Projeto Idoso Frágil da CRS Sudeste em parceria com Hospital Albert Einstein identifica usuários mais vulneráveis física e mentalmente

No Brasil, há 23 milhões de pessoas idosas – 11,8% da população total brasileira –, com expectativa de vida de 74 anos

Por Rosângela Rosendo

Em 1º de outubro é comemorado o Dia Internacional da Pessoa Idosa, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para qualificar a vida dos indivíduos mais velhos, por meio de saúde e integração social. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, só o Brasil, há 23 milhões de pessoas idosas – 11,8% da população total brasileira –, com expectativa de vida de 74 anos. Se por um lado mais pessoas atingem ou superam esta faixa etária, há preocupação de geriatras sobre o envelhecimento saudável. Além de problemas crônicos como diabetes e hipertensão, alguns idosos podem apresentar condição de fragilidade que os tornam vulneráveis a incapacidades, quedas, hospitalização e até a morte. A partir da necessidade de prestar assistência a este público foi criado, em 2012, o Projeto Idoso Frágil, uma parceria entre a Coordenadoria Regional de Saúde Sudeste e o Hospital Albert Einstein.

O projeto consiste na identificação de idosos frágeis usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do território Sudeste e no encaminhamento desse grupo para o Setor Ambulatorial de Geriatria do Hospital Albert Einstein, na Vila Mariana, onde há acompanhamento multiprofissional. Além disso, visa promover a educação de pacientes, familiares e cuidadores com relação aos riscos da síndrome da fragilidade, as possibilidades terapêuticas e preventivas, e gerenciamento de resultados.

O projeto teve início em junho de 2012 e tem duração de três anos. Por semestre são oferecidas 240 vagas. Atualmente, 88% das vagas do território estão preenchidas. Segundo Renata Luciana Hasegawa Fregonezi, médica interlocutora da Saúde do Idoso da CRS Sudeste, é importante identificar o idoso frágil daquele que não é, pois cada um tem evoluções diferentes de fragilidade e necessita de serviços distintos.

Atendimento multiprofissional

Durante a consulta na Unidade Básica de Saúde, o médico clínico avalia se o idoso relata perda de memória, fadiga, baixo nível de atividade física e perda funcional, ou seja, maiores dificuldades às atividades do dia a dia. “Se essas perguntas forem positivas, o clínico pode considerar como indicativo de fragilidade ou perda cognitiva”, explica a médica.

Posteriormente, a unidade verifica a oferta de vagas para agendamento deste usuário em avaliação multiprofissional no Setor Ambulatorial de Geriatria do Hospital Albert Einstein. A equipe multidisciplinar é formada por geriatras, médicos fisiatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeuta ocupacional, educador físico, nutricionista e psicólogo. Eles aplicam testes mais apurados para verificar a suspeita de alterações cognitivas do idoso.

Com base nos resultados é construído um plano terapêutico para o usuário, classificado em fragilidade ou ainda com suspeita de perda cognitiva. “Ainda que apresente algum tipo de agravo, o idoso pode fazer várias coisas, respeitando o seu grau de fragilidade ou perda cognitiva. No entanto, se for um usuário que apresente demência ou fragilidade avançada, pode ter sua autonomia e independência prejudicadas e necessitar de acompanhamento constante para evitar novas complicações”, adverte a médica.

Cada plano terapêutico é definido de acordo com o comprometimento de base. No caso dos idosos com fragilidade, os usuários são submetidos a um programa de atividade física, com supervisão de um profissional de saúde, durante 04 meses. Terminada essa fase, os idosos são instruídos a realizar atividade física sozinhos, de forma não supervisionada, porém com orientação à distância de um profissional de saúde periodicamente.

Segundo Renata, conforme a evolução dessa última etapa, o idoso pode voltar a fazer atividade física acompanhado por um profissional de saúde ou manter o mesmo plano de exercícios com especialista à distância. Já os idosos com perda de memória são submetidos a um programa educacional que dura cinco semanas. Nele, os idosos participam de discussões sobre as principais limitações funcionais relacionadas ao declínio cognitivo, bem como estratégias de suporte às deficiências encontradas.

Após esse processo e com alta, o idoso é submetido a um telemonitoramento/mensal à distância feito pela equipe do Einstein, que busca acompanhar o impacto das intervenções e a principais dificuldades identificadas pelos cuidadores. Ao término do projeto são realizados relatórios clínicos endereçados ao médico responsável na Unidade Básica de Saúde de referência do usuário para dar continuidade ao processo terapêutico.