Dia das mães: A diversidade põe a prova e o amor a endossa

Duas mães contam suas emocionantes experiências. Uma teve um filho biológico com deficiência e a outra optou por adotar um com esta condição

A gente só vai viver melhor, quanto mais tolerante, plural e acessível à diferença e à diversidade a gente for.(Jurandir Freire Costa)


Embora o Brasil possua quase 24% de pessoas com deficiência, segundo o Censo 2010 do IBGE, a sociedade ainda convive com a falta de informação e preparo para lidar com determinadas situações. Não obstante ao preconceito, estão o medo e a dificuldade de relacionamento com pessoas com deficiência. A vergonha de encara-los, o desconhecimento de suas necessidades, o medo de emprega-los e até mesmo o excesso de zelo para com uma pessoa que é “supostamente” limitada.

Duas mães contam suas emocionantes experiências. Uma teve um filho biológico com deficiência e a outra optou por adotar um com esta condição.

Sílvia Regina Gonçalves, 57 anos, é mãe de uma filha de 35 anos sem deficiência e de um filho de 30 que sofre de Síndrome Asperger (Espectro Autista). Segundo ela, desde o nascimento já foi possível perceber a diferença dele para a irmã mais velha. O menino só começou a andar após os três anos de idade e passou a demonstrar sintomas de um comportamento receoso, irresoluto, tímido e de dificuldade de interação nos ambientes sociais, de estudo e trabalho.

Como mãe, Sílvia sente dificuldades em lidar com as diferenças entre os dois filhos e aponta a discriminação e preconceito da sociedade como agravantes no quadro clínico e psicológico do filho; atrofiando suas vontades e realçando seus medos. “Se morássemos em um país de primeiro mundo, haveria uma melhor qualidade de vida para ele”, desabafa.

Sílvia sente-se privilegiada por ter tido esse filho e arrisca a dizer que se fosse outra mãe, ele não teria os mesmos cuidados e carinho. “Deus não o colocou em minha vida. Eu é quem fui colocada na vida dele”, finaliza.

Outro caso de amor incondicional é o de Sílvia Grecco, 51 anos, que tem uma filha biológica de 26 anos e há seis optou por adotar uma criança. Sílvia fez o seu cadastro para adoção sem impor qualquer tipo de restrição de cor, idade, sexo, filho único, etc. Após sete meses de trâmite legal, foi contatada para uma conversa com um médico da Vara da Infância que a informou tratar-se de um menino de quatro meses que apresentava deficiência visual total. A futura mãe não teve dúvida, aceitou de pronto; já que outras 13 mães anteriores haviam recusado a criança.

Perguntada sobre o motivo de ter aceitado uma criança com deficiência, ela foi categórica ao responder: “Adotar não é fazer caridade. É um ato de amor e, acima de tudo, de instinto materno. O filho adotado é uma surpresa que a mãe aguarda como se fosse um filho biológico”.

Sílvia reconhece que, embora a sociedade esteja mais receptiva, ainda existem diversas barreiras. “As escolas tradicionais não estão preparadas para incluir pessoas com deficiência; no entanto, as escolas ditas especiais estão recebendo os demais alunos. É praticamente uma inclusão inversa”, diz.

Ter um filho com deficiência é uma luta diária. Do “luto” inicial de não saber o que fazer para as “lutas” cotidianas. Mas, o amor sempre prevalece e a experiência sempre será algo nobre. “Aprendo mais com ele do que ele comigo”, conclui.

Ser Mãe em São Paulo

A Prefeitura de São Paulo promove entre os dias 10 e 12 de maio, no Vale do Anhangabaú, uma série de atividades em comemoração ao Dia das Mães, neste ano celebrado no dia 12. O “Ser mãe em São Paulo” promoverá discussões sobre vários aspectos da maternidade.

A programação traz ainda tendas temáticas distribuídas pelo Vale do Anhangabaú com serviços, palestras, rodas de conversa, atividades culturais, feira gastronômica e oficinas de saúde. As atividades serão realizadas pelas secretarias municipais de Assistência e Desenvolvimento Social, Cultura, Direitos Humanos e Cidadania, Educação, Esportes, Lazer e Recreação, Governo, Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Políticas para as Mulheres, Promoção da Igualdade Racial, Saúde, Subprefeitura da Sé e SPTuris. E também por organizações da sociedade civil, como Sesc e Senac.

Palco

As apresentações no palco principal terão início na sexta-feira (10), às 12h30, com um show do grupo de percussão Ilú Obá de Min. Às 14 horas, sobe ao palco o Quarteto Paraisópolis, da Fundação Bachiana.

No sábado (11), o espaço receberá, pela manhã, a bailarina e coreógrafa Tatiana Tardioli para uma apresentação de dança materna. A atividade tem o objetivo de propor um exercício de autoconhecimento a gestantes. Pela tarde, se apresenta o grupo de teatro popular de bonecos do nordeste brasileiro, o mamulengo e o grupo de ballet da Associação Fernanda Bianchini, cujos integrantes são bailarinos e bailarinas com deficiência visual. Para encerrar as atividades do dia, a cantora Tulipa Ruiz, recém-premiada pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), sobe ao palco com a cantora e compositora Tiê, às 17 horas.

Rodas de discussão

Na tenda Arena serão realizadas palestras e rodas de discussões sobre os seguintes temas: a maternidade exercida por diversos modelos de organização familiar, sejam eles formados por mulheres e homens ou por casais homossexuais; a maternidade e a rotina de trabalho na sociedade contemporânea; e direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.

Serviços

Durante todo o evento, pequenas tendas espalhadas pelo Vale do Anhangabaú trarão informações, orientações e atendimento os visitantes. Informações sobre a Lei Maria da Penha, o teste do pezinho, aleitamento materno e orientações sobre adoção estão entre os serviços prestados. Haverá ainda tendas para a realização de testes de HIV e sífilis e oficinas de saúde da mulher e saúde bucal. O público também poderá se cadastrar em programas sócio-assistenciais.

Oficinas

O evento reunirá ainda oficinas de temas diversos. Haverá oficinas de bonecas, de cuidados com a pele da gestante, sobre o compartilhamento das atividades domésticas, de tai chi e práticas alternativas, de tênis de campo e de cartonagem. Haverá ainda espaços e momentos para brinquedoteca, sarau, contação de histórias, sensibilização sonoro musical.

Pedalada

No domingo (12), para encerrar o evento, a Secretaria de Esportes convida as famílias a participar da pedalada no Centro Histórico de São Paulo. A atividade contará com a presença da primeira-dama, Ana Estela Haddad. O passeio terá início às 10 horas, em frente à sede da prefeitura, no Viaduto do Chá, e terminará em frente ao prédio dos Correios. 

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