Esclerose múltipla: conheça os tratamentos complementares disponíveis na rede pública da capital

Centros de referência e reabilitação integram a rede de amparo ao paciente; munícipes com sintomas devem procurar as Unidades Básicas de Saúde

A esclerose múltipla (EM) é uma doença do sistema imunológico, não infectocontagiosa, imunomediada e crônica que afeta a mielina (substância responsável pela proteção dos impulsos nervosos dos neurônios) afetando cérebro, cerebelo, tronco cerebral e medula espinhal. A desmielinização é um processo inflamatório que causa escleroses (cicatrizes), comprometendo a função de proteção do tecido e gerando incapacitações neurológicas gradativas.

No Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento para EM preconizado no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) é oferecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para atendimento inicial. Na sequência, os pacientes são encaminhados para um dos quatro centros de referência especializados em esclerose múltipla na capital: Hospital da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Hospital das Clínicas da FMUSP, Hospital São Paulo e Hospital Santa Marcelina.

Focado na reabilitação dos pacientes, o munícipio dispõe também dos 32 Centros Especializados em Reabilitação (CER), sendo que 30 deles contemplam a modalidade reabilitação física. A equipe de amparo é formada por neurologistas, fisiatras, ortopedistas, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais.

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Os medicamentos utilizados no tratamento agem para diminuir as inflamações e os surtos ao longo dos anos, combatendo o acúmulo de incapacidades físicas e cognitivas, proporcionando melhora na qualidade de vida do paciente. O tratamento medicamentoso é realizado com corticoide e o preventivo com imunomoduladores, imunossupressores e anticorpos monoclonais (dependendo do estágio da doença). Após prescrição médica, os medicamentos podem ser adquiridos por meio das farmácias de alto custo, administradas pelo Estado.

Esclerose Múltipla e a Covid-19
A Covid-19 tem gerado muitas dúvidas em relação à esclerose múltipla, pois até o momento há evidências limitadas sobre os impactos do coronavírus nas pessoas com EM.

Considerada uma comorbidade, devido às complicações geradas pela esclerose, como doenças pulmonares e cardíacas subjacentes, além de problemas de mobilidade, a orientação é seguir rigorosamente as diretrizes médicas para diminuir a exposição ao vírus. Medidas que devem ser seguidas também durante os surtos desmielinizantes ou tratamentos preventivos.

Medidas como higienizar as mãos com frequência com água e sabão ou álcool em gel 70%, evitar tocar olhos e boca, manter o distanciamento social, ficar em casa e fazer acompanhamento médico regular são essenciais para a prevenção do coronavírus.

Uma dúvida frequente que tem surgido é sobre a vacinação contra a Covid-19 em pacientes com esclerose múltipla. A IFMS (Federação Internacional de Esclerose Múltipla) recomenda a todos os pacientes que se vacinem contra a Covid-19 com a observação de que, até o presente momento nenhuma das vacinas disponíveis é de vírus vivo, e que os benefícios da vacinação superam em muito qualquer risco, apesar de haverem poucos dados clínicos disponíveis para essa população.

Saiba mais sobre a EM
A causa da esclerose múltipla ainda é desconhecida, embora existam estudos ligados a fatores genéticos associados ao estilo de vida e questões ambientais que podem contribuir para a sua manifestação.

Considerada uma doença rara, a esclerose múltipla é diagnosticada por meio de acompanhamento com neurologista e exames clínicos e laboratoriais. Os principais sintomas incluem fadiga intensa desproporcional a atividade realizada, alterações auditivas, na fala e deglutição, visão dupla ou embaçada em um dos olhos, sensação de formigamento, perda de equilíbrio, transtornos cognitivos como perda leve de memória, e comprometimento do desempenho sexual.

Os pacientes podem se recuperar clinicamente total ou parcialmente dos ataques individuais de desmielinização, causando o curso clássico da doença, ou seja, os surtos (períodos em que a enfermidade se manifesta intercalados com fases sem manifestação) e remissões.

Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) aproximadamente 35 mil brasileiros têm EM, em sua maioria mulheres, brancas, com idades entre 20 e 50 anos. Uma enfermidade sem cura, suscetível de prevenção e com tratamento que permite a melhora da qualidade de vida dos pacientes.