Segunda turma de guardas inicia curso de Libras

A segunda turma do curso “Noções de Libras – Língua Brasileira de Sinais” para guardas civis metropolitanos começa nesta segunda-feira, dia 17. A formação de mais uma leva de guardas é resultado do sucesso das aulas, que estão preparando os oficiais para oferecer uma “proteção cidadã”, nas palavras do Coronel José Francisco Giannoni, coordenador-geral do Centro de Formação em Segurança Urbana, órgão da Coordenadoria de Segurança Urbana do Município de São Paulo.

O Centro começou a trabalhar com a idéia de um curso para preparar os servidores da Guarda Civil Metropolitana para atender pessoas com deficiência, em maio deste ano. São 90 horas/aula, divididas ao longo de duas semanas, em que são abordados aspectos teóricos de linguagem e de atendimento a pessoas com deficiência, exercícios práticos para aperfeiçoar a comunicação por meio da Linguagem Brasileira de Sinais-Libras, além de palestras e práticas de expressão corporal. São matérias como Epistemologia, Legislação e Técnicas na Abordagem com Deficientes Auditivos.

O objetivo é transmitir conceitos que permitam reconhecer as necessidades básicas da pessoa com deficiência auditiva, os sinais correspondentes ao alfabeto, a forma de se comunicar com as mãos, o modo de reconhecer a expressão corporal peculiar do deficiente auditivo e, através de painéis, discutir a maneira correta de atender essas pessoas.

“O curso foi muito bom”, comenta o Coronel Giannoni, sobre a primeira turma de 30 guardas, que se formou no último dia 7. “Eles ‘cantaram’ duas músicas, Trem das Onze e o Hino da Guarda Civil em linguagem de sinais”, conta.

Para a presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Joelina Nunes, “a iniciativa é muito boa”. “É a primeira vez que um órgão público cria ações para capacitar, formar, e que demonstra estar preocupado com esse segmento”, analisa. “Os deficientes auditivos têm muita dificuldade de comunicação”, explica. Esse problema se torna mais grave quando se relaciona à segurança pública. “Por isso, é muito importante que os guardas civis tenham ao menos uma noção da linguagem de sinais e de como lidar com esse público”. Segundo Joelina, a parcela da população da cidade de São Paulo com problemas auditivos fica entre 3% e 6%.

Em outubro, 30 alunos passarão pelo curso. A próxima turma começa no dia 12 de dezembro e, para 2006, novas turmas estão previstas. “O objetivo é ter 200, 250 guardas civis que consigam ter, pelo menos, uma comunicação básica com os deficientes auditivos”, explica o coordenador do Centro de Formação.

Quem designa os alunos que irão fazer o curso é a direção da Guarda Civil Metropolitana, dando prioridade para os agentes que atuam junto a escolas destinadas a atender ao público com deficiência.

Foi trabalhando perto da Escola Municipal de Educação Especial Helen Keller que a guarda civil – classe distinta - Meire Cristina de Souza Chiri, de 37 anos, começou a se envolver com a Libras. Hoje, ela é uma das principais instrutoras do curso de introdução à Língua Brasileira de Sinais da GCM. Graduada em Pedagogia e Administração Escolar, e Pós Graduada em Didática do Ensino Superior, Meire foi escalada para trabalhar na escola há cinco anos e passou a conhecer mais de perto o problema da surdez. Desde então, a guarda foi se aperfeiçoando - Meire já trabalhou como intérprete de Libras, ajudou em diversos casos como curadora de deficientes auditivos em questões judiciais e colaborou muito em Distritos Policiais para auxiliar em ocorrências envolvendo pessoas com deficiência.

Solidária com a causa do deficiente auditivo, a guarda tem o sonho de que a lei seja de fato colocada em prática, “sempre senti uma carência nos órgãos públicos no atendimento geral; bastaria que tivesse um intérprete em Libras nestes órgãos para que houvesse maior compreensão e o respeito ao deficiente”.

O curso “Noções de Libras” atende à Lei Municipal n° 13.304, de 21 de janeiro de 2002 e à Lei Federal n° 10.436, de 24 de abril de 2002, que reconhecem, como meio legal de comunicação e expressão, a Língua Brasileira de Sinais.