Muito mais que um amigo: Dia Internacional do Cão-Guia reforça a importância deste auxílio para pessoas com deficiência visual

Os cães-guias têm a função de oferecer a pessoa com deficiência visual segurança na locomoção, melhora do equilíbrio emocional e a socialização

Marina com o seu cão guia Duke. Ela está encurvada, com o cão ao seu lado e abraça ele. Ele é um pastor alemão. Ela sorri, usa óculos escuros e roupa esportiva.
Marina Guimarães e o Cão-Guia Duke


Considerado o melhor amigo do homem, os cachorros podem ir além dos truques de sentar, rolar e pular. Eles podem ser os olhos de uma pessoa!

Nesta quarta-feira, dia 25 de abril, é comemorado o Dia Internacional do Cão-Guia, um importante auxilio para a autonomia das pessoas cegas. Segundo dados do Censo IBGE 2010, no Brasil são mais de seis milhões de pessoas com grande dificuldade para enxergar e 530 mil cegas. Na cidade de São Paulo, cerca de 340 mil pessoas declararam ter baixa visão ou serem cegos, porém o número de cães-guias no país ainda é muito baixo; menos de 200 estão formados.

A cultura do cão-guia no Brasil ainda é muito recente, chegou por volta dos anos 90. Os animais têm a função de oferecer para as pessoas com deficiência visual segurança na locomoção, melhora do equilíbrio emocional e a socialização. A formação de um cão-guia é lenta, leva em média dois anos, requer cuidados especiais e só pode ser feita por profissionais especializados. O treinamento do cachorro passa por quatro etapas até o acompanhamento definitivo.

Para obter um cão de auxílio no Brasil ainda apresenta dificuldade. Para a escrevente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Marina Guimarães, que tem deficiência visual e dona do cachorro Duke, a falta de incentivo é a principal barreira no país: “No Brasil, não temos uma lei para fomento de cães-guia. Outro fator é encontrar famílias socializadoras, pessoas que acolhem e levam os animas para frequentar shoppings, transporte público, parques, escritórios, entre outros. Não é uma cultura difundida”, explica.

Marina Guimarães conseguiu o Duke, cão da raça pastor alemão, por meio de uma instituição chamada “Guide Dogs of the Desert", nos Estados Unidos. Entre as diversas facilidades que o animal trouxe para sua vida, há dois anos e meio, a principal foi a inclusão social: “As pessoas tem medo de conversar com uma pessoa com deficiência, principalmente em usar termos e ofender. Quando te olham com um cão-guia, elas se aproximam e a conversa acontece.”

Diferente da bengala, o cachorro auxilia de forma mais segura e exata: “O cão contorna obstáculo, já a bengala você precisa procurar os objetos para fazer o desvio. Cães-guias são treinados para encontrar o elevador ou a escada e nos auxiliar. Hoje eu não preciso de tanta ajuda, sinto mais confiança com o Duke. Quem dá o comando para o cão somos nós”, falou a escrevente.

Ainda existe resistência com relação à entrada de cães-guias nos estabelecimentos. Mas com informação e conhecimento podemos desmistificar este problema: “Isso é falta treinamento por parte das empresas para atendentes, seguranças, recepcionistas, entre outras. Além disso, táxis e companhias aéreas estão dificultando o acesso do cão. A lei do cão-guia é clara dizendo que nenhuma taxa extra pode ser cobrada para permitir a entrada do cachorro”, conclui Marina. 

Os cães-guias oferecem aos seus parceiros segurança na locomoção, equilíbrio físico e emocional, facilitam sua socialização, e até sua auto estima melhora, sem contar com o fato de ser um amigo sempre presente. Para essas pessoas, o cão pode ser um aliado muito especial, trazendo uma melhor mobilidade, segurança e independência.

Conheça algumas curiosidades sobre o cão guia:

• Quando um cão-guia se aposenta, pode ficar com seu tutor. No caso de eventual impossibilidade deste tutor, o cão pode preferencialmente por uma família com quem ele já tenha afinidade, como por exemplo, um parente ou amigo próximo de seu antigo tutor.

• A escolha das raças dos cães-guia depende muito da cultura de cada país. O labrador e o golden retriever são as raças mais utilizadas atualmente.

• Qualquer pessoa pode ser tornar voluntária em alguma instituição que treina o cão guia.

• Família Socializadora: São famílias responsáveis por hospedar e cuidar com muito amor e carinho dos cães entre os dois meses de idade até um ano e meio aproximadamente, colaborando com o ensinamento para ser cão-guia.

• Como os cães são treinados? Esse trabalho se divide em três etapas fundamentais: socialização, treinamento e instrução. O processo é concluído quando o cão tem entre um ano e meio e 2 anos de idade.

• Não desvie a atenção do cão-guia quando ele estiver trabalhando e nem chame a atenção do animal.

• A Lei n° 11.126 dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhada de cão-guia.

• O ideal é que o cão-guia seja alimentado somente por seu condutor com a alimentação recomendada por veterinários.

• Como a empresa deve preparar os colaboradores para a chegada de um colega que possui um cão-guia? Uma única regra basta: aprenda a perguntar! A pessoa com quem se vai conviver é sempre a mais indicada para esclarecer em que situações precisa de ajuda e qual a melhor maneira de prestar essa ajuda.

• Enquanto o cão-guia estiver guiando, não chame a atenção do animal, falando o nome dele, afagando a cabeça ou olhando para ele de forma interativa.

• Não ofereça água ou qualquer tipo de alimento, ainda que canino, sem a autorização do usuário. Isso pode ser extremamente prejudicial à saúde e ao comportamento do cão-guia.

• Cada usuário tem uma "política educacional" com o cão-guia. Pergunte qual forma e qual o momento são adequados para que os colegas possam interagir com o cão. A interação controlada é muito benéfica para todos.