No Instituto Real de Jovens Cegos de Paris, o novo código foi adotado oficialmente em 1854,  dois anos após a morte de Braille, provocada por tuberculose em 06 de janeiro de 1852, com apenas 43 anos.

Em 1952, cem anos depois, seu restos mortais foram transferidos da cidade de Coupvray para o Pantheon em Paris, pelo Governo Francês. Recebeu homenagens por representantes de quarenta nações, na ocasião em que tomou seu lugar nos grandes homens da França.


Curiosidade: Um cego experiente pode ler duzentas palavras por minuto.
 

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