Por: Secretaria Municipal da Saúde
Com o avanço da medicina associado à melhoria das condições de saneamento e saúde no mundo, a população acima de 60 anos de idade vem aumentando nos últimos anos. Os desafios diante da longevidade passam a ser as doenças crônicas, principais causadoras de mortes no país.
Pensando nisso, o modelo assistencial da saúde vem se adaptando para promover mais qualidade de vida com tratamentos que amenizem o sofrimento de pacientes com doenças sem chance de cura. O enfermeiro Ronaldo, 59 anos, está desde a fundação, há 17 anos, na Hospedaria de Cuidados paliativos do HSPM, onde faz este trabalho.
“Na faculdade, o conteúdo acadêmico está voltado para o cuidado de pessoas com expectativa de cura. Quando chega o convite para você fazer parte de uma equipe que vai cuidar de um paciente que do ponto de vista de cura não tem expectativa terapêutica é difícil”, relata.
Os enfermeiros lidam com todos os estágios de doenças e com pacientes em diferentes situações. O trabalho envolve aspectos emocionais dos pacientes que, segundo Ronaldo, mais frequentemente são a negação, a barganha e a aceitação. Ele atua também no acolhimento dos familiares dos internos, junto à equipe multiprofissional, que inclui médicos e psicólogos, além de outros colaboradores. Antes disso, era enfermeiro do HSPM, desde 2001, quando foi admitido por concurso público. Na seleção para montar a equipe da Casa de Cuidados Paliativos, logo se identificou com o perfil que procuravam para o serviço. “No início tive dificuldade para entender o tratamento lá, já que era muito duro encarar o final da vida de tantas pessoas. Mas, hoje sei que foi uma das melhores decisões que tomei, me sinto muito realizado pelo trabalho que faço.”
Com a equipe multidisciplinar da Hospedaria de Cuidados Paliativos do HPSM (Foto: Comunicação HSPM)
A esposa, Paula, de 51 anos de idade, também é enfermeira no HSPM. Os dois entraram juntos no mesmo concurso. Se conheceram na faculdade e, formados em 1997, construíram a carreira na saúde lado a lado. Poder estudar, ter essa formação é para Ronaldo uma conquista importante. Na família com cinco irmãos, ele foi o segundo filho a concluir o ensino superior. “Poder trabalhar oferecendo dignidade às pessoas é o meu propósito, sou muito grato pelas oportunidades na minha carreira”, afirma.
Na hospedaria, Ronaldo conta que a equipe tem uma relação muito próxima com os pacientes e se organiza para realizar sonhos que estão ao alcance. Isso inclui quatro casamentos feitos por lá.
Ele relembra a história de um casal que já morava junto havia dez anos, tinha um filho, mas ainda sonhava oficializar a união. Então, a equipe se organizou, ajudou a preparar uma cerimônia e realizou o desejo dos dois. Depois de algumas semanas, o senhor, que era paciente da hospedaria, faleceu. “O olhar de felicidade que conseguimos proporcionar nos últimos momentos do casal foi algo que nunca vou esquecer.”
Para o Natal de 2021, a equipe preparou uma pequena celebração para pacientes e familiares, com todas as medidas de segurança previstas, já que no ano passado, por conta da pandemia e das restrições vigentes, o evento foi suspenso.
Q+
Ronaldo gosta muito de tocar violão, começou aos 19 anos de idade. Ouve música popular brasileira (MPB) e jazz. “Eu me recolho para tocar e curtir esses momentos, mas todo mundo lá em casa acaba ouvindo e querendo participar”, conta.
Quando tem alguma comemoração em família ou entre amigos, é ele quem fica responsável pelo entretenimento. “Toco para todo mundo e adoro estar em contato com a música.”
A matéria original pode ser acessada no site da SMS. O boletim Saúde Mais Perto/Gente tem uma versão em vídeo publicada no canal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no YouTube.