Prevenção de deficiência auditiva começa no pré-natal

Audição é um bem que deve ser preservado por toda a vida. Perda é irreversível, prevenir é fundamental

Por Maria Lúcia Nascimento

A audição é essencial para o desenvolvimento social e da linguagem oral. Suas alterações interferem significativamente na vida das pessoas, comprometendo o processo de aprendizado e a interação com o meio ambiente. O número de deficientes auditivos no Brasil é assustador, mas serve de alerta para a os sintomas, causas e prevenção. Prevenção começa no pré-natal.

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, a deficiência auditiva atinge cerca de 9,7 milhões de brasileiros - 5,1% da população. Deste total, 7,5 milhões apresentam algum problema auditivo, 1,7 milhões têm grande dificuldade para ouvir, 2 milhões possuem a deficiência auditiva severa e 344,2 mil são surdos.

No que se refere à idade, aproximadamente 1 milhão de deficientes auditivos são crianças e jovens até 19 anos. O censo também revela que o maior número de deficientes auditivos, estimado em 6,7 milhões, está concentrado nas áreas urbanas. De acordo com a fonoaudióloga Claudia Regina Taccolini Manzoni, da Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência do Município de São Paulo, só na cidade, os dados do IBGE indicaram que 516.663 pessoas referiram esta deficiência, sendo que 90.458 disseram ter grande dificuldade para ouvir, 396.003 problemas permanentes para ouvir e 30.202 declararam não conseguir ouvir.

A incidência de nascimento de deficiência auditiva é de 3 para cada 1000 nascidos, mas a perda da audição também pode ser adquirida. As causas da deficiência auditiva congênita não são definidas em aproximadamente metade das crianças, porém a consanguinidade, antecedentes familiares, infecções congênitas (citomegalovírus, rubéola, sífilis, herpes e toxoplasmose), meningite bacteriana, anomalias crâneo faciais, alcoolismo materno ou uso de drogas psicotrópicas, permanência na incubadora por mais de 7 dias, são alguns dos fatores de risco ao aparelho auditivo do bebê.

A prevenção da deficiência auditiva começa no pré-natal , com toda a vacinação que a gestante precisa. No final do 6º mês da gestação o aparelho auditivo está completamente formado e já é possível ouvir os sons corporais da mãe. Após o nascimento, são recomendadas triagens auditivas neonatais, a fim de detectar as reações dos bebês aos barulhos externos.

Na infância, a realização do diagnóstico e tratamento precoce dos problemas de audição são fundamentais para evitar as limitações e os impactos associados à deficiência. Cláudia, porém, lembra que em todos os países do mundo a redução da idade de diagnóstico está associada à implantação de programas de triagem auditiva neonatal universal. “Na cidade, esse programa universal é realizado desde setembro de 2010 em todas as crianças nascidas nos hospitais municipais e sob gestão municipal”, informa a fonoaudióloga.

Para os adolescentes, as ações de prevenção devem enfocar o cuidado com a exposição prolongada a sons de forte intensidade, frequentemente associada à vida social e ao uso de dispositivos eletrônicos como MP3 e celulares. Entre adultos, a deficiência auditiva está frequentemente associada à exposição ao ruído nos ambientes de trabalho e às doenças crônicas. Ambientes e hábitos saudáveis são importantes fatores para prevenir a perda auditiva nesse grupo da população.

As perdas auditivas podem ser transitórias ou permanentes e o tratamento dependerá da natureza do problema, variando desde o uso de medicamentos, cirurgias e uso de dispositivos eletrônicos como os aparelhos de amplificação sonora e os implantes cocleares. O SUS dá esse tipo de assistência e fornecimento de Aparelhos. O encaminhamento deve ser Realizado por triagem feita pelo Médico Especialista (Otorrinolaringologista), nos Ambulatórios de Especialidades - AMAs e AMEs.

O futuro da criança, com deficiência auditiva, depende do diagnóstico e conduta precoces. Quanto mais cedo a intervenção e a habilitação, melhor será o resultado na inclusão social. A perda da audição é irreversível; preveni-la é fundamental.