Em 2007, foram registrados 653 mil acidentes de trabalho, que geraram 2.804 óbitos e 8.504 incapacidades permanentes parciais ou totais.
 

Devido ao peso excessivo das caixas que carregava diariamente como encarregado de produção, Jocélio Fernandes Dantas, atualmente com 32 anos, adquiriu sérios problemas de coluna. Ele foi submetido a uma cirurgia em fevereiro de 2007 e, desde então, está afastado do trabalho. A empresa em que trabalhou por mais de seis anos alega não ter interesse em reintegrá-lo.

Esta é apenas uma das histórias contadas pelos alunos do primeiro curso de capacitação direcionado exclusivamente a reabilitandos do INSS na capital paulista. Uma iniciativa das secretarias municipais da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) e do Trabalho (SMTRAB), em parceria com o INSS.

Na turma piloto, composta por 40 pessoas em processo de reabilitação profissional por motivo de acidentes de trabalho, os alunos têm aulas de Gestão Comportamental (carga horária de 24 horas), Informática (60 horas) e Marketing Profissional (60 horas), de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, no Centro Universitário Sant’Anna – UniSant’Anna. As aulas são ministradas por profissionais contratados pela SMPED.

Além de oferecer informações úteis para que os participantes estejam aptos a desempenhar funções diferentes das que exerciam anteriormente, o curso também trabalha a auto-estima dessas pessoas, conscientizando-as sobre a importância de retomar suas atividades profissionais. 

Histórias diversas

As dúvidas que passam pela cabeça dos reabilitandos decorrem não só do receio de não se dar bem em uma nova carreira, mas também da postura diferenciada de cada empresa logo após o acidente. Abandonado pelo antigo empregador, Jocélio enxerga no curso a chance de retomar seu caminho. “Aqui somos tratados com dignidade. Eles nos incentivam a buscar um recomeço. Quero mostrar que ainda tenho forças”. 

Já Claudianor Paulo Filho, 35 anos, trabalhava na área da construção civil. Em 2006, foi atropelado ao sair do trabalho e teve a perna direita amputada. Após o período de recuperação, a empresa encaminhou-o para reabilitação na AACD, arcando com todas as despesas. “Já conversei com os meus superiores e após esse curso volto a trabalhar numa outra área”.

Sobre o curso, Claudianor destaca a importância dos vários exemplos de pessoas que palestraram no primeiro módulo (Gestão Comportamental). Para ele, compartilhar essas experiências é fundamental para que os reabilitandos percebam que têm potencial para superar suas dificuldades.

Acompanhamento

A Prefeitura de São Paulo pretende acompanhar permanentemente os segurados do Curso de Capacitação Profissional de Reabilitandos do INSS, verificando o processo de encaminhamento ao mercado de trabalho, bem como a qualidade da inclusão desses profissionais nas empresas.

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