Cidade recebe R$15,2 milhões para qualificar leitos especializados e melhorar serviços

São Paulo supera número de partos do Estado e registra 51,5% de nascidos vivos em 2013

Por Keyla Santos


O Ministro da Saúde, Arthur Chioro, assinou na tarde desta segunda-feira (4), no Hospital Municipal e Maternidade Escola Dr. Mario de Moraes Altenfelder Silva, na Vila Nova Cachoeirinha, a portaria do plano de ação da Rede Cegonha. A princípio serão liberados R$15,2 milhões/ano para custeio de 86 leitos de UTI neonatal e 48 unidades de cuidados intermediários neonatais. Onze hospitais municipais e dois conveniados que integram o programa serão contemplados.


O valor total do repasse é de R$30,7 milhões. O restante será liberado posteriormente, para abertura de seis Centros de Parto Normal dentro de hospitais. O investimento também será destinado a melhorias em espaços conhecidos como Casa da Gestante e na qualificação do atendimento à mulher.


Chioro falou sobre a formalização do Cachoeirinha como o primeiro Hospital Público Municipal de Ensino, reconhecido pelos ministérios da Saúde e da Educação. Por este motivo, serão destinados cerca de R$3,5 milhões para a manutenção dos serviços de ensino e pesquisa.


Para Ana Estela Haddad, coordenadora do São Paulo Carinhosa, a contratualização do hospital Cachoeirinha como maternidade-escola é motivo de muita emoção e felicidade. “Eu soube que é a primeira maternidade municipal do Brasil que está se contratualizando como maternidade-escola. Eu sei muito bem o que significa essa certificação que estão recebendo hoje”, afirmou a primeira-dama. Ela também disse ter ficado impressionada com o compromisso e o atendimento da equipe do hospital.


A primeira-dama destacou também a implantação de um programa de visita domiciliar, por meio do fortalecimento da atenção básica, e da ampliação das equipes de agentes comunitários de saúde. “Acabamos de receber um recurso do Ministério da Saúde (MS) de R$8 milhões que será destinado a essa ação. Estamos fazendo um trabalho bastante integrado e muito importante”, afirmou.


‘Pólo de qualificação profissional’


De acordo com Pedro Breuel, diretor na unidade, o Cachoeirinha é um polo formador de profissionais de qualidade. O hospital também vem reduzindo a taxa de parto cesárea. “Em 2013 fizemos 37% de cesáreas e este ano estamos em 30%. Por que ainda fazemos cesárea? Porque aqui é um hospital de referência, com gestantes de alto risco e temos mais indicação para fazer esse tipo de parto, mas estamos reduzindo”, disse.


O diretor do hospital informou ainda que o aumento de demanda do hospital está em torno de 45%. “Estamos abraçando a cidade de São Paulo, o Estado. Tivemos pacientes que vieram de Angola para fazer inseminação. O que estamos fazendo é coisa de primeiro mundo. São Paulo é um polo de qualificação que manda para todos os outros estados não só residentes, mas doutores, mestres e até livres-docentes” afirmou.


‘Vamos equilibrar esse jogo’


José de Filippi Jr., secretário municipal da Saúde, destacou que depois de vários anos o Município ultrapassou o Estado de São Paulo em número de partos. Em 2012 foram registrados 50.673 partos de nascidos vivos nos hospitais da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa 47,7%. Já em 2013, foram 53.000 (51,5%) partos. “Estamos vivendo uma situação difícil e vamos procurar uma maneira de dar conta da demanda”, esclareceu Filippi.


De acordo com o secretário municipal, o ministro assinou uma portaria para disponibilizar recursos para aquilo que já fazemos. “Nós já realizamos os serviços, mas, por falta desse credenciamento, o Município perdia esse recurso Federal. Agora vamos equilibrar esse jogo” disse.

 

Recurso não entra na tabela do SUS


Já Chioro destacou a importância das portarias e, consequentemente, da liberação dos recursos para a Saúde. “Essas 11 portarias que assinei agora traduzem uma liberação de recursos da ordem de R$99,4 milhões de aumento de valores financeiros para as prefeituras e para o governo do Estado de São Paulo, que na verdade se destinam a diversos serviços, em particular para a Rede Cegonha. São mais de R$50 milhões de recursos para fortalecer essa Rede de cuidado à saúde da mulher. Essas ações se traduzem no conjunto de estratégias de cuidado que têm a ver com o pré-natal mais qualificado, com a assistência ao parto, assistência aos bebês, à organização dessa rede de cuidado cada vez mais completa”, afirmou.


O ministro chamou a atenção para a questão de que os recursos liberados não entram na tabela do SUS. “Este recurso não entra na tabela. Ele entra na forma de incentivo, de qualificação do sistema. Estamos operando uma progressiva substituição do pagamento por tabela que é muito perverso”, disse.
O Prefeito Fernando Haddad falou sobre a reabertura de 300 leitos em hospitais da cidade e da importância dessas ações para a saúde da população de São Paulo. “O hospital do Campo Limpo estava com a sua UTI neonatal fechada. Reabrimos, assim como reabrimos 300 leitos em hospitais, que estavam fechados. Abrimos um hospital dentro de hospitais existentes, por meio de uma parceria com o governo federal”.


Haddad destacou também a redução da fila do SUS que caiu 20%. “Conseguimos reduzir em 20% a fila do SUS. Não é pouco nem muito. É o que estava dentro de nossa programação. Mesmo no plano de saúde privado há um agendamento, os pacientes não são atendidos na hora. Mas estamos trazendo para um grau de civilidade a espera do cidadão comum no atendimento público”, finalizou.


Rede Cegonha


A Rede Cegonha é um programa que visa assistir a gestante durante o ciclo de gravidez, desde as consultas de pré-natal (no mínimo sete), o parto, o puerpério até após do nascimento do bebê. Por meio desse programa é possível garantir atendimento adequado, seguro e humanizado desde a confirmação da gravidez até os dois primeiros anos de vida da criança.


É importante que quando ocorra suspeita de gravidez, a mulher procure uma unidade de saúde mais próxima à sua residência. Após exames e, caso seja confirmada a gestação, ela é cadastrada no programa.