Secretaria promove Curso de Especialização em Saúde do Trabalhador

Importância da notificação dos acidentes de trabalho é um dos temas

Estão participando do curso 260 profissionais de áreas de atuação variadas

 

José Antonio Leite

Fotos: Edson Hatakeyama

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) iniciou, na última segunda-feira (18/08), o 1º Módulo Presencial do Curso de Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. As aulas acontecerão até o próximo dia 27, na unidade Vergueiro da Uninove, e estão sendo ministradas por professores da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Elas têm como objetivo especializar profissionais de nível superior, da administração direta e indireta da SMS, na implantação de políticas de saúde do trabalhador em São Paulo.

Estão participando do curso 260 profissionais de áreas de atuação variadas das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS), da Autarquia Hospitalar Municipal (AHM), Hospital e Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), da Coordenação de Vigilância em Saúde – COVISA e de outros serviços da SMS, além de funcionários do Departamento de Saúde do Servidor (DESS), da Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (DESS/SEMPLA).

“Uma de nossas preocupações é fazer com que a política voltada à saúde do trabalhador seja uma das prioridades em nosso município”, afirmou o médico Ricardo Fernandes Menezes, coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador da SMS.

Entre os temas abordados estão “A saúde do trabalhador nas políticas públicas de saúde”, “Relações de produção, consumo, saúde e ambiente”, “Atenção integral à saúde do trabalhador”, “Gestão da atenção integral à saúde do trabalhador no SUS” e “Educação, comunicação e controle social em saúde do trabalhador”.

O curso tem, entre suas metas, o objetivo de sensibilizar os profissionais quanto à necessidade de diagnosticar e notificar de forma rápida, completa e correta os casos relacionados às doenças e acidentes de trabalho. De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) da SMS, a falta de notificação – que é obrigatória – perante as autoridades de saúde faz com que se conheça apenas a ponta do iceberg da exposição do trabalhador aos riscos nos ambientes, processos e condições de trabalho.

Subnotificações

Segundo Menezes, ainda são inúmeros os casos de hospitais, prontos socorros e ambulatórios que falham neste quesito. O problema impossibilita traçar de forma efetiva uma política para o setor. Entre os casos mais comuns de subnotificação destacam-se, entre outras, as relacionadas a lesões por esforços Repetitivos (LER) e intoxicação exógena relacionada ao trabalho. “Há ainda problemas no que tange aos transtornos mentais, perda auditiva induzida por ruído, pneumoconioses, dermatoses e câncer”, afirmou Menezes.

Outros aspectos relevantes apontados pelo Plano Municipal de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – e abordados no curso – dizem respeito à manutenção e ampliação das ações de Vigilância em Saúde em ambientes, processos e condições de trabalho, além da vigilância de agravos à saúde do trabalhador.

Menezes também aponta a necessidade de garantir a intervenção dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST). Das seis unidades do município, cinco foram abertas entre 1989 e 1992. “Temos de fazer com que elas esclareçam os casos e desempenhem um papel claro de referência clínica para a rede e sejam de fato articuladoras e organizadoras de ações de vigilância nos territórios das Coordenadorias Regionais de Saúde,”, afirmou o médico.