Aneurisma vascular pode se desenvolver em qualquer parte do corpo

Conheça a doença, suas complicações, a melhor forma de tratá-la e evitá-la


Rafael Borges Monteiro, médico do Hospital do Campo Limpo: As causas exatas da doença ainda são desconhecidas

Por Maria Lúcia do Nascimento
Foto: Rodrigo Lima Costa

Aneurismas vasculares são dilatações localizadas e permanentes que ocorrem, geralmente, por uma fraqueza na parede dos vasos sanguíneos, tendo aumento de pelo menos 50% do diâmetro normal. O problema varia conforme idade, sexo e tamanho do corpo, entre outros. Essas dilatações, em geral assintomáticas (a maioria é descoberta em exames clínicos e de rotina), podem se desenvolver em qualquer ponto da árvore arterial. Porém, ocorrem com maior frequência na artéria aorta, em seguida nas artérias ilíacas, poplítea e femoral, que se encontram no tórax, abdômen e membros inferiores.

Segundo o cirurgião vascular Rafael Borges Monteiro, do Hospital Municipal Fernando Mauro Pires da Rocha, no Campo Limpo, as dilatações “podem ocorrer em qualquer vaso, em qualquer parte do corpo, desde a região cerebral até as pernas, abdômen, tórax, além de um segundo aneurisma, que pode aparecer em localização diferente, no mesmo paciente”, explica.

As causas exatas da doença ainda são desconhecidas. "No entanto, vários fatores de risco contribuem para o desenvolvimento dos aneurismas. Os mais importantes são idade acima de 55 anos, sexo masculino, ser de pele clara, tabagismo, álcool, diabetes, dislipidemia (níveis altos de colesterol e triglicérides no sangue), além da história familiar", alerta o cirurgião.

Sintomas

De acordo com o especialista, boa parte dos aneurismas não possui sintomas. "No caso de grandes aneurismas abdominais, esses podem comprimir o intestino, dando sensação de saciedade precoce, náusea e vômitos. A dor abdominal crônica ou nas costas é o sintoma mais comum. Em outras localidades, os sinais são dos mais diversos, tanto na forma de apresentação, quanto na intensidade", explica.

Tratamento

Mais de 90 % dos aneurismas estão associados à aterosclerose (placas de gordura depositadas nos vasos sanguíneos). Existem também aneurismas associados a alterações no sistema de defesa no corpo, por infecção, predisposição genética e por trauma.

Como se apresenta de inúmeras formas e em diversos locais do corpo, a doença pode não ter maiores riscos ou oferecer cuidados precoces e até mesmo imediatos ao paciente. Dessa forma, o tratamento pode ser realizado de diferentes maneiras: medidas comportamentais, medicamentos, cirurgia convencional ou endovascular.

O médico esclarece ainda que não existe uma forma 100% eficiente para evitar o crescimento de um aneurisma. Alguns cuidados e medicações, contudo, podem reduzir bastante a velocidade de crescimento, com possíveis estagnações do diâmetro em períodos longos.

Em geral, os aneurismas passam por cuidados no tratamento de doenças associadas como hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e ateromatose (redução do acúmulo de colesterol nos vasos sanguíneos) entre outros.

Quanto às medicações, variam desde antilipêmicos (usados para reduzir o lipídio do sangue - triglicérides e colesterol), anti-hipertensivos, redutores da frequência cardíaca etc.

Todo tratamento deve ser particularizado para cada caso, levando em consideração a característica da doença e da condição clínica do paciente. “Nunca se deve instituir um tratamento sem saber de todas as peculiaridades de uma pessoa com aneurisma”, alerta o especialista.

A maior parte dos aneurismas não é de indicação cirúrgica, pois não apresentam risco iminente ao paciente. Essa definição deve ser dada de acordo com estudos já realizados, mediante avaliação criteriosa do médico.

Quanto maior o aneurisma, maior é a chance de ruptura, sendo esta a complicação mais frequente. O crescimento depende do controle de doenças como hipertensão arterial entre outras, associadas.

Monteiro reitera que a melhor forma de conviver com a doença é sempre conhecê-la, entender as possíveis complicações e, principalmente, os cuidados a serem tomados para evitá-las. “É sabido que a maioria das pessoas com aneurismas leva uma vida totalmente normal quando comparadas a pessoas saudáveis. Para alguns casos, há risco de morte. Por essa razão, é fundamental procurar o especialista para melhores esclarecimentos, seguir as orientações do médico que o acompanha, realizar o acompanhamento de forma disciplinada e tomar atitudes voltadas para o bem estar e saúde. Estas são as melhores condutas a serem tomadas”, finaliza o médico.