Congresso Internacional da Virada ODS coloca educação e redução das desigualdades em foco

Série de palestras abordaram temáticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com destaque para os tópicos 4 e 10

A Virada ODS 2024 chegou ao final já de olho na edição 2025. Durante o fim de semana (22 e 23) foram abordadas diversas temáticas dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) em palestras e painéis na Praça das Artes. O Congresso Internacional ODS contou com presença e falas de autoridades e especialistas como Marina Magro, Ros Mari Zenha e Ismália Afonso; na Sala dos Corpos Artísticos e Sala do Conservatório, na Praça das Artes, o atleta paralímpico Daniel Dias também foi destaque.

Foram essas e outras atividades, como shows de Rincon Sapiência, Paula Mattos, Duo Àvoà e Renato Teixeira, e atividades ricas em ações, que colocaram em pauta e aprofundaram temas sociais importantes para a população. O evento evidenciou que existe um grande interesse nas pessoas, que extrapola qualquer idade, em entender os problemas do universo em que vivemos e trabalhar para a construção de um mundo melhor.

As falas da Virada ODS também instigaram novos olhares aos desafios sociais que estão em alta nos dias de hoje, como questões de identidade: "Quando você exporta essa política identitária das minorias para um país como o nosso, caracterizado pela miscigenação, o resultado é um desvario”, afirmou o professor Mangabeira Unger, que fez a palestra de abertura do evento, “o preconceito racial existe. Mas nós estávamos, antes da importação dessa política americana, começando a construir uma solução brasileira a esses problemas, em que a discriminação racial individualizada é crime e será punida. Mas a promoção coletiva do grupo depende da realidade da subjugação, saber se aquele grupo é de fato excluído e deve ser promovido como grupo”. Outro tópico relevante foi a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável: “A questão da Amazônia, por exemplo. A gente tem que defender a Amazônia dentro do nosso território e não deixar que a política internacional nos diga o que temos que fazer com a nossa floresta - nós sabemos o que fazer com nossa floresta. Temos institutos competentes, profissionais competentes para falar o que fazer com nossos recursos e nossa floresta. É uma questão para ficarmos atentos”, diz Kauê Lopes dos Santos, professor do Instituto de Geociências na Universidade Estadual de Campinas.

Um dos grandes desafios da Virada ODS foi reunir no mesmo espaço uma grande quantidade de informações e temas complexos de forma leve e capaz de atingir os mais diversos públicos. Na palestra que tratou da Agenda 2030, por exemplo, o educador, filósofo e pesquisador André Luiz Fávero, lembrou dos desafios que a educação brasileira tem que cumprir para formar cidadãos do futuro, com bons empregos e cientes de suas obrigações em relação ao mundo em que vivem. “A magnitude do que vem acontecendo na educação mundial mostra claramente que o Brasil ainda está muito atrasado, e deve servir de alerta a todos nós. Estamos sendo convidados a agir, a fazer, a sair desse sistema de decoreba e formação de mão de obra barata, pois a agenda não se cumprirá ao natural, sem que mudanças sejam executadas muito rapidamente”, ensina Fávero.

Hoje, a ONU conta com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que podem se tornar 18 em breve, com a possibilidade de inclusão do tópico “Enfrentamento à discriminação étnico-racial” ao carrossel de cores dos ODS, proposta apresentada ao Grupo de Trabalho e Desenvolvimento do G20 em 2024, ano em que o Brasil preside o Grupo. Na 3ª edição da Virada, tiveram especial destaque os ODS 4 e 10, educação de qualidade e redução das desigualdades, respectivamente. Durante o painel de encerramento do Congresso, Azelene Kaingang, Coordenadora Regional da Funai na Coordenação Regional Interior Sul, falou sobre a equiparação do Estado brasileiro perante à história dos povos indígenas: “É mais do que justo que o Estado que nos submeteu aos horrores do extermínio assuma a responsabilidade de proteger o que ainda resta de nossas culturas, crenças e tradições e os parcos territórios dos quais usufruímos”, expõe.

Os espaços de debate também foram palco de anúncio do “Dia Internacional da Virada ODS”, em conjunto à rede Mercocidades. A iniciativa visa a internacionalização de uma política pública da Cidade de São Paulo, a Virada ODS, promovendo a troca e o fortalecimento de boas práticas, e a municipalização da Agenda 2030 nas 380 cidades-membro da rede. “A Cidade de São Paulo está sendo sede de vários eventos internacionais, de Mercocidades, Metropolis, ICLEI, U20... Neste momento, na Virada ODS com Mercocidades, tenho muito orgulho que meus colegas prefeitos tenham me escolhido como prefeito da rede”, comentou o prefeito Ricardo Nunes.

Virada ODS

A Virada ODS é um evento da Prefeitura da Gestão Ricardo Nunes, tendo como liderança a Secretaria Municipal de Relações Internacionais. O evento aconteceu nos dias 22 e 23 de junho, na Praça das Artes e Vale do Anhangabaú, trazendo uma iniciativa que busca mobilizar a sociedade em torno dos 17 objetivos da ONU. Através de diversas atividades, a Virada ODS engaja a população em ações que contribuam para a promoção do desenvolvimento sustentável.