Deu na Imprensa - Brasil ganha elogios em Londres

Valor Econômico - 06/12/2009 - Londres

Por Sergio Lamucci, de Londres

Estrangeiros destacam a estabilidade para investir

O Brasil ganhou muitos elogios de executivos globais durante o seminário de Londres. As oportunidades que o país oferece foram a tônica dos discursos. O presidente do BG Group, Robert Wilson, informou que investirá US$ 20 bilhões no país na próxima década. "Quando penso nos riscos de investimento no Brasil consigo dormir à noite", afirmou. Segundo ele, as regras para o pré-sal não são uma boa notícia para a BG, mas o importante é que não houve mudança no que já estava definido. Emílio Botín, do Santander, disse que o Brasil tornou-se "o país do presente" e informou que o Santander já investiu US$ 28,8 bilhões no Brasil. Gérard Mestrallet, do GDF Suez, considerou que o Brasil tem se mostrado um "lugar confiável para investidores de longo prazo".

Executivos de empresas estrangeiras com forte presença no Brasil deram testemunhos bastante positivos sobre as suas atividades ao longo dos últimos anos, elogiando as perspectivas de crescimento, o respeito aos contratos e o ambiente seguro e estável para quem investe no país. No seminário "Investing in Brazil", promovido ontem em Londres pelo "Financial Times" e pelo Valor, os presidentes dos conselhos de administração do BG Group, sir Robert Wilson, da GDF Suez, Gérard Mestrallet, e do Santander, Emilio Botín ressaltaram que o país oferece grandes oportunidades de negócios, que não devem ser perdidas.

Wilson informou que o grupo deverá investir "pelo menos US$ 20 bilhões no país na próxima década" - quatro vezes o que a BG apostou no país até hoje. Segundo ele, há muita segurança para fazer negócios no Brasil. "Quando eu penso nos riscos de investimento no Brasil, eu consigo dormir à noite", afirmou Wilson, lembrando que o país mostrou resistência à crise, "se saindo melhor que o Reino Unido", tem inflação sob controle, déficit público pequeno, câmbio que se valoriza devido ao sucesso da economia e um governo comprometido com o cumprimento da lei e o respeito aos contratos.

Ao comentar as novas regras para a exploração de petróleo na camada pré-sal, que não favorecem os interesses da BG, Wilson ressaltou o fato de o governo não ter alterado a legislação referente aos campos já licitados - a empresa tem participação em vários blocos do pré-sal, com a Petrobras. Segundo ele, as novas regras não são uma boa notícia para a BG, mas o importante é que não houve mudança naquilo que já estava definido.

Mestrallet considerou que o Brasil, onde a GDF tem presença antiga e forte, tem se mostrado um "lugar confiável para investidores de longo prazo", combinando estabilidade política e econômica. Nos últimos dez anos, a empresa mais do que dobrou sua capacidade no Brasil, passando de 3,7 mil MW para 7,5 mil MW. "Para uma empresa de energia, o tamanho do mercado é fundamental", afirmou, lembrando que o Brasil tem quase 200 milhões de habitantes e é o décimo maior consumidor de energia no mundo.

Em associação com a Eletrobrás e a Camargo Corrêa, a GDF Suez lidera, com 51%, o consórcio para a construção da usina hidrelétrica de Jirau e estuda entrar na licitação para a usina de Belo Monte. Segundo Mestrallet, a decisão sobre o assunto depende de discussão com os parceiros. "Tenho certeza que vamos encontrar o parceiro certo para um projeto tão grande como o de Belo Monte", afirmou, acrescentando que a construção das usinas de Jirau e de Estreito, que contam com a participação da GDF Suez, envolve US$ 6 bilhões.

Botín avaliou que o Brasil se tornou uma potência mundial "por méritos próprios e deixou de ser o país do futuro para se transformar no país do presente. O Brasil está na moda, mas para o Santander, o país sempre esteve na moda". Ele lembrou que manteve a aposta no Brasil mesmo em 2002, num momento em que o risco país superou 2.400 pontos e o dólar chegou a R$ 4. Botín destacou a solidez do sistema financeiro, um dos "melhores do mundo", dizendo acreditar que São Paulo será em breve um centro financeiro de referência global, como são hoje a City de Londres, Frankfurt e Nova York.

O executivo ressaltou a reação rápida do Brasil à crise - houve apenas dois trimestres de retração da economia e uma recuperação da atividade forte em seguida. Ele disse que pretende continuar a investir no Brasil, observando que o banco já investiu US$ 28,8 bilhões no país e que a oferta pública de ações feita pelo Santander no Brasil foi a maior de uma instituição financeira no mundo neste ano. Também presente ao evento, o presidente da Vale, Roger Agnelli, exortou os empresários estrangeiros a investir no Brasil, um país que, segundo ele, tem perspectivas de crescimento significativas, é líder em importantes segmentos da economia global e conta com empresas muito competitivas internacionalmente.

Fonte: Valor Econômico - 06/12/2009 - Londres