Comunidade japonesa celebra a 31ª Festa das Cerejeiras

Festival acontece no Parque do Carmo.

Com diversas atrações e serviços, típicos da cultura e culinária oriental, a 31ª Festa das Cerejeiras tem atraído muitos visitantes para o Parque do Carmo, durante 10 dias do mês de agosto. O destaque é o Bosque das Cerejeiras.

O rufar dos taikôs (tambores japoneses) ecoava pelas matas do Parque do Carmo, atraindo a atenção dos visitantes neste domingo, dia 2. A maioria, porém, estava ali exatamente para celebrar as tradições orientais e prestigiar a 31ª Festa das Cerejeiras, na região de Itaquera. Freqüentadores de todas as idades se juntaram para contemplar a florada das mais de 1.500 árvores do Bosque das Cerejeiras, que ocorre apenas durante 10 dias do mês de agosto.

Dezenas de atrações se revezaram durante todo o dia no palco montado próximo do bosque. Desde os movimentos leves do lian gong, passando pela delicadeza da dança do guarda-chuva até a animação da cantora Karen Ito, o palco disputava a atenção das pessoas com a beleza das flores dos sakuras. "É uma celebração maravilhosa, muita cultura oriental e essas árvores de tirar o fôlego. Eu nunca tinha visto tantas juntas e tão lindas", comenta a professora universitária Maria Lúcia Cardoso de Almeida, em visita ao parque pela primeira vez.

O prefeito de São Paulo, que participou da festa, fez questão de frisar a importância da cerimônia e de preservar as tradições orientais na metrópole. "Esta festa é um marco para São Paulo, um patrimônio da Cidade. Temos que cuidar disso para que, com harmonia, a gente possa comemorar por mais muitos anos", disse. E ainda deu uma ótima notícia aos presentes: "Até a festa de 2010 serão plantadas mais 1.500 mudas de sakura, o que tornará o nosso bosque o maior do mundo fora do Japão". O público, entusiasmado, aplaudiu. Hoje, o Parque do Carmo só perde em número de cerejeiras para um parque em Washington, capital dos Estados Unidos.

"Esta é uma das mais importantes festas da comunidade japonesa. No ano que vem, nesta mesma festa, nós estaremos comemorando 3 mil cerejeiras plantadas aqui no Parque do Carmo. Será o maior bosque de cerejeiras fora do Japão. Até porque São Paulo é a cidade que mais tem japoneses fora do Japão", disse o prefeito, que, durante a abertura da festa, realizou o kagami biraki, a quebra do barril de saquê, que representa a união da comunidade.

No Parque do Carmo, mais de 20 associações vinculadas à Federação Sakura e Ipê do Brasil cuidam do Bosque das Cerejeiras. Hoje estão plantadas lá mais de 1.500 árvores de diversas variedades, que florescem em diferentes tempos. A variedade Okinawa Sakura é a primeira, seguida por Himalaia e Oshima. A Yukiwari floresce no mês de agosto e, por isso, é a espécie escolhida para o Sakura Matsuri. O bosque também abriga outras espécies como ipês-roxos, brancos e amarelos.

Ao longo do dia, os freqüentadores do parque puderam apreciar apresentações de dança e música, além de passar pelas barracas de gastronomia típica japonesa, como as de mandiú, yakissoba e tempurá. O subprefeito de Itaquera fez questão de emendar. "A cada ano é um prazer ter a presença de mais visitantes e constatar que a animação dos organizadores não diminuiu, só aumenta", comentou. "Para a subprefeitura, é uma honra prestigiar anualmente esse evento tão tradicional", acrescentou.

Emília Miura, instrutora de tai chi, acredita que a festa permite uma integração especial com o meio ambiente. "Está maravilhoso. Tai chi e natureza combinam muito bem. Mostra que nós somos um só", conta.Os visitantes se encantaram com o ritual hanami, a tradição de se sentar sob as cerejeiras e contemplá-las durante bom período, além de sentir a doçura das pétalas ao tocar o rosto. "A maioria das pessoas só entende a importância dos sakuras na cultura do Oriente quando vem aqui e sente esse clima único", comenta a aposentada Elisabeth Kuriaki, que há anos freqüenta o local e convida amigos de outras partes da Cidade para a festa.

A história

No Brasil, o sakura matsuri celebra o cultivo do sakura pronuncia-se sakurá), flor de grande importância para os descendentes, devido à sua forte tradição no Japão. Por aqui o projeto de cultivo foi iniciado em 1974 pelo senhor Matsuba.

Ele procurou um terreno no Parque do Carmo para plantar as cerejeiras, para trazer um pouco de sua cultura às comunidades próximas. Com a idéia e o plano traçado, dirigiu-se ao então prefeito de São Paulo, Mário Covas, para pedir a liberação do terreno. Sensibilizado, o prefeito aprovou o projeto e incentivou a idéia.

Foi o início do plantio das cerejeiras no local. Mas as sementes, trazidas do Japão, não vingaram no solo brasileiro. Foi necessário trazer mudas da flor de seu habitat natural, no Japão, para que se iniciasse no local o que é hoje uma celebração anual. Bem mais tarde, fundou-se a Associação das Cerejeiras do Parque do Carmo, que abraçou todas as comunidades a seu redor. Hoje, a associação deu espaço à Federação de Sakura e Ypê do Brasil.