Seminário discute discriminação e violência contra mulheres com deficiência

Evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres durante os dias 26 e 27 de novembro

A Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres realizou, entre os dias 26 e 27/11, o Seminário de Políticas de Atenção e Prevenção à Violência Contra a Mulher no Serviço de Saúde. Entre os temas abordados nos dois dias de discussões, destaque para a mesa temática sobre "Discriminação e violência contra mulheres negras, mulheres com deficiência, lésbicas e idosas", que contou com a participação da secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marianne Pinotti.

“As mulheres com deficiência sofrem duplamente, tanto com a violência, como com a falta de acessibilidade nos equipamentos de saúde. Estamos trabalhando junto à Secretaria Municipal de Saúde para que as novas unidades básicas e as reformas das existentes contemplem essa questão”, comentou a secretária, que lembrou também da história da Maria da Penha. “Ela foi espancada brutalmente pelo marido durante seis anos de casamento e foi vítima de duas tentativas de assassinato por causa do ciúme doentio que ele sentia. Até que levou um tiro nas costas enquanto dormia, deixando-a paraplégica”.

A coordenadora do Idoso, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Guiomar Lopes, argumentou que a sociedade contemporânea tem negado o envelhecimento. “As mulheres são ensinadas a temerem a velhice”. Guiomar também apresentou dados de 2010 que mostram a redução na proporcionalidade de mulheres negras idosas em relação às brancas, comparando com faixas etárias menores. “Há um branqueamento da população acima dos 60 anos na cidade de São Paulo. Essa redução da proporção de negros começa a partir dos 55 anos. Para mim, a mortalidade precoce demonstra o racismo como determinante social da saúde”.

Para Anna Paula Vencato, assessora de LGBT da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, as mulheres lésbicas ainda não recebem atendimento adequado no sistema de saúde. “Há uma dificuldade da classe médica de entender as diferenças de sexualidade e os procedimentos que precisam ser adotados nesses casos”. O mesmo raciocínio foi defendido pela ativista Dora Simões. “Alguns profissionais são tão despreparados que já se negaram a fazerem exame de papa nicolau em mim após eu declarar ser lésbica. Argumentam que eu não preciso porque não tenho relação sexual com penetração”, finalizou.