Prefeitura de São Paulo

Por Camila Mayume / Rosângela Rosendo

No ímpeto de fazer tudo ao mesmo tempo, a maioria das pessoas toma decisões imediatas, sem ao menos fazer uma avaliação prévia do que é bom ou ruim para sua vida. E isso, para muitos, não é diferente na hora de comprar qualquer alimento sem ler a embalagem. Nutricionistas de plantão fazem coro ao afirmar que antes de comprar um produto alimentício é importante ler atentamente o rótulo, pois nele estão descritos os ingredientes, a composição, a quantidade de nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras, sódio, fibras), o valor calórico, entre outras informações que podem interferir diretamente na saúde humana.

“A partir do momento que o indivíduo entende um pouco o que está escrito no rótulo do alimento, passa a avaliar se vale a pena ou não comprar aquele produto, se ele é mais saudável ou não”, disse a nutricionista do Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO) Mooca, Maura Corá Maselli, reiterando que a leitura da embalagem é fundamental e indispensável, pois traz as características e propriedades nutricionais do produto que pretendemos consumir.

Os rótulos dos alimentos devem obrigatoriamente informar quais componentes e ou substâncias compõem cada produto. A embalagem deve conter identificação e conteúdo total do produto; data de validade e de fabricação, número do lote; o contato do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); procedência/localidade da fabricação do produto; lista de ingredientes; e informação nutricional.

A apresentação de cada ingrediente no rótulo deve seguir uma ordem decrescente, começando pelos que estão em maior proporção. “No caso do chocolate ao leite, por exemplo, é o açúcar. Já em algumas barras de cereal, que achamos ser ‘sempre’ saudável, o primeiro item do rótulo poderá ser o xarope de glicose (uma das formas de açúcar) o que mais tem na barra. Mas ao longo da lista aparecem outras formas de açúcares com outros nomes, como glicose, açúcar mascavo, maltodextrina, polidextrose, sacarose e açúcar invertido. O consumidor não tem ideia que um produto tem mais de um tipo de determinado ingrediente”, lembra a nutricionista.

A atenção deve ser redobrada em relação a outras substâncias existentes na composição do produto. “Se a lista de ingredientes for longa e conter itens que nem conseguiríamos ter no armário de casa, como por exemplo, os conservantes (acidulante ácido cítrico, corante artificial azul brilhante, estabilizante gelatina, acidulante, entre outros), mais industrializado e ou mais refinado será o produto, portanto menos saudável”, alerta. “Saber realizar melhores escolhas será um ato de promoção à nossa saúde que vale a pena!”, acrescenta Maura.

Tabela de Informação nutricional orientar consumo diário

A nutricionista do CECCO Mooca explica que os alimentos possuem em sua composição alguns nutrientes – vitaminas, minerais, água, carboidrato, proteína e gordura – em proporções diferentes. Por isso, além da apresentação dos ingredientes, o rótulo também deve informar os dados nutricionais do alimento para orientar o consumidor sobre a quantidade de nutrientes e calorias contidas em cada porção do produto. “É definida como ‘porção’ a quantidade média do alimento usualmente consumida por pessoas sadias cada vez que é ingerido”, explica. As informações devem vir descritas em uma tabela ou em forma linear, com valores diários de referência baseados numa dieta de 2.000 calorias.

“Quando uma pessoa come um pão de forma, a informação nutricional do produto se baseia em uma porção de 50g e há uma variação da quantia de fatias que correspondem a 50g, de acordo com o peso e tamanho da fatia. Portanto, é comum encontrar informações sobre 1 e ½ fatia, ou 2 fatias ou 1 fatia, depende do pão. Portanto, se ingerirmos um alimento e a porção informada for de 200 calorias, já teremos ingerido 10% da nossa necessidade de energia diária, referente à dieta de 2.000 calorias ”, explica Maura Corá.

Além da quantidade de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras presentes na informação nutricional são itens obrigatórios no rótulo outros componentes como:

Gordura trans

As gorduras têm papel importante na vida do ser humano, pois são nutrientes que fornecem energia para o organismo nos momentos de jejum, além de compor a membrana das células e auxiliar na produção de alguns hormônios e enzimas do corpo, entre outras atribuições.

Mas em excesso e na forma de gordura trans, mais conhecida como gordura hidrogenada, resultado da transformação do óleo vegetal em gordura sólida, pode ser prejudicial à saúde. “A gordura trans está muito presente em alimentos industrializados e, em excesso, favorece o aumento de inflamação na parede das artérias, de doença cardiovascular, da obesidade, do colesterol, diabetes, artrite, câncer, entre outras”, alerta Maura Corá.

Sódio

Mineral importante no metabolismo orgânico, que tem como principal função regular a quantidade de líquido extracelular, bem como o volume de plasma sanguíneo. Também auxilia na condução de impulsos nervosos e no controle da contração muscular. O grande problema, segundo a nutricionista, é ingerir excesso de sódio, principal componente do sal de cozinha (40% da sua composição) e muito utilizado pela indústria na fabricação de vários alimentos e em concentrações excessivamente elevadas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a recomendação é de 5g de sal/dia, que equivale a 2.000 mg de sódio. Alguns dos alimentos mais ricos em sódio são amaciantes de carne, caldo de carne, de galinha e de legumes, salame, salsicha, peito de peru, presunto, mortadela, alguns enlatados, salgadinhos de pacote, shoyu e macarrão instantâneo.

“A ausência do sódio pode levar ao cansaço e a fraqueza muscular, mas o excesso pode contribuir com a hipertensão e doença cardiovascular. E a população está consumindo muito sódio. Duas fatias de peito de peru (40 g) ou presunto (40 g), por exemplo, já têm muito mais sódio do que é recomendado em 100 g de alimento”, adverte a nutricionista do Cecco.

Fibra

A fibra alimentar é a parte não digerível do alimento e importante para o bom funcionamento do intestino e também deve constar no rótulo dos alimentos. Presente principalmente em alimentos de origem vegetal, as fibras podem ser solúveis, que reduzem colesterol e glicemia, e insolúveis, que favorecem a manutenção da flora intestinal saudável. “As fibras ainda contribuem com a absorção de determinados nutrientes, além de garantir sensação de saciedade. A recomendação para uma pessoa é de consumir de 20g a 25g de fibra por dia”, orienta Maura.

Diet X Light

Os produtos diet são alimentos e bebidas com fins dietéticos específicos, com total restrição de um determinado componente como, por exemplo, o açúcar para os diabéticos. “Mas dependendo da finalidade desse ou daquele produto é possível restringir outro componente. Se pensarmos em um produto dietético focado no colesterol, reduzimos item gordura, se pensarmos na hipertensão, então seria o sódio. Então depende da finalidade daquele produto dietético; qual população estamos pensando em beneficiar”, explica Maura.

Já em relação aos produtos light, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) define como alimentos mais leves, mas não necessariamente isentos. “Os alimentos light são produtos modificados, que devem ter redução de pelo menos 25% de qualquer um dos seus componentes, seja açúcar, gordura, sódio, proteína, sem o compromisso de atender as necessidades dietéticas específicas. Por isso, é importante saber ler o rótulo, pois o produto pode não ter nada de açúcar e ser muito calórico, depende da finalidade do mesmo”, alerta a nutricionista, ao acrescentar que os rótulos devem informar a existência ou não de glúten, bem como se apresentam traços de outros componentes. “Atualmente, houve modificação das informações nas embalagens e a indústria tem prazo para adequá-las. Os rótulos devem informar também se existem alimentos ou traços de alimentos alergênicos como: trigo, castanha de caju, coco, ovo, derivados de soja, entre outros”, encerra.