Ouvir música é bom, mas cuidado com a saúde

Volume elevado e uso errado de fones podem causar problemas auditivos

Por Érika Rios e Thiago Pássaro

 

Ouvir música alta, dançar e até dublar o cantor. Quem nunca fez isso? Música no último volume ativa os sentimentos e se tornou parte de nosso cotidiano. Mas, cuidado, esse hábito também afeta diretamente a audição.

De acordo com o último censo do IBGE, divulgado em 2010, o Brasil tem cerca de 10 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. Destes, um milhão são jovens com até 19 anos de idade.

Claudia Regina Taccolini Manzoni, fonoaudióloga da Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência do Município de São Paulo, faz um alerta. Mesmo que a pessoa esteja longe da caixa de som é possível sentir a sensação de ouvido tampado ou ouvir zumbidos - manifestação de que o ouvido entrou em fadiga. “É preciso repouso de horas para a audição voltar ao normal. Se acontecer de não voltar, a pessoa poderá ficar com perda permanente da audição.”, explica.

Mesmo quando está com dor de cabeça, o vendedor Michel Telles continua ouvindo música no último volume. O estagiário Lucas Ferreira dos Santos também sente os efeitos causados pelo fone de ouvido. Ele afirma que percebe que a “audição não é mais a mesma”.

Além de ambientes com música alta, o fone de ouvido é outro fator que pode contribuir para a perda de audição. O office-boy Vinicius dos Santos sabe que os fones prejudicam justamente por causa do volume. “O uso do fone acaba antecipando aquilo que viria com a velhice, que são os problemas auditivos”, admite Vinicius.

A fonoaudióloga adverte sobre os efeitos do uso errado desses equipamentos.
“O fone de ouvido está muito próximo da orelha, muito próximo da membrana timpânica. Um som de 80 decibéis, um volume alto de uma caixa de som até chegar na orelha perde a força e a intensidade. Quando se ouve o som diretamente com um fone, o som não perde energia nenhuma, entra quase que totalmente no sistema auditivo. É preciso tomar muito cuidado com o volume e com a quantidade de tempo de exposição”, orienta Claudia Regina.

Mas, calma, não é preciso deixar de usar o fone de ouvido. Basta seguir a dica da especialista: quando utilizar o equipamento por mais de uma hora, nunca deixe o volume acima de 60% da capacidade.

Caso você esteja sentindo alguma dificuldade de ouvir, procure uma unidade de saúde perto da sua casa. Curar uma doença se torna mais fácil quando ela é identificada precocemente.

“Temos vários serviços na cidade que realizam o diagnóstico de deficiência auditiva, a seleção do aparelho auditivo que melhor é indicado para esse aparelho, o processo de ajuste do uso desse aparelho, da terapia fonoaudiológica e do tratamento da reabilitação, que é essencial.”, finaliza a Claudia Regina.