Paralimpíadas Escolares: inclusão pelo esporte, superação pelo talento

A diferença entre o sonho e a realidade está no compartilhamento das histórias exitosas de superação através do esporte

Sua mãe ainda grávida infectou-se com toxoplasmose. Porém adquiriu imunidade, mas o filho nasceu com apenas 5% de visão no olho direito e 10% no esquerdo.

Praticante de provas de atletismo de velocidade e de longa distância há 6 anos, medalhista de prata nos 300 metros e com ótimo desempenho escolar.

Qual a disparidade das vivências acima?

Nenhuma!

Trata-se da história de Samuel de Souza, de apenas 15 anos, que ao entrar no atletismo passou a ter um maior engajamento social, acessibilidade física; enfim, teve sua autoestima transformada. O técnico da equipe de atletismo de Goiás, Kléber Fernando da Silva, que treina o pequeno Samuel, disse ter entrado no paraesporte há 4 anos e que os resultados alcançados pelos atletas é a maior satisfação de um treinador.

Eduardo Junior de Oliveira, o famoso Dudu entre os aficionados pelo Futebol de 5, é cego de nascença e disse ter sua vida transformada desde que passou a praticar essa modalidade. “Nasci com glaucoma congênito, cego , porém isso nunca me impediu de viver bem , vivo tranquilamente , terminei um namoro e hoje só “fico” (risos). Saio bastante com meus amigos, lá no Rio de Janeiro tem muitos lugares pra paquerar”, disse o atleta que é convocado com frequência para a seleção brasileira.

Rayane Leitão de Andrade, 24, é licenciada em Educação Física e técnica do time de futebol de 5 do Rio de Janeiro, onde Dudu joga. Assim que começou a trabalhar com essa modalidade se apaixonadou imediatamente. “Por serem atletas com deficiência visual, o futebol faz muita diferença na vida deles. É uma modalidade em que eles ficam soltos e se orientam pelo barulho que vem de dentro da bola. Justamente por esse senso de direção, são autônomos em suas atividades rotineiras. Não precisam de ajuda para irem à escola, ao banco, à praia”.

Assim como os atletas cegos do futebol de 5, os estudantes que disputam as competições de goalball se orientam pelo som vindo do guizo da bola. Como num balé perfeitamente sincronizado, os atletas defendem sua meta se alinhando deitados no chão, num movimento que se inicia ao ouvirem a bola saindo das mãos do atacante adversário. “ Fiz bastante amigos desde que entrei na equipe. É um esporte bem interessante para os cegos , pois desenvolve o tato, a audição e o companheirismo”, conta Pedro Henrique Duarte Gama, 16, jogador da equipe do Rio Grande do Norte, e cego desde os 7 anos por causa de um glaucoma.

Com a popularização do esporte para pessoas com deficiência e pensando na formação dos futuros atletas que representarão nosso país em jogos internacionais, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) lançou, em 2006, as Paralimpíadas Escolares. A primeira edição ocorreu em Fortaleza com apenas duas modalidades; atletismo e natação. No ano seguinte, foram realizadas em Brasília com o incremento do tênis de mesa e do goalball. Em 2008, não houve disputas. O Distrito Federal foi novamente anfitrião em 2009 e, de lá para cá, São Paulo vem sediando a competição que envolve participantes de todos os estados brasileiros.

Os atletas são estudantes com deficiência física, visual e intelectual de 12 a 19 anos da rede pública e particular, regularmente matriculados no ensino fundamental, médio ou especial reconhecidos pelo Ministério da Educação. As modalidades constantes nos jogos atuais são natação, tênis de mesa, judô, tênis em cadeira de rodas, voleibol sentado, futebol para cegos, futebol para paralisados cerebrais, judô, goalball, bocha e atletismo.

Um evento esportivo que teve início com a adesão de menos de 500 atletas de alguns estados brasileiros chegou, em poucos anos, ao patamar de quase 3 mil participantes de todo país, dezenas de atletas do Reino Unido e muitas histórias de superação.

Histórias como a de Cristiano Pereira da Silva, 17 anos, morador em Uberlândia-MG. Ele tem paralisia cerebral e, há seis meses, disputa competições de bocha. Em cada uma das praças esportivas, em qualquer modalidade, o que se observa são atletas superando o que poderia ser uma limitação.


História do esporte paralímpico

A primeira competição para atletas com deficiência aconteceu em Stoke Mandeville, no dia 29 de julho de 1948 – data exata da cerimônia de abertura da Olimpíada de Londres. Quatro anos depois surgiu o movimento internacional, hoje chamado de Movimento Paralímpico e a primeira Paralimpíada aconteceu em Roma no ano de 1960.

Embora a prática esportiva tenha surgido como terapia para o tratamento de combatentes que sofreram lesões na coluna vertebral (ficando paraplégicos ou tetraplégicos) após o término da Segunda Guerra Mundial em 1945; com o passar dos anos intensificaram-se as ações para que práticas esportivas se tornassem valiosas ferramentas de reabilitação médica e social, tanto para aqueles que, por alguma circunstância durante a vida, se tornaram pessoas com deficiência, quanto para os que nasceram com ela.

 

Fotos

Crédito das fotos: SMPED

Foto 1: Paralimpíadas Escolares 2013 - Tênis

Foto 2: Paralimpíadas Escolares 2013 - Futebol de 5

Foto 3 : Paralimpíadas Escolares 2013 - Goalball

Foto 4: Paralimpíadas Escolares 2013 - Atletismo

Foto 5: Paralimpíadas Escolares 2013 - Voleibol Sentado

Foto 6- Paralimpíadas Escolares 2013 - Bocha

Foto 7 - Paralimpíadas Escolares 2013 - Tênis de Mesa