Os 22 anos de sanção da Lei de Cotas para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho foram comemorados em evento organizado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo (vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego), com apoio de sindicatos, entidades e a FIESP, anfitriã da celebração. A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED) esteve representada pelo chefe de Gabinete, Otacilio Fernandes Filho.
Em sua fala na abertura do evento, o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, defendeu que o conservadorismo e o comportamento egoísta do Brasil são obstáculos à igualdade de classes no país. “Nós somos um país que durante muito tempo foi egoísta, uma elite que só pensou em si e que esqueceu que somos todos iguais. A Lei de Cotas foi o grande marco na inclusão do Brasil, pois abriu os caminhos na busca da igualdade e justiça para as pessoas com deficiência. Foram inúmeros os avanços ao longo desses 22 anos, mas agora é a hora de unirmos governo, empregadores, trabalhadores e a sociedade para que mais conquistas sejam asseguradas”, explicou. Estiveram presentes também na abertura o senador Eduardo Suplicy; o presidente da Fiesp, Paulo Skaf; a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Battistella; o procurador do Ministério Público do Trabalho, Ramon dos Santos, entre outras autoridades.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, se a Lei de Cotas fosse cumprida em sua totalidade, o Brasil teria 980 mil pessoas com deficiência empregadas formalmente. O Relatório Anual de informações Sociais (RAIS-2011) mostra, porém, que 325.291 pessoas estão empregadas no país, ou seja, a cada quatro vagas destinadas a Lei de Cotas, apenas uma é preenchida. “Não podemos falar que a culpa é a falta de qualificação dos trabalhadores, já que, segundo o Censo 2010 do IBGE, o Brasil possui três milhões de pessoas com deficiência com ensino superior”, lembrou Carlos Clemente, coordenador do Espaço Cidadania.
Para José Carlos do Carmo, coordenador do Projeto de Inclusão da Pessoa com Deficiência da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, "o sucesso do cumprimento total da lei não depende apenas da vontade do empregador. É necessário haver um envolvimento da sociedade como um todo para que as pessoas com deficiência sejam incluídas, não apenas no trabalho, mas também nas mais diferentes áreas", comentou
Para o metalúrgico Flávio Henrique Souza, que possui deficiência visual, assim como as empresas se preocupam em vender produtos a todas as pessoas, incluindo aquelas com deficiência, deveriam também se esforçar para contratarem profissionais nesta condição.
Após a cerimônia, as autoridades e os convidados se juntaram à sociedade civil na Rua das Flores (em frente ao prédio da Fiesp), onde foram instaladas tendas de movimentos sociais, órgãos públicos e ONGs para prestação de serviços diversos e um palco com apresentações artísticas.