De 11 a 13 de junho, a cidade de São Paulo foi sede da primeira edição do workshop global da Rede de Alagamentos Urbanos da C40 Cities Climate Leadership Group, que reúne as maiores cidades do mundo para a discussão e troca de experiências no combate às mudanças climáticas.

O evento aconteceu na sede da UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz e contou com a participação de 12 representantes estrangeiros de cidades como Copenhagen, Durban, Tel Aviv, Nova York, Toronto, Filadélfia, Houston, Buenos Aires, entre outros, e participantes brasileiros das cidades de Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.

A Rede de Alagamentos foi criada com o objetivo de ajudar as cidades a lidar com os impactos dos alagamentos urbanos e possui 25 cidades-membro. São Paulo foi escolhida para sediar o workshop por suas ações de controle de enchentes, monitoramento e drenagens. A temática profundamente importante em regiões que possuem excesso de impermeabilização do solo, o que contribui para a incidência de enchentes.

Durante o encontro técnico, diversos estudos de casos foram discutidos e compartilhados, assim como as possibilidades de cooperação entre as cidades para aplicar medidas que contribuam para lidar com o impacto dos alagamentos urbanos. Entre eles, o “Copenhagen Cloudburst Management” e o “Sihlanzimvelo program”.

O projeto de gestão de grandes chuvas e temporais implementado em Copenhagen mudou o planejamento urbano da cidade, que hoje é realizado em função dos seus rios e corpos hídricos. Ao recuperar o espaço para as águas na cidade e minimizar os impactos das grandes chuvas, Copenhagen teve outros benefícios, como a melhora na saúde pública, na economia local e na recuperação da biodiversidade.

Durban apresentou o “Sihlanzimvelo program”, projeto em que a cidade está criando empregos (green jobs) em parceria com cooperativas locais para limpar e recuperar mais de 3.000 Km de rios urbanos. Durante esse processo, a cidade retira o lixo que é levado em grandes enxurradas para os córregos durante grandes alagamentos e entopem a drenagem. O programa de Durban está demonstrando que sai mais barato investir na recuperação dos rios do que arcar com os prejuízos causados nas enchentes.

Representando a cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras mostrou os estudos desenvolvidos para o planejamento da Drenagem Urbana da cidade, com destaque para a elaboração dos Cadernos de Drenagem das bacias dos principais rios e córregos que compõem o sistema hídrico paulistano.

Os Cadernos de Drenagem são diagnósticos e estratégias que apresentam diversos cenários de incidências de chuvas e seus impactos sobre a projeção da ocupação do território. Com isso, é possível elaborar alternativas para minimizar os danos atuais e enfrentar as inundações e alagamentos futuros.

Durante o workshop, também foi realizada a Oficina de Visões e Projetos, que teve como estudo de caso o córrego Tabatinguera, localizado na Subprefeitura de Casa Verde, zona norte da cidade. Após visitarem o local, os participantes discutiram ideias e experiências que pudessem ser aplicadas no projeto.

O evento foi de extrema relevância, porque permitiu não só que a Prefeitura de São Paulo apresentasse as ações da cidade no combate às inundações – uma das iniciativas prioritárias da Gestão Bruno Covas e parte do atual Programa de Metas do município -, mas que o grupo pudesse definir as atividades de cada cidade no tema de alagamentos para o próximo ano.

Não temos dúvida de que a troca mútua apontou os pontos frágeis e inerentes à conjuntura das cidades que possuem o mesmo perfil de São Paulo, mas também evidenciou a capacidade do município de se reinventar, por meio de projetos urbanísticos para tratamento de enchentes e respeito à natureza. Afinal, as ações da Prefeitura de São Paulo na Rede C40 são muitas.

Em setembro de 2018, o Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, assinou o Deadline 2020 – Carta de Compromisso com o Acordo de Paris, documento em que as cidades se comprometem a zerar as emissões até 2050 e cumprir com as metas do Acordo. Com a assinatura da Carta, o município passou a fazer parte do Programa de Ação Climática e está em processo de elaboração de seu Plano de Ação Climática, que tem previsão de entrega para meados de 2020.

O workshop foi enriquecedor para todos que se preocupam com o impacto das mudanças climáticas. Participar da organização do evento fortifica os esforços de São Paulo e da C40 em tornar a cidade e o planeta mais sustentáveis e resilientes para as gerações atuais e futuras. Agora é o nosso momento de ir além: dialogar e discutir as parcerias que podem surgir a partir do workshop e divulgá-las para o mundo. 

 

Rodrigo Pimentel Pinto Ravena, Chefe de Gabinete da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.
Luiz Alvaro Salles Aguiar de Menezes, Secretário de Relações Internacionais.